Medicina

Linfoma: A cura ao alcance de todos

Diagnóstico precoce e tratamentos associados ampliam eficácia e reduzem efeitos colaterais no tratamento do linfoma

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O linfoma é o quinto tipo de câncer mais frequente no mundo e, recentemente, alarmou o Brasil, devido às notícias de que a ministra Dilma Rousseff e a autora de telenovelas Glória Perez sofriam da doença. Ambas foram diagnosticadas com linfoma não Hodgkin, cuja chance de cura chega a 95% quando diagnosticado precocemente. Apesar de ser um câncer agressivo, a cura é possível graças aos avanços da medicina, que proporciona tratamentos eficazes como a quimioterapia, radioterapia ou associação de ambos, contando, ainda, com a imunoterapia, em que uma droga inteligente age diretamente na célula tumoral. A boa notícia é que quando não proporciona a cura, o tratamento adequado permite que o paciente conviva com a doença, desde que a acompanhando com cuidado.

Segundo as estatísticas, o linfoma não Hodgkin afeta 1,5 milhão de pessoas em todo o mundo. No Brasil, apesar dos avanços terapêuticos, o grande desafio é o desconhecimento da população sobre o linfoma, dificultando a realização do diagnóstico precoce. Em 2008, uma pesquisa realizada pelo DataFolha apontou que mais da metade dos brasileiros (66%) nunca ouviu falar do linfoma. Além disso, dos 89% que mencionaram ter ouvido falar deste tipo de câncer, 34% desconhecem os sintomas da doença, fundamentais para a detecção precoce, que aumenta muito as chances de cura.

Levando em conta que as estimativas do INCA (Instituto Nacional do Câncer) para 2009 indicam aproximadamente 4.900 novos casos entre os homens e 4.200 em mulheres, todo cuidado é pouco. É fundamental fazer exames periodicamente, mesmo na ausência de sintomas, e estar atento aos primeiros sinais desta doença silenciosa, em que uma simples dor esporádica pode servir de alerta.

 

Principais sintomas

Para o economista Leon Diner Jakubowicz, 62 anos, o diagnóstico de linfoma não Hodgkin no estômago foi uma grande surpresa. “Sentia apenas o abdome um pouco inchado. Foi através de uma ressonância magnética que descobri a doença”, conta o economista, que foi diagnosticado em 2001 e há três anos está curado. O paciente foi submetido à quimioterapia associada à radioterapia e atribui o êxito de seu tratamento aos critérios adotados desde o início da doença, além do acompanhamento periódico que faz nos dias atuais. “Por recomendação do meu oncologista do Instituto de Hematologia e Oncologia Curitiba – IHOC, cheguei a fazer um Pete-Scan em São Paulo, para estadiamento da doença, pois na época ainda não era feito aqui. Hoje, já temos em Curitiba o melhor atendimento e os mesmos tratamentos dos melhores hospitais do Brasil”, acentua.

Os sintomas variam de acordo com o tipo de tumor. Os linfomas são divididos em duas grandes categorias: o linfoma Hodgkin (ou doença de Hodgkin), que responde por cerca de 10% do total de casos e atinge em sua maioria jovens e pessoas de meia-idade; e o linfoma não Hodgkin, que responde pelos 90% restantes. “Hoje, esta divisão perdeu um pouco o sentido, uma vez que existe uma grande variação de linfomas pertencentes ao mesmo grupo, apenas com diagnóstico mais específico para um e para outro, porém com tratamentos semelhantes”, explica o oncologista Valdir Furtado, do Instituto de Hematologia e Oncologia Curitiba (IHOC).

Geralmente mais agressivos, os linfomas não Hodgkin, que atingem principalmente pessoas acima de 60 anos, possuem mais de 20 variações. “O sintoma inicial mais comum do linfoma é um aumento indolor dos gânglios linfáticos no pescoço, axilas, abdome, virilha ou do mediastino (região entre o coração e os pulmões). Outros sintomas são febre, suor noturno, perda de peso e coceira”, adverte o médico.

 

Diagnóstico e tratamento

De acordo com Dr. Valdir Furtado, são necessários vários tipos de exames para o diagnóstico adequado: biópsia (exame por amostragem), exames de imagem (radiografia de tórax, tomografia computadorizada, ressonância nuclear magnética e cintilografia) e estudos celulares (imunohistoquímica, estudos de citogenética, citometria de fluxo e estudos de genética molecular). “Esses exames nos permitem determinar o tipo exato de linfoma e o estágio em que se encontra a doença, esclarecendo características que servirão para o correto diagnóstico e o tratamento mais eficaz a ser empregado”, complementa.

