Medicina

Câncer colorretal tem cura

Com diagnóstico precoce, pacientes acometidos pelo câncer de cólon e reto podem voltar a ter uma vida normal

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Dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA) estimam que até o fim deste ano mais de 14 mil pessoas sejam afetadas pelo câncer colorretal no Brasil. Esse é o segundo tipo de câncer mais comum entre as mulheres, atrás apenas do câncer de mama, e o terceiro mais comum entre os homens. Em segundo lugar está o câncer de próstata e em primeiro o de pele não-melanoma.

Informações do INCA também dão conta de que há um risco estimado de 16 casos novos a cada 100 mil mulheres e de 15 a cada 100 mil homens. Apesar dos números serem alarmantes, é importante ressaltar que o câncer colorretal é tratável e na maioria dos casos curável, se for detectado precocemente, quando ainda não se espalhou para outros órgãos.

Este tipo de câncer abrange tumores que acometem um segmento do intestino grosso (o cólon) e o reto. Grande parte desses tumores se inicia a partir de pólipos, lesões benignas que podem crescer na parede interna do intestino grosso. Dessa forma, uma maneira de prevenir a doença seria a remoção dos pólipos antes de eles se tornarem malignos.

De acordo com o médico especialista em Hematologia e Cancerologia, Dr. Valdir de Paula Furtado, do Instituto de Hematologia e Oncologia de Curitiba (IHOC), é possível sim que uma pessoa acometida por um câncer colorretal volte a ter uma vida normal. “Algumas pessoas ficam totalmente curadas, e mesmo naqueles casos em que o paciente se obriga a usar uma bolsa externa (para coletar as fezes), permanentemente, é possível a adaptação”, diz ele.

O aparecimento da doença

Quando o primeiro sintoma do câncer apareceu na médica pediatra, Maria Elizabeth Pasternak Glitz (60), ela pensou que fosse uma espécie de vírus. “De repente eu tive diarréia e comecei a perder uma grande quantidade de sangue. Como trabalho com crianças, pensei que era rotavírus.”

Percebendo que o sangramento não parava, ela procurou um médico. Ao realizar os exames, entre eles, o de biopsia, recebeu o diagnóstico de que estava com câncer colorretal.

A médica, que fez o tratamento no IHOC é um exemplo bastante positivo de cura. Apesar de descobrir a doença, em 2004, já num estágio avançado, ela leva hoje uma vida normal.

 

A família e o pensamento positivo

Maria Elizabeth considera que o apoio familiar e o estado de espírito são muito importantes para o sucesso do tratamento e para a cura da doença. “Eu tive muito apoio da minha família”, diz ela, que é casada, mãe de dois filhos, e hoje pode curtir normalmente os dois netos.

“Você também tem que acreditar no médico, no tratamento que você está fazendo, confiar que vai ficar bem”. Ela lembra que no início a doença não estava respondendo ao tratamento, “mas, depois deu tudo certo”, diz aliviada. “É muito importante o teu estado de espírito. Você não pode se entregar. Hoje, eu to aqui, trabalhando, fazendo tudo normalmente.”

A pediatra ressalta que após o tratamento mudou bastante seus hábitos alimentares. Ela procura ter uma alimentação balanceada e evita a ingestão de alimentos muito gordurosos. “Até porque, você acaba ficando com uma sequela ou outra, a gente tem que se cuidar mais mesmo.”

 

Prevenção

Histórico familiar

As chances de contrair o câncer colorretal aumentam consideravelmente quando há outros casos da doença na família. Em situações como essa, exames de detecção (pesquisa de sangue oculto nas fezes e colonoscopia) devem ser realizados antes dos 50 anos. Mas, é imprescindível informar ao médico o histórico familiar, independentemente da idade;

Casos de outros tipos de câncer na família ou desenvolvido pelo paciente também devem ser informados ao médico, pois, eles aumentam o risco de desenvolvimento da doença;

Polipose

Pessoas que têm lesões benignas no intestino grosso possuem tendência maior a  desenvolver  o câncer colorretal;

Dieta alimentar

Uma dieta rica de vegetais e laticínios e pobre em gordura (principalmente a saturada), além de atividade física regular, previnem o câncer colorretal, segundo o INCA. Deve-se evitar o consumo exagerado de carne vermelha.

O baixo consumo de cálcio também predispõe ao câncer de colorretal.

 

Outros fatores de risco

  • Obesidade;
  • Sedentarismo;
  • Doenças inflamatórias do intestino.

Dr. Valdir Furtado lembra que alguns estudos relacionam a diminuição na incidência de câncer colorretal em pessoas que fazem uso da aspirina, embora não para essa finalidade, mas, para o tratamento de outras doenças, como as do coração, por exemplo.

 

Sintomas

Nem sempre a doença é sintomática logo no início. Todavia, é importante estar atento aos seguintes fatores:

  • Perda crônica de sangue;
  • Mudança no hábito intestinal (diarréia ou prisão de ventre);
  • Desconforto abdominal com gases ou cólicas, sangramento nas fezes, sangramento anal e sensação de que o intestino não se esvaziou após a evacuação;
  • Perda de peso sem razão aparente, cansaço, fezes pastosas de cor escura, náuseas, vômitos e sensação dolorida na região anal, com esforço ineficaz para evacuar.

 

Tratamento

Tanto no câncer de cólon quanto de reto é feita a cirurgia para retirada dos tumores.

Ocorre que no câncer de cólon, somente em casos muito específicos o paciente é submetido à radioterapia. Em geral, é feita somente a quimioterapia adjuvante. Um tratamento com medicações que combatem as células tumorais, e que pode ser feito antes e após a cirurgia.

No caso do câncer de reto, além da quimioterapia, é sempre utilizada a radioterapia. Um tratamento com grandes doses de raios de alta-energia ou partículas para destruir células cancerígenas em uma área específica. Busca erradicar todas as células tumorais, reduzir a possibilidade de volta do tumor ou que ele se espalhe.

O sucesso do tratamento depende principalmente do tamanho, localização e extensão do tumor. Quando a doença está espalhada, com metástases para o fígado, pulmão ou outros órgãos, as chances de cura ficam reduzidas.

Por isso fique atento e esteja em dia com seus check-ups.

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