Bem Estar

Tá na hora de dizer Não!

Esse pequeno advérbio de negação nunca foi tão importante na educação de crianças e adolescente

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Crianças que fazem escândalo na rua, no supermercado ou em qualquer outro local público sempre que têm um desejo negado. Adolescentes que chutam carteiras e explodem banheiros de escolas, batem em colegas, desrespeitam pais e professores. Jovens envolvidos desde muito cedo com drogas ilícitas e com abuso de cigarro e álcool. Por que esta geração enfrenta tantos problemas referentes ao respeito com os outros e consigo mesmo?
Apesar de cada uma dessas situações necessitar de um estudo particular para se descobrir a causa do problema, os especialistas em comportamento e educação são categóricos em afirmar: elas são, sim, alimentadas pela falta de limites de crianças e adolescentes. Mas, por que os pais estão falhando tanto nesse quesito? Vivenciamos uma geração com um universo amplo de crianças e jovens “perdidos”, desorientados, sem rumo. Sem saber o que é certo ou errado. O que está acontecendo e o que fazer afinal?
A psicopedagoga Sabrina Jany Guetta Gelhorn, coordenadora do Centro psicopedagógico PARCERIA, diz que essa dificuldade que os pais vêm enfrentando para impor limites aos filhos estaria muito ligada à alternância das três últimas gerações: seria a diferença do padrão de comportamento, educação e orientações recebidas e vividas por nossos avôs, pais e agora nossos filhos.
“Antigamente os pais tinham autoridade com segurança e modelos para serem copiados, sem espaço para questionamentos. Depois, a geração que se seguiu, foi a geração do autoritarismo extremo. Esses pais que vivenciaram este extremismo são os pais permissivos de hoje. Os filhos podem ter e questionar tudo o que querem.”
Ainda de acordo com ela, alguns pais também filtram de forma errônea as informações de veículos de comunicação e muitas vezes entendem que as crianças devem ser livres e ter explicação para tudo, sempre. “Assim, surgem pessoas com muitos direitos e nenhum dever, acreditando que o mundo deve ser como elas próprias almejam. E quando isso não acontece elas se rebelam”, explica Sabrina.

O que fazer diante disso?

Segundo a psicopedagoga, desde o nascimento é preciso entender o significado da palavra “Não”, respeitando as regras como aprendizagem. São, de acordo com ela, “leituras de vida” que as pessoas aprendem em casa.  Experiências que vão se somando e sendo internalizadas e, posteriormente, aplicadas pelo indivíduo no seu convívio social.
Quando as crianças chegam na adolescência sem referenciais seguros, sem saber lidar com o não, têm dificuldade em se situar no mundo de acordo com as regras gerais e reais, tornando-se adultos infelizes. Por isso, é essencial que os pais exerçam seu papel de educar, orientar, mostrar o que está certo e o que está errado, negar pedidos, quando preciso, sem culpa. “Muitas vezes, para isso ocorrer, é necessário ajudar os pais a terem uma autoestima mais elevada, que permita a eles tomarem atitudes sem medo de não serem amados pelos filhos”, diz Sabrina.
“O limite ajuda a criança a aprender a lidar com desejos e frustrações. Hoje em dia se tem a falta de limite, e assim estas crianças tornam-se adultos sem saber o que desejam. Diferente dos adultos de antigamente, que procuravam realizar desejos”.
E aí, surge uma nova dúvida. Como saber se estamos educando corretamente? Se exageramos ou não nas punições, nas repreensões?
De acordo com Sabrina, uma maneira dos pais perceberem se estão agindo certo ou errado, é observando se seus filhos estão fazendo escolhas saudáveis e produtivas. “Os pais não precisam fazer sempre certo, precisam servir de modelo para seus filhos como pais que podem errar e aprender com o erro, mostrando que cada filho tem um perfil diferente e deve ser tratado de acordo com a realidade da família e o ambiente em que está inserido.”
Para aqueles pais que hoje já lidam com crianças e adolescentes sem limites a boa notícia é que nunca é tarde para aprender e ensinar. “Estes pais devem dialogar muito com seus filhos, com muita consistência e coerência não apenas na conversa, mas, também nas atitudes. Em casos mais delicados em que há o uso de drogas e/ou outras atitudes perigosas ela aconselha a procura de um profissional capaz de auxiliar a família na resolução do problema.
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