Logo após a gravidez, quando seu filho tinha oito meses de idade, a professora Carla*, de 31 anos, começou a sentir muita dor na virilha e coxa, achando que era reumatismo. Chegou a fazer um ano de fisioterapia e somente três meses depois, fazendo exames específicos, descobriu que tinha linfoma não Hodgkin. “Isso aconteceu em 2005. Fiz quimioterapia por seis meses e já estava preparada para fazer o autotransplante; porém, na última sessão do tratamento ficou constatado que estava curada”, conta a professora. Segundo ela, o difícil foi encarar a queda de cabelos, para a qual não estava preparada. “O importante é acreditar na cura, ter muita fé e contar com bons médicos e com a família, como eu contei”, completa.

 

Imunoterapia

A maioria dos linfomas é tratada com quimioterapia, radioterapia ou ambos. A quimioterapia consiste na combinação de duas ou mais drogas, sob várias formas de administração, de acordo com o tipo de linfoma. A radioterapia é geralmente usada para diminuir o tumor em locais específicos, para aliviar sintomas relacionados ao mesmo, ou também para consolidar o tratamento quimioterápico, diminuindo as chances de recaída.

O tratamento mais recente incorporado aos procedimentos convencionais é a imunoterapia, que consiste em anticorpos monoclonais atuando de forma isolada ou associados à quimioterapia. Trata-se de um tratamento inovador que atinge seletivamente as células linfomatosas e detém a multiplicação das células malignas.

Diferente da quimioterapia clássica, que mata não somente as células doentes, mas também as sadias, a imunoterapia age exclusivamente sobre as células doentes.

Em casos mais graves de linfoma, é indicado o transplante de medula óssea (auto-transplante ou de doador compatível), que atualmente apresenta resultados surpreendentes.

 

Entendendo o sistema linfático e a formação do linfoma

Nosso organismo se defende naturalmente das infecções através do sistema linfático, que é composto por inúmeros gânglios, conectados entre si pelos vasos (canais) linfáticos. Estes gânglios estão localizados no pescoço, axilas, virilha, tórax (mediastino) e abdome. Os vasos linfáticos transportam um líquido claro chamado linfa, que circula pelo corpo e contém células chamadas linfócitos, que combatem infecções. Por isso, quando uma pessoa percebe que está com gânglios aumentados em alguma região do corpo, significa que o organismo está se defendendo de uma infecção.

O linfoma nada mais é do que o resultado da formação desenfreada e desordenada dos linfócitos nos gânglios linfáticos, por razões ainda desconhecidas. Ou seja, é um tipo de câncer que se inicia a partir de linfócitos anormais, que podem se espalhar por meio do sistema linfático para muitas áreas do organismo e circular no sangue, comprometendo seriamente a saúde.

 

Linfoma não Hodgkin

É um tipo de câncer. O tumor ocorre no sistema linfático, que inclui uma rede de tubos estreitos que se ramificam, assim como os vasos sanguíneos, dentro dos tecidos de todo o organismo.

 

O câncer

No linfoma não Hodgkin, as células do sistema linfático se dividem e crescem sem ordem ou controle ou as mais velhas não morrem como normalmente deveria ocorrer.

O tumor pode começar em quase todos os lugares do corpo. Pode ocorrer em um único linfonodo, em um grupo de linfonodos ou em outro órgão e  pode se disseminar para quase todas as regiões do corpo, incluindo o fígado, a medula óssea e o baço.

O sistema linfático

Os vasos linfáticos conduzem a linfa, um líquido aquoso e incolor que contém as células que combatem as infecções e que são denominadas linfócitos.

Linfonodos

Agrupamentos de linfonodos são encontrados nas axilas, virilha, pescoço e abdome. Outras partes do sistema linfático estão localizadas no baço, amigdalas e medula óssea

 

Causas do câncer

  • Pessoas com o organismo debilitado, como portadores de HIV ou quem fez transplante.
  • Manuseio de produtos tóxicos, como pesticidas, solventes ou fertilizantes.
  • Idosos com mais de 60 anos.

 

SINTOMAS

  • Presença de edemas dolorosos no pescoço ou na axila
  • Febre sem causa
  • Suor noturno
  • Fadiga constante
  • Perda de peso inexplicada
  • Manchas avermelhadas na pele
  • Por Lúcia Costa
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