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Cirurgia endoscópica de coluna permite que pacientes saiam do hospital em menos de 24 horas, caminhando e sem dor

Os motivos que levavam as pessoas a temer uma cirurgia de coluna ficaram para trás. Há vinte anos, quando alguém precisava realizar essa operação, a primeira reação era de pavor, pois predominava o medo de ficar preso a uma cama ou com limitações para o resto da vida. Afinal, existiam justificativas para isso, uma vez que todas as cirurgias de coluna eram consideradas de grande porte e grande risco, em razão das enormes incisões e difícil acesso cirúrgico, comprometendo e até lesionando estruturas de forma definitiva. Felizmente, isso tudo faz parte do passado e hoje, em inúmeros casos, o paciente é operado em um dia e sai do hospital no dia seguinte, caminhando e sem sofrimento.
As vantagens dessa evolução são enormes para os pacientes. Atualmente, as chamadas cirurgias minimamente invasivas apresentam incisões bem pequenas que geram mínimas cicatrizes e menor agressão aos tecidos do corpo, e o tempo de recuperação do paciente é significativamente reduzido. Além disso, essas cirurgias causam diminuto dano interno, menos sangramento, pois músculos e tecidos adjacentes à incisão são preservados, diminuindo o tempo de hospitalização, com a menor incidência de complicações pós-operatórias e menos dor; e o paciente volta às atividades normais em poucos dias.

Recuperação surpreendente

“De um leve amortecimento passei a sentir dores atrás dos joelhos e na panturrilha, o que contornava com alongamentos. Durante um ano tentei amenizar o problema com fisioterapia, sem resultado. Foi quando fui diagnosticado com uma hérnia de disco entre as vértebras L5 e S1, que me causava dor. Fiz a cirurgia endoscópica num dia e saí do hospital no outro, sem dor. Em dez dias já estava trabalhando e em quinze dirigindo. Tive uma excelente recuperação!”, destaca o engenheiro Richard Wilson Lui, 50 anos, operado em março deste ano.
Os procedimentos minimamente invasivos da coluna são hoje o que existe de mais avançado em tratamento cirúrgico no mundo. “As cirurgias endoscópicas ganharam ênfase nas últimas décadas pelos resultados comprovadamente superiores às cirurgias tradicionais, pela sua eficácia, segurança e por garantir maiores benefícios aos pacientes”, enfatiza o cirurgião ortopedista Dr. Pablo Sobreiro, um dos precursores da videoendoscopia de coluna no Paraná.

O único problema vinculado ainda hoje a essas cirurgias é a falta de informação e desconhecimento das pessoas, que poderiam estar vivendo sem dor e sofrimento e com qualidade de vida; porém, não buscaram ou tiveram a indicação médica adequada para a cirurgia endoscópica de coluna – o procedimento mais inovador na atualidade para o tratamento das doenças da espinha dorsal, permitindo a alta do paciente em menos de 24 horas e uma recuperação surpreendente.

Medida mais abrangente e definitiva

Todas essas vantagens foram vividas pelo administrador de empresas Marcelo Zipperer, 42 anos, que começou a sentir leves dores na parte posterior das nádegas e das coxas, que evoluíram rapidamente tornando-se insuportáveis. “Já estava sem andar e cheguei a rastejar de dor devido a uma grande hérnia de disco na lombar (L4 e L5), que estava gerando a crise ciática. Fiz a cirurgia endoscópica há cerca de quatro meses: me internei num dia e saí do hospital no outro, caminhando e sem dor. Essa cirurgia me reabilitou para a vida!”, comemora o paciente recuperado.

Existem diferentes opções de procedimentos minimamente invasivos para o tratamento das doenças da coluna: as medidas paliativas, que visam retirar ou diminuir a dor aguda – por exemplo, as injeções espinhais –, e as cirurgias endoscópicas, que se caracterizam por uma medida mais abrangente e definitiva para o tratamento do problema que causa a dor e a restrição física do paciente. “A cirurgia endoscópica por vídeo, realizada com anestesia local, é comumente indicada para tratar doenças degenerativas da coluna vertebral, hérnia de disco, estenose de canal (compressão dos nervos), protusão de disco (bico de papagaio), apresentando excelentes resultados”, ressalta o especialista.

Tempo de internação mínimo

Além de proporcionarem uma recuperação mais rápida e o retorno às atividades normais em menor tempo, esses procedimentos mais modernos diminuem a necessidade do uso de anestesia geral, hoje utilizada apenas em pacientes muito ansiosos. Assim, garantem um tempo de internação mínimo, com pós-operatório sem sofrimento. “Entretanto, essas cirurgias não são a melhor indicação para todos os pacientes, podendo, em alguns casos, caracterizar-se como um meio de alcançar o conforto de forma temporária, diminuindo a dor e adiando a necessidade de uma operação de maior porte”, alerta o cirurgião.

O avanço das novas tecnologias e o auxílio de equipamentos de última geração permitiram que a cirurgia de coluna evoluísse muito e, com as técnicas atuais, mesmo a cirurgia tradicional não é mais motivo para assustar os pacientes, pois também se tornou um procedimento mais rápido e menos sofrido. “Entretanto, nada se compara à cirurgia endoscópica por vídeo, que oferece total segurança de visualização do cirurgião, não destrói massa muscular, apresenta menor morbidade e o paciente pode ter alta no dia seguinte, voltando ao trabalho e atividades normais em apenas duas semanas”, assegura Dr. Pablo Sobreiro.

Como funciona a técnica endoscópica

A cirurgia endoscópica de coluna é realizada através de pequenos orifícios feitos, um de cada lado da coluna vertebral. Primeiro, o cirurgião demarca essas microincisões, depois injeta um corante para a introdução das cânulas do equipamento. Após a confirmação da posição precisa do aparelho, é introduzida a fibra óptica que confirma os parâmetros anatômicos (posição na região a ser tratada) e viabiliza a ressecção da área doente, que é a cirurgia propriamente dita. “O equipamento utilizado possibilita ao cirurgião a visão em aquário, uma vez que a amplitude da imagem é dimensionada com soro. Além disso, através do fluoroscópio podemos ver o paciente através de raios X com alta resolução temporal (em tempo real), tornando o procedimento muito mais eficaz e seguro”, conclui Dr. Pablo Sobreiro.

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