Querido diário
Nesta matéria você vai acompanhar todos os momentos vividos e registrados em um diário pela farmacêutica Taiana Lissa Garraza, de 31 anos, após fazer cirurgia plástica
O início
Tudo começou com um desejo de aumentar o tamanho dos meus seios quando ainda era adolescente. A vontade foi crescendo comigo, mas não era nada que chegasse a tirar o meu sono. Nunca fui escrava dos padrões de beleza, apenas adepta ao corpo saudável e mente sã. Talvez por isso tenha demorado tanto. Apenas quando minha filha completou 9 anos o desejo ressurgiu com força total. Sempre achei um “luxo” cirurgia plástica, silicone e procedimentos estéticos. Ao mesmo tempo em que desejava, criticava. Lá se foi mais um período até que meu pai faleceu. Enquanto ajudava a minha mãe no inventário veio o clique de que a vida passa: opa, então vou cuidar de mim.
Empatia imediata
Vizinhas minhas colocaram próteses mamárias e tiveram excelentes resultados. Inspirei-me em algumas para escolher meu cirurgião. A empatia com o médico, a confiança e a segurança que o profissional me passou foram fatores essenciais para eu dizer sim. Na consulta, não conversamos só de seios. Reclamei da flacidez na barriga que apareceu depois da gravidez e de mais algumas coisas. Sincero, o médico disse que apenas com uma abdominoplastia o resultado iria aparecer. Pensei muito a respeito, pois também faria uma lipoaspiração na região lombar para tirar a gordura localizada. Três coisas de uma só vez? Ainda bem que estava tranquila e decidida. Saí da conversa com a cirurgia marcada para dias depois. Só contei para minha mãe, filha e namorado. Não queria ninguém mais me recriminando ou com pensamentos negativos.
[Palavra do Especialista] O cirurgião plástico Dr. Paulo Bettes afirma que confiança e informação antes de fazer uma cirurgia são importantíssimos para a segurança e a saúde da paciente. “Tem que haver sintonia e cumplicidade entre os dois para diminuir qualquer frustração com o resultado. A pessoa deve ser orientada, inclusive psicologicamente, para buscar com tranquilidade o seu objetivo de estar bem com o espelho. Cabe ao cirurgião e sua equipe fazerem isso”, ressalta o especialista em cirurgias plásticas.
A pergunta mais importante durante a consulta
A grande dúvida era saber quais são a medida e o tipo de prótese mais adequada para mim. Não queria algo exagerado e sim discreto, com um formato delicado. O cirurgião me explicou que existem vários tamanhos de próteses de silicone, que variam de 150 a 800 ml, em vários formatos, entre eles redondo, perfil baixo, alto ou superalto, oval, cônica e anatômica ou em gota, além de vários envoltórios: liso, texturizado ou com poliuretano. Ufa! Anotei tudo. No meu caso o recomendado foi 500 ml, formato texturizado, perfil superalto, redondo. No começo achei que era muito, mas o médico falou que este era o tamanho ideal para dar proporcionalidade ao resto do corpo. Ok, prótese escolhida, mas uma dúvida ainda existia: como funcionava a abdominoplastia?
[Palavra do Especialista] Dr. Paulo Bettes explica que a abdominoplastia é uma intervenção que tem como objetivos o restabelecimento do contorno e da harmonia corporal e a correção funcional de anormalidades da parede abdominal. “Na abdominoplastia se corrige o excesso de tecido (pele e/ou gordura) que se acumula principalmente abaixo do umbigo, e se reposiciona os músculos retos abdominais quando estiverem afastados. Não é uma cirurgia para emagrecer e sim para o remodelamento do abdome”, informa o cirurgião.
Momentos antes da cirurgia
Tive pouco tempo para fazer todos os exames pré-operatórios, ler as recomendações médicas e assinar o termo de responsabilidade. Voltei na clínica um dia antes da cirurgia para fazer as marcações e pegar as receitas das medicações. Estava um pouco ansiosa, inclusive alguns dias antes tive sintomas de gripe só por causa disso. Por recomendação médica, preciso estar com boa saúde na hora da cirurgia. Ainda bem que melhorei logo.
[Palavra do Especialista] Outras recomendações importantes, segundo o Dr. Paulo Bettes, são: evitar bebidas alcoólicas, medicamentos para emagrecer e diuréticos com sete dias de antecedência. “O cigarro deve ser cortado 15 dias antes e 15 dias após a cirurgia”, recomenda.
