Ginecologia e Obstetrícia

Mulheres: fiquem atentas ao câncer de ovário

Embora este câncer seja o de maior letalidade entre as mulheres, as chances de cura são grandes quando diagnosticado precocemente

mulheres-fiquem-atentas-ao-cancer-de-ovario+ihoc

Ficar atenta aos sinais emitidos pelo corpo pode fazer toda a diferença quando se fala em câncer de ovário. É que essa doença geralmente evolui discretamente e os sintomas são, muitas vezes, confundidos com simples dores abdominais, inchaço, constipação (prisão de ventre), diarreia, náuseas, diurese frequente (aumento da urina), hemorragia vaginal anormal e ganho ou perda de peso súbito. Na maioria dos casos, estes sintomas fazem com que o diagnóstico seja realizado em um estágio muito avançado, dificultando o tratamento e diminuindo as chances de cura. Por essa razão, é considerado o câncer ginecológico mais difícil de ser descoberto e o de maior letalidade, embora seja menos frequente que o câncer de colo do útero. A boa notícia é que se o câncer de ovário for identificado no estágio inicial, a taxa de sobrevivência é de 95%.

A doença pode pegar de surpresa até mesmo mulheres muito saudáveis, que cuidam da saúde e têm bons hábitos de vida. Foi o caso da funcionária pública aposentada Josana Arco Verde Bacelar, hoje com 52 anos. Há oito anos ela estava passeando numa praia quando percebeu a necessidade constante de urinar. Ao chegar em casa, notou o abdome inchado e sentiu uma dor que parecia cólica menstrual. “A partir daí eu não tinha mais posição sem sentir dor, a não ser ficando em pé”, revela. No primeiro exame já foi constatada a gravidade da doença e, depois de consultar diversos especialistas, a paciente precisou se submeter a uma cirurgia de urgência e tratamento com quimioterapia. “Meu caso foi grave, fiz oito sessões de quimioterapia, perdi cabelo, mas a confiança no meu médico, a fé em Deus e o apoio da minha família foram cruciais para que eu recebesse alta há três anos”, comemora Josana.

As mulheres que nunca engravidaram têm mais chances de apresentar este tipo de câncer, e quanto mais vezes uma mulher engravida, menor é o risco de desenvolver a doença. Conforme a literatura médica, no passado a mulher menstruava apenas 50 vezes na vida, porque casava e engravidava ced, tinha muitos filhos e passava longos períodos amamentando. Atualmente, ela menstrua mais de 350 vezes, porque retarda a gravidez, tem menos filhos e amamenta por tempo reduzido. A explicação dos médicos é que o câncer de ovário está relacionado ao número excessivo de ovulações.

Por isso, os anticoncepcionais têm efeito protetor, pois suprimem a ovulação. Estudos demonstram que o emprego de anticoncepcionais por mais de cinco anos faz a incidência de câncer de ovário cair 60%. Entretanto, no caso da terapia de reposição hormonal não existe o mesmo efeito protetor, porque nessa fase da vida os ovários já encerraram sua atividade. “É fundamental que as mulheres fiquem atentas aos fatores de risco e consultem regularmente seu ginecologista, principalmente as que estão acima de 50 anos”, alerta o oncologista Dr. Valdir de Paula Furtado, do Instituto de Hematologia e Oncologia de Curitiba (IHOC).

 

” É natural que as mulheres
fiquem atentas aos fatores de risco
e consultem seu ginecologista ”

 

Outros fatores de risco

Os fatores ambientais e genéticos também podem estar relacionados com o aparecimento do câncer de ovário. O fumo, o consumo de bebida alcoólica, a dieta rica em gorduras e a utilização de medicações para a infertilidade contribuem para o aparecimento da doença, embora a hereditariedade ainda seja o fator de risco mais importante. Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), cerca de 90% dos cânceres de ovário são esporádicos, ou seja, não apresentam fator de risco reconhecido. Em contrapartida, aproximadamente 10% dos casos apresentam um componente genético ou familiar. Além disso, mulheres que já desenvolveram câncer de mama ou de intestino também têm mais chance de desenvolver o de ovário.

Vale lembrar que, ao contrário do que as mulheres pensam, a presença de cistos no ovário, muito comum entre a população feminina, não deve ser motivo de pânico. De acordo com Dr. Valdir Furtado, o perigo só existe quando eles são maiores que 10 cm e possuem áreas sólidas e líquidas. “Nesse caso, quando o cisto é detectado, a cirurgia é o tratamento mais indicado”, adverte o médico.

 

Diagnóstico e tratamento

É fundamental que a mulher visite o ginecologista regularmente, faça o exame dos ovários através da palpação pélvica (do colo uterino, do útero, das trompas e dos ovários), e o exame de Papanicolau, que coleta algumas células do colo uterino e da vagina para exame em laboratório. Caso haja suspeita, o diagnóstico do câncer de ovário é feito através da ultrassonografia, chamada de ecografia pélvica transabdominal e transvaginal, no qual o aparelho gera imagens que identificam alterações no útero, trompas e ovários. Entretanto, a opção mais segura para o diagnóstico do câncer de ovário é a tomografia computadorizada, que determina uma avaliação mais detalhada do tumor e se há ou não o comprometimento de outros órgãos. Pacientes com suspeita da doença podem realizar também o exame de marcadores tumorais dosados através do sangue (CA 125).

De um modo geral, o tratamento mais eficaz para o câncer de ovário é a cirurgia citorredutora, em que o tumor é retirado e é feita uma limpeza na cavidade abdominal para a remoção de possíveis gânglios cancerígenos. “Este procedimento melhora muito o prognóstico do paciente que, na maioria das vezes, é também submetido à quimioterapia para matar as células restantes”, explica o especialista do IHOC. Dependendo do estágio da doença, pode ser associado à quimioterapia um medicamento monoclonal (que trata isoladamente o tumor), na tentativa de evitar a cirurgia. Em casos mais graves, a histerectomia (retirada do útero) é o procedimento mais indicado.

 

Como prevenir o câncer de ovário

Embora não haja um modo de prevenção 100% eficaz para o câncer de ovário, algumas precauções podem ajudar. Veja como:

  • Optar pela amamentação;
  • Realizar ligadura de trompas ou histerectomia (retirada cirúrgica do útero) sem a retirada dos ovários;
  • Usar anticoncepcionais;
  • Reduzir a quantidade de gordura na dieta alimentar;
  • Não fumar ou abusar de bebidas alcoólicas;
  • Controlar com a utilização de medicações para a infertilidade.
+ Saiba mais

Artigos Relacionados