Tema da Semana

Cirrose Hepática

Saiba mais sobre a doença e conheça o tratamento que que tem trazido excelentes resultados

Já diz a sabedoria popular que tudo em excesso faz mal. beber, comer, jogar, praticar exercícios físicos são alguns exemplos de ações que, quando exageradas, deixam de fazer bem e podem nos prejudicar – fisicamente e psicologicamente. Ao comer demais, por exemplo, podemos ficar muito acima do peso e trazer prejuízos a nossa saúde como hipertensão, diabetes, problemas de circulação, entre outros. Ao beber demasiadamente e ainda ter predisposição genética podemos nos tornar dependentes do álcool, ter problemas de relacionamento e agredir o nosso corpo, entre eles o fígado. E é essa agressão que leva muitas pessoas a contrair a cirrose hepática.

Apesar de ser mais comum em homens acima dos 45 anos, a cirrose hepática pode acometer também as mulheres. Nos últimos anos, o uso abusivo do álcool fez crescer o número de portadores da doença, que também está associada ao contágio por hepatite, principalmente hepatite C. A cirrose se caracteriza pela substituição do tecido hepático normal por nódulos e tecido fibroso, dificultando a circulação do sangue que chega ao fígado vindo do intestino e do baço. O organismo precisa se adaptar a essa condição, o que faz com que o calibre das veias do estômago, esôfago e intestino se alargue, causando varizes nestas regiões, que podem sangrar abundantemente, pondo em risco a vida do paciente. Outra adaptação do organismo é o acúmulo de líquido na barriga, conhecido como Ascite. Essa condição pode dificultar muito a respiração do paciente, uma vez que pelo seu grande volume, a Ascite comprime o pulmão e o diafragma.

A cirrose faz com que o fígado produza tecido de cicatrização no lugar das células saudáveis que morrem. Com isso, ele deixa de desempenhar suas funções normais como produzir proteínas, metabolizar o colesterol, o álcool e alguns medicamentos, além de deixar de limpar o sangue de substâncias tóxicas provenientes da digestão alimentar.

 

Tratamento

O tratamento definitivo para a cirrose hepática é o transplante de fígado, porém, na maioria dos casos, devido à gravidade dos sintomas, os pacientes não podem esperar o tempo necessário para a realização do mesmo. Atualmente, existe um procedimento, realizado em apenas 18 centros do Brasil, que tem sido utilizado com bastante eficácia no tratamento da cirrose que se chama TIPS (derivação portossistêmica intra-hepática por via transjugular).

O médico radiologista vascular intervencionista Dr. Alexander Ramajo Corvello é um dos poucos profissionais habilitados a fazer o procedimento. “Realizamos o TIPS desde 1998. Curitiba foi o segundo centro do Brasil a utilizar esta técnica”, conta Dr. Corvello. “O TIPS consiste em se criar uma comunicação entre a veia hepática (veia que drena o sangue do fígado em direção ao coração) e a veia porta, ‘desafogando’, portanto, o sangue represado e reduzindo o estado de hipertensão portal do paciente”, explica.

O procedimento é feito sob anestesia geral. Com uma agulha, realiza-se a punção da veia porta através do fígado, criando assim uma comunicação entre a veia hepática e a veia porta. Após a dilatação deste trajeto, implanta-se um stent (pequeno tubo de metal, usado para manter a veia aberta), que manterá o fluxo entre estas duas veias. É como fazer um desvio de poste da circulação do fígado para que ele possa funcionar melhor.

Todo o procedimento é realizado sem pontos e através de um furo de apenas 5 mm na pele. A taxa de sucesso é superior a 95%. “Com essa técnica, estamos tirando, inclusive, inúmeros pacientes da fila de transplantes”, conclui Dr. Corvello.

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