Avanços da Medicina

Os males do sono tem solução

A polissonografia é o exame mais completo para diagnosticar os distúrbios do sono

Bruxismo, sonambulismo, insônia, síndrome das pernas inquietas, ronco e apneia do sono são detectados por um exame completo, conhecido como polissonografia. Nele, a pessoa é examinada durante uma noite de sono, na qual sensores monitoram a atividade neurológica, cardíaca e respiratória enquanto o paciente dorme. Também é avaliada a movimentação noturna, a incidência de roncos e as paradas respiratórias, incluindo o tempo de duração das apneias.

“O exame funciona como um scanner, o paciente é monitorado por câmeras e um técnico acompanha todos os seus sinais vitais. O laudo médico é elaborado com base em seus resultados, com gráficos que aferem a qualidade do sono em todas as suas fases. Através desse laudo, os médicos identificam os distúrbios existentes e já podem traçar um plano de tratamento”, relata a médica neurofisiologista Dra. Olga Judith Hernandes Fustes, especialista em Medicina do Sono pela Sociedade Brasileira do Sono.

O distúrbio que mais prevalece nos exames é o ronco com a apneia obstrutiva do sono, ela se caracteriza por paradas respiratórias, por mais de 10 segundos, que bloqueiam o fluxo de oxigênio e causam microdespertamentos, prejudicando o ciclo do sono e a restauração do organismo. “Essas paradas podem ser leves, de 6-15 por hora de sono; moderadas de 16-30 e as severas, maiores que 30”, explica Dra. Olga. Isso compromete o restabelecimento da saúde, aumenta o cansaço, a sonolência diurna, prejudica a mente e leva o organismo a desenvolver cardiopatias, problemas respiratórios, endócrinos e vasculares. “Além da queda da imunidade, da falta de disposição e de problemas de memória, prejudicar o ciclo do sono gera distúrbios emocionais e sociais, crises de mau humor, irritabilidade, baixa libido e dificuldades nos relacionamentos. Lembrando, que muitas vezes, o cônjuge também sofre os efeitos do ronco, pois o volume pode chegar até 35 decibéis”, revela Dra. Olga, que há 20 anos atua exclusivamente na área.

Apneia severa

Luci Aparecida Seixas, 52 anos, realizou a polissonografia e foi detectada apneia obstrutiva severa, com mais de 30 paradas respiratórias por hora. Ela conta que o ronco sempre foi uma coisa normal na família, mas Luci vinha se sentindo cada vez mais cansada. “Acordávamos sempre por volta das 3 da manhã para ir ao Seasa, pois temos um comércio de fruta, e achava que o cansaço era por conta desse ritmo, todas as manhãs”, revela Luci, que atuou por 20 anos. A comerciante disse que sempre praticava atividade física, repousava à tarde, mas que a falta de energia e o desânimo continuavam. “Me sentia mal, com muita sonolência e ficava extremamente irritada. Passei a acordar muitas vezes à noite para me acomodar, nunca quis depender de remédio algum para dormir e, como vi que só piorava, decidi buscar ajuda”, conta Luci.

A recomendação para Luci, devido à apneia ser severa, foi o uso do aparelho CPAP. “Fiz teste no consultório, um sem e outro com o aparelho, fez muita diferença. Adquiri um na mesma hora”, relata Luci. Dra. Olga declara ainda, que existem pacientes que apresentam mais de 300 despertamentos em uma única noite de sono.

O CPAP é um aparelho portátil usado para insuflar o ar nos pulmões através de uma máscara nasal ou oronasal, que é acoplada a um silencioso minicompressor. Ele envia a pressão adequada para manter abertas as vias aéreas do paciente durante o sono, favorecendo a respiração. Dessa forma, ele não ronca e nem apresenta apneias. É indicado para casos mais severos. Outro aparelho semelhante é o BiPAP, ele tem a pressão para a inspiração e outra para expiração, sua indicação é conforme a necessidade e adaptação do paciente.

“Hoje eu tenho vida nova, assim como minha disposição voltou.”

Luci se adaptou rapidamente e isso fez toda a diferença. “Hoje eu tenho vida nova, assim como minha disposição voltou. Na academia isso se refletiu, chego a fazer mais de uma aula na mesma noite. Mais do que tratar, é preciso mudar alguns hábitos, emagreci um pouco e melhorei minha rotina, tanto durante o dia quanto na hora de dormir. Com isso resgatei até meu bom humor!”, celebra a comerciante, que propaga a importância de se ter uma noite bem-dormida.

Prepara-se para dormir bem

Para Dra. Olga, o fundamental é ter um sono reparador, entre seis e oito horas por noite. “A fase do sono REM é a mais importante, mas todas as fases anteriores conduzem a ela. É no sono REM, em que relaxamos os músculos, sonhamos, reabastecemos nossas energias, produzimos nossas defesas e regulamos as atividades do organismo pela liberação de hormônios”, explica a especialista em Neurofisiologia clínica. “A maioria das pessoas não dá a devida importância à qualidade do sono, pois só quando as consequências dos distúrbios são relevantes elas descobrem que algo está errado. Algumas mudanças precisam ser implantadas para se combater os distúrbios. Então, preparar o ambiente para dormir: limpo, escuro, sem ruídos e confortável; evitar o consumo de álcool; jantar moderadamente; ter horário para dormir e despertar; e não levar os problemas para a cama são alguns dos hábitos que fazem parte de uma boa higiene do sono”, explica Dra. Olga. “Os exercícios físicos regulares são essenciais, pois, além de colaborar para todo o sistema circulatório, ele também estimula a liberação de hormônios e fortalece a musculatura, tão essencial para a ativação do metabolismo.

São diversos os tratamentos

Todos os distúrbios do sono têm solução, ou melhora significativa; e os tratamentos vão desde os cuidados com a higiene do sono, uso de medicamentos, cirurgias no nariz ou garganta, o uso da placa intraoral, CPAP, BiPAP e até exercícios de fortalecimento com a fonoaudiologia. Mas são as mudanças de hábitos e a conscientização pela qualidade e melhora do sono que devem permanecer para que a eficiência do tratamento perpetue. Então, ao primeiro sinal de distúrbios procure por ajuda, sua saúde merece!

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