Medicina

Novas lentes de contato são opção para quem tem Ceratocone

Inovadora tecnologia em lentes gás-permeáveis, tratadas por plasma, permite que portadores de algumas doenças corneanas, como o ceratocone, fiquem livres de desconforto e até do transplante de córnea

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Pessoas que sofrem com problemas na córnea, como ceratocone, degeneração marginal pelúcida, distorções pós-transplante, pós-trauma ou pós-cirurgia refrativa, e que apresentam intolerância às lentes de contato rígidas, contam agora com um recurso que está evitando desconfortos e até o transplante de córnea. Trata-se de uma nova lente de contato escleral gás-permeável, com design exclusivo e tratamento de superfície por plasma, fabricada com materiais que permitem altíssima oxigenação à córnea. Esta lente, diferente das demais lentes rígidas, é adaptada sobre a esclera (parte branca do olho) e não entra em contato direto com a córnea. Isto proporciona excelente acuidade visual e conforto, mesmo com o uso prolongado das lentes.

Uma recente pesquisa americana revelou que mais de 90% dos usuários deste tipo de lente se mostraram extremamente satisfeitos com esta solução para seu problema visual. Até então, os pacientes com deformidades na córnea que não obtinham sucesso com as lentes rígidas ficavam sem opção e acabavam sendo encaminhados para a cirurgia. “Agora, com essas novas lentes, esses pacientes têm suas possibilidades de tratamento ampliadas”, afirma a oftalmologista Dra. Fernanda Piccoli Schmitt, do Hospital Barigui de Oftalmologia, que possui certificação específica para adaptar estas lentes aos pacientes brasileiros. Em Curitiba, o Hospital Barigui é um dos pioneiros nesta adaptação.

Portadora de ceratocone desde os 18 anos de idade, a professora Viviane Ribeiro R. Santos, hoje com 35 anos, talvez tivesse evitado um transplante de córnea no olho direito se tivesse sido diagnosticada corretamente aos primeiros sinais da doença. Durante pelo menos três anos, ela trocou seguidamente o grau de miopia dos óculos, sem, no entanto, ter o diagnóstico de ceratocone.

“Sou de Mafra, em Santa Catarina, e quando procurei uma segunda opinião, mais especializada, em Curitiba, já estava com o ceratocone avançado. Só consegui uma córnea anos depois, em São Paulo, e fiz o transplante no olho direito. Felizmente, já não vou precisar operar o esquerdo, porque uso a nova lente escleral que, além de extremamente confortável, melhorou 100% minha visão”, comemora.

Como são as novas lentes

O tratamento de superfície por plasma consiste em submeter a lente de contato a um processo de alta tecnologia, criando uma superfície semelhante à de uma lente hidrofílica (gelatinosa), livre de imperfeições e resistente ao depósito de proteínas, o que a mantém incrivelmente limpa.

“Por serem bastante semelhantes às lentes rígidas, elas conseguem minimizar as distorções cornenanas proporcionando excelente visão e, como se apoiam na esclera, a parte branca do olho, não tocam a córnea. Por isso, são extremamente confortáveis”, acentua Dra. Fernanda.

Essas lentes têm diâmetro maior do que as lentes rígidas convencionais e dificilmente caem dos olhos, o que aumenta a qualidade de vida dos seus usuários, que, com isso, podem ter mais liberdade no seu dia a dia, inclusive para praticar esportes.  “As lentes tornaram-se um novo padrão na melhora da visão em pessoas com ceratocone e outras deformidades da córnea”, esclarece a oftalmologista.

 

Entendendo o ceratocone

O ceratocone é caracterizado por um afinamento e encurvamento progressivo da córnea central ou inferior, cuja alteração provoca deformação das imagens, com aumento da miopia e astigmatismo. Nos casos mais avançados, o ápice desta área abaulada adquire o formato aproximado de um cone, o que explica a origem do nome. O indivíduo com ceratocone apresenta sintomas como visão dupla, distorcida ou embaçada, mudança frequente do grau dos óculos e aversão à luz, podendo ocorrer também dores de cabeça.

A falta de informação, o diagnóstico tardio e os tratamentos inadequados podem ser os principais vilões do ceratocone, sendo responsáveis pelo aumento significativo do número de casos crônicos no Brasil. Por isso, consulte regularmente seu oftalmologista, afastando o maior temor entre seus portadores: a perda da visão.

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