Medicina

Câncer de Pulmão. Fuja dessa doença

Sintomas aparecem quando a doença já está avançada, e o tabagismo é o principal fator de risco

Se você for a um hospital ou clínica de oncologia vai logo perceber. É tanta gente lutando contra uma doença que poderia ter sido evitada com apenas uma atitude: parar de fumar.

Trata-se do câncer de pulmão. Uma moléstia grave, mas extremamente passível de prevenção. “O principal fator de risco, sem dúvidas, é o tabagismo, que está relacionado a 90% dos casos de diagnóstico da doença”, esclarece o médico oncologista do Instituto de Oncologia e Hematologia Curitiba, Dr. Elge Werneck Jr., que ainda reforça sua relação com 30% de todos os outros cânceres. Além do câncer, o hábito de fumar pode causar cerca de 50 doenças diferentes.

O oncologista adverte que fumar causa um processo inflamatório crônico no ambiente pulmonar, condição propícia para a alteração genética de celulas e consequente desenvolvimento do câncer de pulmão. Por isso, quem fuma deve o quanto antes abandonar o vício. Quanto maior o número de cigarros consumidos por dia e quanto mais tempo a pessoa fumar na vida, maior é o risco de desenvolver a neoplasia pulmonar maligna. Vale lembrar que o cigarro possui aproximadamente 4.700 substancias tóxicas ao organismo humano.

O Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima que até o fim deste ano 28 mil novos casos da doença sejam detectados. Mas não são apenas os cigarros tradicionais os causadores do câncer de pulmão. “Narguilé, maconha, cigarro de palha, entre outros, também oferecem os riscos incertos”, comenta o médico.

Simples tosse ou dor torácica podem ser sintomas

Como qualquer tipo de câncer, a neoplasia pulmonar, quando diagnosticada em estágio inicial, possui maior chance de cura. Mas o cancro pulmonar dificilmente é diagnosticado de forma precoce, pois quando a maioria das pessoas procura o médico, em razão do surgimento dos sintomas, a doença já comumente está avançada. “O sintoma mais comum costuma ser a tosse. Falta de ar, dor torácica, perda de peso, dentre outros, habitualmente, estão presentes em pacientes com câncer avançado”, explica Dr. Elge.

Em alguns pacientes que não apresentam sinais e sintomas, o câncer de pulmão pode ser detectado numa radiografia de tórax ou tomografia computadorizada realizada por algum outro motivo, como em um check-up médico. Por isso, quem ainda insiste em fumar deve ter o cuidado de visitar um especialista todo ano para fazer um exame adequado, a fim de detectar as lesões iniciais. A tomografia de tórax se coloca como importante instrumento no screening do câncer de pulmão em pacientes de alto risco, ou seja, tabagistas crônicos que ainda fumam ou abandonam o hábito a menos de dez anos.

Prevenção primordial é não fumar

O oncologista aconselha: “O cuidado primordial é não fumar. Além disso, estimular os outros a abandonar esse hábito”. Não é somente quem fuma que está com a saúde em risco. “Vale lembrar que tabagistas passivos carregam 30% dos malefícios que os próprios fumantes adquirem com esse hábito”, completa o especialista.

A nicotina atua no sistema nervoso central como a cocaína e a heroína, com uma diferença: chega ao cérebro em apenas 7 a 19 segundos. É normal, portanto, que, ao parar de fumar, os primeiros dias sem cigarros sejam os mais difíceis, porém as dificuldades são menores a cada dia. Alguns sintomas de abstinência são: vontade intensa de fumar, dor de cabeça, tontura, irritabilidade, alteração do sono, tosse e indisposição gástrica. Esses sintomas, quando se manifestam, duram de 1 a 2 semanas. Hoje há inúmeros métodos, terapias e até medicamentos e muitos são eficazes e auxiliam quem realmente quer ou precisa parar de fumar.

Tratamento promissor com a imunoterapia

O tratamento do câncer de pulmão é feito por meio de cirurgia, radioterapia e quimioterapia, seja de maneira combinada ou isolada, baseados nas condições do paciente e no estágio da doença. Entre os avanços na medicina para o tratamento do mal, destaca-se a imunoterapia. “A imunoterapia chegou com dados bastante animadores, através do fortalecimento do nosso sistema imune”, esclarece Dr. Elge.
O objetivo da técnica é tratar a doença pela estimulação do sistema imunológico do paciente. Geralmente ela causa menos efeitos colaterais que a quimioterapia e a radioterapia. É um tratamento promissor que vem beneficiando vários pacientes, com respostas duradouras e melhor qualidade de vida.

Apoio, suporte e acompanhamento

A ansiedade e a depressão são alguns dos fatores que estimulam o hábito de fumar. É preciso ter uma grande força de vontade para reagir e resistir aos sintomas da abstinência, por isso se faz necessário o apoio de um profissional. Na consulta, o especialista pode avaliar o melhor tratamento para cada caso, desde a laserterapia, os adesivos, o uso de spray e goma de mascar, que repõem a nicotina, até o uso de antidepressivos e aconselhamento psicológico, se for recomendado. “Mas esse paciente jamais poderá de deixar de realizar o seu acompanhamento médico, pois o controle, a remissão da doença e o fim do vício são a chave”, finaliza Dr. Elge.

O que acontece com o seu organismo sem o fumo

20 minutos – Pressão arterial e batimentos cardíacos voltam ao normal.
2 horas – Não há mais nicotina circulando no seu sangue
12 e 24 horas – Os pulmões começam a funcionar melhor
2 dias – O olfato e paladar ficam mais aguçados
3 semanas – A respiração fica mais fácil e melhora a circulação sanguínea
1 ano – Redução pela metade de risco de infarto
5 anos – Redução pela metade da possibilidade de desenvolver câncer de pulmão, boca,
garganta e esôfago. O risco de um derrame cerebral passa a ser o mesmo de uma pessoa que nunca fumou
10 anos – O risco de desenvolver câncer de pulmão passa a ser igual ao de uma
pessoa sem o vício.

Fonte: American Cancer Society

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