Medicina

Tecnologia em favor da vida

Avanços na radioterapia elevam possibilidades de cura ao mesmo tempo em que protegem células sadias

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A medicina é uma área que está em constante evolução e a medicina coloca cada vez mais a tecnologia a serviço da saúde. A meta final sempre será o combate às doenças, preservando a vida. Entre as mais recentes inovações estão as tecnologias em radioterapia usadas para combater os mais diversos tipos de câncer. Com precisão, o tratamento atinge diretamente o tumor, minimizando as áreas e órgãos vizinhos.

O radioncologista Dr. José Octavio Haggi Rodrigues Ferreira destaca que o grande avanço é justamente a redução dos danos causados em células e regiões vizinhas. “Toda essa tecnologia veio para conseguirmos entregar a dose de radiação no tumor, protegendo os outros tecidos”, reforça. No interior do Paraná, o Centro de Oncologia e Radioterapia Sant’Ana é o único a dispor dessa tecnologia.

Várias são as vantagens e benefícios para o paciente. O médico aponta um grande passo possível graças à precisão proporcionada pelos equipamentos modernos: a possibilidade de se fazer mais sessões. “Quando você faz a radioterapia em qualquer lugar do corpo, os tecidos sadios também recebem radiação. Por isso, existe um limite para não deixar sequelas. Nessa tecnologia, como é possível preservar o tecido circunvizinho, conseguimos também aumentar a dose final de tratamento e isso aumenta o percentual de cura”, detalha Dr. Ferreira.

Outra possibilidade, descreve Dr. Rodrigues Ferreira, é tratar tumores que recidivaram. “Você consegue retratar tumores que já foram tratados e são recidivados, o que não seria possível com outra tecnologia”. Isso acontece porque muitas vezes a área em volta já apresenta sequelas quando o paciente foi submetido à radioterapia convencional e, por isso não é possível mais fazer esse tipo de tratamento. Já a tecnologia moderna pode ser usada sem prejuízo, ampliando as chances de cura.

O físico Marcos Antonio da Silva, especialista em física médica e supervisor em proteção radiológica, destaca que essa tecnologia é extremamente segura, podendo ser aplicada em áreas que são de difícil acesso por estarem próximas a órgãos vitais. Ele explica que foram implementadas quatro novas técnicas de procedimento: IMRT (radioterapia de intensidade modulada por feixe de radiação); radioterapia estereotáxica craniana e corporal (também chamada extra-craniana) e radiocirurgia.

 

“Essa tecnologia é extremamente segura, podendo ser aplicada em áreas que são de difícil acesso por estarem próximas a órgãos vitais.”

 

“Com a IMRT você controla a quantidade de radiação: onde precisa mais dose chega mais radiação, onde precisa menos, chega menos. É possível tudo isso em uma única sessão, de acordo com a necessidade de cada paciente”, define. Já na radiocirurgia, o tratamento é feito em uma única sessão, altas doses chegam até o volume alvo em apenas uma aplicação. A técnica pode ser realizada em várias regiões do corpo, porém, o mais comum são nos tumores cerebrais, além de diversas outras neuropatias.

O tratamento é feito diariamente e, em todos esses procedimentos, é necessária uma localização precisa das áreas a serem tratadas e das que devem ser protegidas. Para isso são realizados exames diagnósticos específicos para radioterapia, como Tomografia Computadorizada, Ressonância magnética, PET-CT e outros.

“É um grande avanço na radioterapia, ela está com o foco cada vez mais direcionado e preciso e isso poupa o tecido sadio das sequelas da radioterapia. É precisão máxima com pouco envolvimento dos órgãos vizinhos. Isso garante um bom tratamento”, diz Marcos Silva.

Os físicos trabalham em conjunto com os médicos. Eles prescrevem as doses e o físico é o responsável por fazer cálculos e estabelecer o local correto da aplicação. “Por isso é imprescindível a presença de um físico especialista para garantir o posicionamento preciso. O tumor pode se deslocar de um dia para o outro. É o físico quem vai calcular a quantidade de radiação e como ela será aplicada para proteger os órgãos e atingir  o volume alvo corretamente”, aponta Marcos.

 

Sobre a Radioterapia

A radioterapia é um método capaz de destruir células tumorais pelo uso de feixes de radiações ionizantes. Uma dose pré-calculada de radiação é aplicada, em um determinado tempo, a um volume de tecido que engloba o tumor, buscando erradicar todas as células tumorais, com o menor dano possível às células normais circunvizinhas.
Radiossensibilidade e radiocurabilidade – A velocidade da regressão tumoral corresponde ao grau de sensibilidade que o tumor apresenta às radiações. Depende fundamentalmente da sua origem celular, do seu grau de diferenciação, da oxigenação e da forma clínica de apresentação. A maioria dos tumores radiossensíveis são radiocuráveis. Entretanto, alguns se disseminam independentemente do controle local; outros apresentam sensibilidade tão próxima à dos tecidos normais, que esta impede a aplicação da dose de erradicação. A curabilidade local só é atingida quando a dose de radiação aplicada é letal para todas as células tumorais, mas não ultrapassa a tolerância dos tecidos normais.
Indicações da radioterapia – Como a radioterapia é um método de tratamento local e/ou regional, pode ser indicada de forma exclusiva ou associada aos outros métodos terapêuticos. Em combinação com a cirurgia, poderá ser pré per ou pós-operatória. Também pode ser indicada antes, durante ou logo após a quimioterapia.
Fonte: INCA

Funções da Radioterapia

A radioterapia pode ser usada para diversas finalidades diferentes. Quem define a hora de aplicar a técnica – e qual é a melhor delas – é o médico. Entre suas aplicações estão:
  • Radioterapia curativa – a meta é controlar o tumor buscando a cura do paciente;
  • Radioterapia remissiva – usada para reduzir o tamanho das células cancerígenas;
  • Radioterapia profilática – método preventivo indicado em casos onde não há nenhum tipo de volume tumoral presente, mas detecta-se a existência de possíveis células neoplásicas dispersas;
  • Radioterapia paliativa – busca diminuir sintomas como dor intensa, sangramentos ou compressão de órgãos ou da parte neurológica e óssea;
  • Radioterapia ablativa – a radiação é usada para suprimir a função de um órgão.
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