Fonoaudiologia

Vibre com a torcida!

Existem muitas opções para voltar a ouvir – conheça as mais modernas

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Seja em uma Copa ou em uma partida de futebol com os amigos, os gritos de incentivo da torcida fazem toda a diferença para os atletas. Poucas coisas são tão emocionantes quanto sentir e ouvir um grito de gol. Parece uma coisa tão simples, mas existem milhares de pessoas que não conseguem fazer parte dessa celebração, justamente porque não podem ouvir.

Doenças auditivas podem ter várias causas, como hereditariedade, viroses maternas (rubéola, sarampo), doenças tóxicas da gestante (sífilis, citomegalovírus, toxoplasmose) e ingestão de medicamentos ototóxicos (que lesam o nervo auditivo) durante a gravidez. A deficiência também pode ser adquirida através de doenças, como a meningite, ingestão de remédios ototóxicos, exposição a ruídos durante longo período de tempo e a sons impactantes.

A perda leve, moderada ou grave da audição não só impossibilita ouvir plenamente um grito de gol, como também dificulta a interação social e emocional. Entretanto, ouvir bem é possível, graças a aparelhos implantados nos pacientes com tecnologias cada vez mais modernas. Confira alguns.

 

Vibrant Soundbrigde: um novo jeito de ouvir

O time de especialistas do Hospital Iguaçu realizou recentemente o primeiro implante Vibrant Soundbrigde do Paraná. “O aparelho é para pacientes com perdas leves ou moderadas que não queiram e, principalmente, não possam usar o aparelho auditivo tradicional”, explica o médico otorrinolaringologista Dr. André Ataíde, que realizou o procedimento juntamente com o Dr. Maurício Buschle, chefe da equipe de implante do hospital.

Os motivos que impedem o paciente de usar aparelhos tradicionais são vários, como explica o Dr. André. “O Vibrant é uma excelente opção em casos em que o canal auditivo tem alguma inflamação crônica, que chamamos de otite externa ou eczema, ou naqueles em que o ouvido está sempre ferido, úmido, com coceira ou descamação. O uso contínuo dos aparelhos tradicionais acarretaria em agravamento destes quadros”.

O Vibrant apresenta duas partes: uma que é colocada cirurgicamente embaixo do couro cabeludo e que nunca mais é vista, composta por uma microbobina de vibração que se prende à bigorna, osso do tímpano, e vibra gerando o som; e o componente externo, onde ficam microfone, bateria e processador, e que se conecta ao interno por imã. “A parte externa se comunica com a interna, que vai fazer a microbobina vibrar dentro da orelha média, atrás do tímpano, aumentando a audição”, diz o Dr. André.

A ativação se dá um mês após o implante, logo após a cicatrização, sendo que todo o processo cirúrgico é bem simples. “A operação dura cerca de uma hora e meia. O paciente se interna pela manhã, fica em observação por um período e à tarde retorna para casa com curativo, que retira no hospital no dia seguinte. Não é preciso raspar o cabelo e, depois disso, é vida normal. Recomendamos apenas um intervalo de 15 dias sem atividades físicas”, explica o especialista.

Como os componentes internos e externos são conectados apenas por um imã, pode-se pensar que há limitações. O Dr. André afirma que não, que as atividades podem ser realizadas normalmente no dia a dia e até crianças podem usar o Vibrant, sem risco de que o aparelho caia durante uma brincadeira. “Recomendamos que o dispositivo externo seja retirado apenas em atividades que envolvam umidade e água, como mergulhar e nadar”, diz ele.

Este tipo de implante é realizado há mais de dez anos no exterior e há dois anos chegou ao Brasil. “É gratificante poder oferecer o procedimento aqui no Paraná, porque é uma nova opção de tratamento para quem utiliza os aparelhos tradicionais. Crianças, adultos e idosos podem usá-lo, porque garante qualidade de som, conforto e é esteticamente vantajoso, já que a orelha fica livre”, diz o Dr. André.

 

Implante coclear, para perda severa e profunda

Pacientes com perda de audição severa e profunda, unilateral ou bilateral – ou seja, de um ouvido ou ambos – podem recorrer à cirurgia de implantação de implante coclear. O dispositivo estimula eletricamente as fibras nervosas remanescentes, permitindo a transmissão do sinal para o nervo auditivo, posteriormente decodificado pelo córtex. “Cerca de um mês após a cirurgia o aparelho é ligado, pois este é o tempo de cicatrização do ouvido e integração do aparelho”, explica o Dr. Maurício Buschle.