Chega o tão esperado dia
Finalmente o dia 13 de dezembro de 2011 chegou. Estava muito tranquila para ir ao hospital. Fui sozinha, na cara e na coragem, não queria tumultuar a vida da minha mãe e nem do meu namorado. Não tive nenhum medo de fazer os três procedimentos de uma vez só. Seios, abdominoplastia e lipo na região lombar. Tudo durou cinco horas. Quando fui para o quarto recebi a visita da minha mãe, filha e namorado. Já estava bem, sem dor, apenas sentia um frio intenso, falta de sensibilidade nas pernas, uma leve queimação no abdome, pressão nas mamas e incômodo nas costas. Não estava confortável, o que é natural, afinal temos que ficar muito tempo numa posição que não é agradável, com a perna levantada. Mas isso é um cuidado que a equipe médica tem para não dar nenhum problema, como trombose. O médico me deu uma atenção muito especial e isso me deixou confiante e ainda mais admirada pelo trabalho dele.
E como é a recuperação?
Nada como estar em casa. Estava me sentindo bem, sem dores. Tomei banho no mesmo dia para manter limpo o local dos pontos. Não queria correr nenhum risco de infecção. Minha recuperação foi rápida, não tomei remédio pra dor e também não fiquei deitada o tempo todo. Fazia as coisas, mas com certa limitação. Usei a cinta pós-cirúrgica para diminuir a retenção de líquido. No terceiro dia fui à clínica para fazer a drenagem linfática. Será que dói? É extremamente importante fazer todo esse processo para diminuir também os riscos de formar cicatrizes endurecidas, as chamadas fibroses, nos locais onde foi feito a lipoaspiração. Quanto aos incômodos deste período, o maior foi com o dreno. Pisei nele muitas vezes. O uso da cinta com um calor tão grande também não é nada agradável e tirar toda a ‘armadura’ na hora de tomar banho é uma sessão. Alguns dias depois minha irmã veio aqui em casa e nem reparou que eu tinha feito cirurgia. Pode? Bem, estou tendo o apoio incondicional da minha mãe, filha e namorado e isso me motiva muito. Minha filha me ajuda nos curativos e todos ficam atentos pra ver se eu não extrapolo. Uma das coisas que me preocupou foi a cicatriz, mas dois meses depois tinha só um risquinho embaixo dos seios e ela diminui cada vez mais com o passar dos dias. Já a da abdominoplastia é um pouco maior, parece de uma cesárea, mas também já está com um aspecto ótimo e bem menor. Daqui a pouco, vou novamente para a minha drenagem. É um alívio.
[Palavra do Especialista] As fisioterapeutas Flavia Thomaz e Kharina Miró explicam que o corpo deve receber massagens antes e logo após a cirurgia. “A drenagem linfática elimina as toxinas, melhora a circulação e o inchaço. O corpo responde e se recupera mais rápido com as massagens manuais e também é possível aliar outras técnicas que auxiliam na ansiedade, a desinchar o corpo e a colaborar para uma recuperação mais acelerada”, dizem.
Adaptando-se às novas curvas
Estou feliz. Ainda me adaptando aos novos padrões de seios. Às vezes olho pra eles e acho que estão grandes. Na verdade estão ótimos. Minha adaptação se molda diariamente no pós-cirúrgico. Tenho que me esforçar, pois não há desejo que se realize sem determinação. Aconselho a quem for se submeter a qualquer procedimento cirúrgico que conheça muito bem o seu organismo e tente se adaptar para ter uma excelente recuperação. Meu namorado só viu o resultado depois que completei uma semana de cirurgia. Ele aprovou! Ficou tão empolgado e feliz com o que viu que me contagiou. Disse que os seios ficaram lindos e a barriga “retinha”, tudo perfeito. Bem, agora vou me vestir para dar uma voltinha. O mais bacana é ver a diferença de colocar uma roupa. Os vestidos ficam com um caimento perfeito, não preciso mais me preocupar com um sutiã que dê volume e que combine com a cor da blusa e os biquínis ficam incríveis.
Valeu o sacrifício. Hoje, 23 de março, completam 100 dias após a cirurgia. Vou comemorar!
