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Síndrome Metabólica

Esclareça suas dúvidas sobre este perigoso mal que a cada dia faz novas vítimas

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Você já deve ter ouvido falar sobre o termo Síndrome Metabólica, um dos grandes vilões da saúde nos países desenvolvidos e/ou em desenvolvimento, como o Brasil. Inicialmente chamada de “síndrome X” ou “síndrome de resistência à insulina” a Síndrome Metabólica (SM), como hoje é denominada, já vem sendo estudada há muitas décadas e foi apresentada à comunidade científica pelo pesquisador Gerald Reaven nos anos 80. Reaven observou que doenças como hipertensão, alterações na glicose e no colesterol, estavam, muitas vezes, associadas à obesidade e mais que isso, que tais condições estavam interligadas por um elo comum, chamado resistência insulínica.

Com o avanço das tecnologias e de descobertas de algumas facilidades dos tempos modernos para ganhar tempo e simplificar a vida, como as escadas rolantes, elevadores, máquinas de lavar roupas, controles remotos – associados a uma desequilibrada alimentação e a redução ou ausência de atividade física – fatores bem comuns da vida moderna, a comunidade médica passou a observar que esse mal está cada vez mais frequente em todo o mundo. Mas afinal, o que é a Síndrome Metabólica? Por que, atualmente, é tão estudada? Existe tratamento para ela? Encontre as respostas abaixo, na entrevista com o Dr. Paulo Afonso Nunes Nassif, cirurgião do aparelho digestório, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica.

O que é a Síndrome Metabólica?

Considerada como um dos males da vida moderna, a Síndrome Metabólica é um transtorno caracterizado pela presença da obesidade com a associação de três, ou mais, destas doenças: hipertensão arterial, diabetes, aumento de triglicérides e diminuição do HDL (bom colesterol).

Por que a Síndrome Metabólica é tão importante e por que, atualmente, se fala tanto nela?

Porque estudos constataram que há uma forte associação da síndrome com complicações cardiovasculares e, ainda, segundo a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, a Síndrome Metabólica está relacionada a uma mortalidade entre duas a três vezes maior que na população normal. Apesar de no Brasil não haver ainda pesquisas que determinem qual a porcentagem da população é portadora da SM, há evidências clínicas que, assim como em outros países em que já há confirmações científicas, uma grande parte dos adultos brasileiros já são portadores da síndrome.

O que causa a Síndrome Metabólica?

As causas do desenvolvimento dessa síndrome são complexas e não estão completamente esclarecidas, pois há diversos fatores que devem ser levados em consideração. Mas o que já é possível afirmar é que há uma forte relação com a dieta desequilibrada, associada a um estilo de vida sedentário. Além disso, geralmente a SM segue um padrão familiar. É mais comum em negros, indígenas e orientais. Quanto mais velha a pessoa, também maior é a sua chance de desenvolvimento.

Como ela ocorre?

A síndrome se desenvolve da seguinte forma: a gordura que se acumula no abdome produz substâncias que dificultam a ação da insulina (hormônio produzido pelo pâncreas que controla a taxa de açúcar no sangue). Isso favorece o aumento de peso, o desenvolvimento do diabetes tipo 2 e da hipertensão arterial, a diminuição da quantidade de HDL e a elevação dos triglicérides. Como resultado, tem-se o aumento do risco das doenças cardiovasculares, que podem ser fatais.

Quais os sintomas da SM?

A SM é o que chamamos de doença silenciosa, porque, geralmente, seus componentes são inimigos ocultos que não provocam sintomas. Isso, infelizmente, pode dificultar o diagnóstico, uma vez que por não sentir nada o paciente pode não procurar orientação médica.

Então, como a SM é diagnosticada?

Vários critérios foram criados para fazer o diagnóstico. Todavia, segundo os adotados no Brasil, a Síndrome Metabólica ocorre quando estão presentes três dos cinco critérios abaixo:

  • Obesidade central – circunferência da cintura superior a 88 cm na mulher e 102 cm no homem;
  • Hipertensão arterial;
  • Glicemia alterada ou diagnóstico de Diabetes;
  • Triglicerídeos elevados;
  • Nível Alto de colesterol (LDL).

 

Há tratamento para a SM?

Sim, há tratamento. O principal e mais eficaz está na mudança dos hábitos de vida, com uma alimentação mais saudável, prática de exercício físico regular e, sobre tudo, com a perda de peso. Como os componentes da SM encontram-se interligados, a melhoria de um dos aspectos da Síndrome Metabólica pode levar a uma melhoria global de todo o quadro clínico.

Qual é a relação entre a SM e a obesidade?

A primeira indicação da síndrome é a obesidade, principalmente, a abdominal. Pesquisas alertam que na prática, quanto mais peso, menos saúde, justamente pela incidência maior desses fatores, que associados, caracterizam a SM e que geralmente são controladas com a perda de peso.

Há como tratar simultaneamente a obesidade e a SM?

Bom, como vimos, o principal tratamento para a SM é a perda de peso. Porém nos casos de pessoas que precisam perder uma grande quantidade de peso, a taxa de recidiva e o “efeito sanfona” são muito constantes, e poucos pacientes conseguem perder o peso necessário ou mesmo manter essa perda para ficarem realmente livres da obesidade e, por conseguinte, da SM. Por isso, a cirurgia bariátrica tem se mostrado eficaz em promover uma perda significativa e sustentada de peso nesses pacientes, o que resulta, na maioria das vezes, no controle da síndrome metabólica e das comorbidades (doenças associadas à obesidade que dificultam e/ou encurtam a vida do obeso).

Qual especialista devo consultar para tratar a SM?

Como a síndrome envolve uma série de complicações à saúde, o ideal é procurar ajuda médica, não apenas de um especialista, mas de uma equipe multiprofissional que possa orientá-lo de maneira geral. Com o tratamento sendo realizado em equipe, cada profissional será responsável por uma parte do tratamento, dentro da área que é especializado. Essa interdisciplinaridade demonstra, principalmente, que há cada vez mais uma preocupação com a saúde geral dos pacientes.

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