Foi este o tipo de implante que atendeu a necessidade da consultora Denise Pastuchi Del Pozzo, de 51 anos, que após os 40 perdeu a audição. “Eu, que sempre fui uma mulher muito ativa, me senti castigada, pois passei a depender de outras pessoas, não tinha mais domínio de mim mesma e não podia mais trabalhar”, conta.

Ao saber que poderia recorrer ao implante coclear, Denise não pensou duas vezes. Afinal, era a oportunidade de resgatar sua independência e vida. “Fiquei sem ouvir por três anos, até que um mês depois da cirurgia ouvi meu primeiro som. Foi maravilhoso! Claro que tive que passar por toda a adaptação e o processo de amadurecimento para aprender a ouvir e entender os sons. Mas passei a me sentir viva e reconquistei minha independência e minha vida”.

Felipe Zaramella Saad, de 33 anos, estudante de Direito pós-graduado em administração, aos 16 anos teve uma doença degenerativa e, em plena adolescência, viu sua vida virar de cabeça para baixo. “Foi muito ruim. Eu não aceitava ser surdo e fiquei muito deprimido, acabei me retraindo e me isolando da sociedade”, conta.

Na escola, suas notas e seus relacionamentos só pioravam. “Eu não entendia o que a professora falava e tinha vergonha de perguntar, com isso, minhas notas caíram e minha interação deixou de existir”, diz Felipe. Ele ficou sabendo do implante coclear e há três anos fez a cirurgia. “Minha vida, aos poucos, foi voltando ao normal. Hoje tenho vida, interajo com as pessoas e reconquistei minha confiança”.

O implante coclear pode ser realizado tanto em crianças quanto em adultos. Antes de tudo, porém, o paciente passa por avaliação de uma equipe multidisciplinar composta por médicos, fonoaudiólogos, psicólogos e pedagogos, que o avaliam o caso e prestam todo suporte ao candidato. “Após a cirurgia, o paciente tem sessões semanais de fonoaudiologia, que podem durar meses ou anos, que irão auxiliá-lo a adquirir a completa capacidade oral ou reaprender a ouvir”, completa o Dr. Maurício Buschle.

 

Aparelhos Auditivos

Cada vez mais discretos, personalizados, confortáveis e efetivos até para graus avançados de surdez, os aparelhos auditivos   convencionais atendem as mais diversas necessidades. Um novo lançamento na área é um aparelho a prova d’água, para ser utilizado com até um metro de profundidade. Os usuários podem nadar, fazer hidroginástica e tomar banho sem retirá-lo, um avanço.

 

BAHA

Para perdas de condução

O implante de BAHA (dispositivo auditivo ancorado no osso) é uma excelente opção para quem tem problema auditivo leve, moderado e grave, mas que não pode utilizar os aparelhos auditivos convencionais por razões médicas, ou que não tiveram bons resultados com seu uso. Para utilizá-lo, é necessária uma pequena cirurgia, apenas para um ponto de fixação.

Esse aparelho ultrapassa completamente o ouvido médio e, ao contrário dos aparelhos comuns, o som é enviado ao redor da área problemática ou danificada, estimulando naturalmente a cóclea através da condução óssea. “O som é convertido em sinais neurais e é transferido ao cérebro, permitindo que o implantado perceba o som”, destaca Buschle.

 

Carina

Até debaixo d’água

Também implantável, o Carina possui um processador de som digital que recebe os sons do microfone, amplifica e transforma em energia mecânica. Um microfone especial permite que os sons do meio ambiente sejam captados com qualidade, mesmo sob a pele. Os sons são transformados em sinais elétricos e enviados ao processador, então um transdutor envia a energia mecânica à orelha média, permitindo ao paciente ouvir com qualidade. O grande diferencial é que funciona até debaixo d´água: com ele, dá para pegar chuva, nadar, surfar, tomar banho e até mergulhar.

 

Bonebridge

Disfarce total

Esta opção também necessita de cirurgia, porém o suporte do aparelho auditivo fica por baixo da pele, tendo um imã que irá suportar o aparelho auditivo externo. É uma opção interessante tanto para crianças como adultos, pois o processador fica disfarçado em meio aos fios de cabelo.

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