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Suando menos e vivendo mais

Técnica cirurgica acaba definitivamente com o suor excessivo

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A auxiliar operacional Luciane da Silva Lima sofria desde a adolescência com um problema que atinge cerca de 1% da população mundial: a hiperidrose, que é a transpiração em excesso. Essa disfunção do sistema nervoso autônomo simpático afeta a autoestima, a vida social e também o trabalho de milhares de pessoas.

É comum que o suor excessivo apareça com mais frequência nas mãos, pés, axilas e região craniofacial. Embora existam diversos tratamentos paliativos, como o uso de cremes, a cura definitiva é conseguida por meio da simpatectomia, por vídeo. “É um procedimento rápido e seguro”, explica o cirurgião torácico Dr. Paulo Boscardim.

Quando uma pessoa sua em excesso nas axilas, mãos e região craniofacial, dizemos que ela sofre de hiperidrose. “Cerca de 60% dos pacientes que as apresentam, também tem a hiperidrose plantar, que é o suor excessivo nos pés”, informa o Dr. Boscardim.

O médico explica que em 30% dos casos, a cirurgia torácica resolve também o problema do suor dos pés. A técnica também trata o odor das axilas e o rubor facial – vermelhidão no rosto.

Luciane, que fez a cirurgia há pouco mais de dois meses, e está  muito satisfeita com o resultado. Ela se incomodava demais com o suor, que, em situações de ansiedade, aumentava ainda mais. Além disso, não podia usar certos tipos de roupa, como regatas ou coloridas. Agora, Luciane não precisa mais se preocupar com situações constrangedoras, nem com que roupa irá usar para disfarçar o problema. “Troquei as blusinhas que escondiam o braço por muitas regatas”, comemora.

A cirurgia consiste no corte ou clipagem do nervo que estimula o suor. São realizadas duas incisões de cerca de meio centímetro na região das axilas, por onde se introduz uma câmera ótica com a função de transmitir as imagens ampliadas. Dessa maneira, é possível intervir com mais precisão, dura cerca de 15 minutos para cada lado e deixa uma cicatriz mínima. “O pacientes  podem ter alta no mesmo dia”, explica o médico, embora prefira liberá-los na manhã do dia seguinte.

O resultado é percebido imediatamente: já no centro cirúrgico o paciente passa a não suar. Em dois a três dias retorna ao trabalho ou à escola e após três semanas pode praticar exercícios físicos.

É importante ressaltar que não são os parentes,nem mesmo o médico quem decide pela cirurgia, e sim o próprio paciente. “Cada um deve analisar o grau de incômodo que o suor em excesso causa na sua vida”, considera Dr. Boscardim.

A auxiliar de operações Karen Aparecida Hannebauer é outro caso de sucesso. Ela sempre se sentiu constrangida por suar muito nas axilas e nas mãos: “Tinha a sensação de não estar limpa, e pra não ficar tão envergonhada levava várias blusas para o trabalho, para poder trocar”, lembra. Karen fez a cirurgia em janeiro e o resultado foi a tranqüilidade de não precisar estar sempre preocupada com o excesso de suor.

A cirurgia pode ser realizada por homens e mulheres de todas as idades. A equipe do Dr. Paulo Boscardim já realizou mais de 1400 cirurgias para hiperidrose, em pacientes com idade entre 6 e 72 anos.

Algumas pessoas apresentam a hiperidrose secundária a outras doenças, como obesidade, menopausa, distúrbios da tireóide e distúrbios psiquiátricos. Nesses casos o tratamento da doença primária faz com que o problema desapareça.

A hiperidrose reflexa ou compensatória é o efeito colateral mais comum da cirurgia, apesar de ser raro. A pessoa  para de suar onde tanto a incomodava e passa a suar em outros locais do corpo. De acordo com o médico, os  fatores que  aumentam a probabilidade da compensação grave se manifestar são IMC (índice de massa corpórea) maior que 26, pessoas que já suam muitos em diversas partes do corpo e pessoas que apresentam a hiperidrose craniofacial. “Com uma seleção rigorosa dos pacientes, conseguimos diminuir consideravelmente a incidência da hiperidrose reflexa grave. A cura do problema se aproxima de 100%”, ressalta Dr. Boscardim.

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