Medicina

Dias nublados? Jamais!

Realizada em poucos minutos, a nova cirurgia de catarata pode devolver a visão e o prazer de enxergar a vida sem óculos

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Com o passar do tempo, você percebe que as cores não são mais tão vibrantes, que os contornos estão menos definidos e as imagens, menos nítidas… É, tem alguma coisa errada com sua visão. E é preciso prestar atenção, pois essas sensações podem ser o sintoma inicial de uma doença chamada catarata. No início, a perda da qualidade visual é pequena; as cores parecem desbotadas e a visão noturna fica prejudicada. Com a progressão da catarata, nem mesmo com óculos você consegue enxergar como antes.

Todos nós poderemos ter catarata um dia, pois a doença está relacionada à idade e vai se desenvolvendo lentamente, sem causar dor. Nos estágios mais avançados, o paciente pode até apresentar cegueira total. Por isso, é fundamental consultar um médico oftalmologista periodicamente para que ele indique a tempo um tratamento eficaz para o problema – e aí, destaca-se a facoemulsificação com implante de lentes intraoculares.

Cerca de 20% das pessoas com 60 anos apresentam catarata, e esse índice aumenta até 75% na população com 75 anos. Muitas vezes, a catarata é diagnosticada em exames de rotina. Portanto, se você tem mais de 40 anos e já percebe alguma sensibilidade à claridade excessiva, visão dupla ou turva, dificuldade de distinguir formas e tons de cores, chegou a hora de consultar um especialista.

 

Resgatando os prazeres da vida

Para a empresária Cely Zonzini Tomihama, de 61 anos, a visão “nublada” chegou por volta dos 40 anos, sem que ela percebesse que podia ser catarata. “Como também era míope, achei que era apenas uma alteração de grau. Comecei a sentir dificuldade para dirigir, ler um livro ou ver um filme legendado. Foram muitas limitações até ter o diagnóstico”, conta. Cely sentia-se insegura nas suas atividades diárias por causa da visão embaçada. “Com o tempo, a catarata vai limitando a vida. Deixei de viajar por não estar enxergando bem, na hora de preparar uma refeição tinha medo de o alimento não estar com o aspecto que eu queria, tinha receio de ir ao supermercado por não enxergar direito os produtos, não enxergava mais a feição das pessoas… Enfim, parece que a gente para de viver”, lembra.

A paciente fez a cirurgia de catarata nos dois olhos com o Dr. Artur Schmitt, do Hospital Barigui de Oftalmologia, e recuperou o controle de sua vida. “A cirurgia e minha recuperação foram muito tranquilas. Não sabia que podia enxergar tanto e que seria tão simples! Aproveitei para corrigir também a miopia, ficando livre dos óculos e sinto como se tivesse nascido de novo”, comemora a empresária.

A mesma sensação teve a funcionária pública aposentada Ieda Maria Scandelari, de 67 anos, que há cerca de um ano vinha percebendo que sua visão não era mais a mesma. “Comecei a perceber a diminuição da visão usando o computador, quando lia um livro ou, na rua, vendo a sinalização. Usava óculos desde os 15 anos e, com as constantes alterações de grau, achei que não era nada além disso, mas num exame de rotina descobri que estava com catarata”, relata a aposentada. Há alguns meses, Ieda fez a cirurgia, também realizada pelo Dr. Artur Schmitt – primeiro em um olho, depois no outro, com uma semana de diferença. “Tudo correu maravilhosamente bem e eu fiquei com uma visão fantástica”, declara com satisfação.

 

Cirurgia rápida e sem dor

A técnica usada para curar Cely e Ieda foi a facoemulsificação, em que o cristalino opacificado é quebrado com ultrassom e aspirado, para a implantação de lentes intraoculares (LIOS). É uma das áreas da oftalmologia que mais evoluiu nos últimos anos. Hoje, em apenas 15 minutos de cirurgia, sem levar pontos e com anestesia somente por meio de colírios, o paciente pode sair do centro cirúrgico sem tampão, sem catarata e sem defeitos refrativos (miopia, astigmatismo, hipermetropia e presbiopia/vista cansada).

Com a cirurgia de catarata, na maioria das vezes o paciente pode se livrar dos óculos para o resto da vida. “O procedimento é simples e muito eficiente. Através de uma microincisão, menor do que 3 mm, é inserido um instrumento computadorizado que quebra o cristalino, por meio de ultrassom, em pequenos pedaços. Em seu lugar é implantada uma lente artificial (LIO), permitindo a adequada focalização das imagens e em muitos casos eliminando a necessidade de uso de óculos após a cirurgia”, explica o oftalmologista do Hospital Barigui de Oftalmologia Dr. Artur Schmitt, que buscou formação na técnica de facoemulsificação no Hospital Bascom Palmer Eye Institute da Universidade de Miami nos Estados Unidos, complementando sua formação com mestrado e doutorado (em curso) na área de cirurgia de catarata.

A lente intraocular, ou LIO, é uma lente artificial feita de plástico, silicone, ou acrílico que realiza a função da lente natural do olho (o cristalino). A maioria tem diâmetro inferior a 7 mm e é dobrável, por isso pode ser colocada no olho por meio de pequena incisão, sem a necessidade de pontos (sutura).

 

Vida normal

Para grande parte dos pacientes, a recuperação da visão após a cirurgia é imediata, sendo possível retornar às atividades profissionais já no dia seguinte à cirurgia. “O diagnóstico e o tratamento precoces da catarata são importantes para evitar problemas de visão permanentes, pois a catarata que chega a um estado avançado pode atingir outras estruturas do olho, causando uma forma dolorosa de glaucoma ou inflamações dentro do olho”, adverte o oftalmologista.

De acordo com o Dr. Schmitt, antigamente a cirurgia de catarata só era indicada quando a perda visual estava bem avançada. “Hoje, com as modernas e seguras técnicas cirúrgicas, o procedimento é indicado já nos estágios iniciais, quando a doença começa a afetar a qualidade de vida do paciente ou quando interfere em suas habilidades para realização das atividades diárias”, acrescenta.

 

Crianças podem ter catarata?

Embora a causa mais comum de catarata seja o envelhecimento, existem crianças que já nascem com a doença. Mães que tiveram rubéola ou toxoplasmose, especialmente no primeiro trimestre de gravidez, podem passar a infecção para o feto e a criança pode nascer com vários problemas oftalmológicos, entre eles a catarata. “A catarata no recém-nascido deve ser tratada com urgência. Se a criança não for operada precocemente, poderá nunca ter visão normal”, alerta o Dr. Artur. Para diagnosticar a doença, é muito simples: o pediatra faz incidir a luz de uma lanterna nos olhos da criança e verifica se a pupila é transparente. A presença de um reflexo esbranquiçado pode ser sinal de catarata ou de outras doenças, até mais graves.

 

Catarata: como surge? Como prevenir?

O cristalino é a lente natural do olho, que fica atrás da íris, e tem como função focalizar as imagens captadas pela retina. À medida que envelhecemos, o cristalino perde a sua transparência, tornando-se esbranquiçado (opaco): esse distúrbio é chamado de catarata. Além da idade, outros fatores também podem acelerar a formação da catarata, como diabetes, inflamação ou lesão ocular, histórico familiar, uso de corticoides em longo prazo, fumo, exposição excessiva a raios ultravioleta, entre outros.

A melhor prevenção é o exame oftalmológico de rotina. Pessoas acima de 65 anos devem fazer exame ocular pelo menos uma vez por ano. Alguns cuidados ajudam a reduzir ou até evitar o aparecimento da doença. Confira:

1. Não fume: a fumaça do cigarro produz radicais livres, aumentando o risco de ter catarata.

2. Tenha uma dieta balanceada: inclua frutas e vegetais na sua alimentação. O risco de desenvolver a catarata será bem menor.

3. Proteja seus olhos: usar óculos escuros com proteção contra os raios ultravioleta ajuda na prevenção.

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