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Síndrome metabólica do sono

Problemas de sono se relacionam à síndrome metabólica e aos fatores genéticos, afirma especialist

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Perder uma noite de sono pode significar um dia seguinte mais cansativo. Se o problema é recorrente, então, a pessoa pode sofrer de uma série de problemas de saúde. O sono, para ser restaurador, deve passar pelas cinco fases, incluindo a fase REM (Rapid Eye Movement ou Movimento Rápido dos Olhos). Pessoas que sofrem com distúrbios do sono acabam tendo o ciclo interrompido e, por isso, não têm um sono de qualidade.
A apnéia obstrutiva do sono é uma síndrome complexa e multifatorial, relativamente freqüente, que se origina da obstrução recorrente da via aérea superior durante o sono. Embora a doença seja mais comum em adultos obesos, pode atingir pessoas com IMC (índice de massa corporal) normal de ambos os sexos e em qualquer idade.
Segundo a neurofisiologista Olga Judith Hernandéz Fustes, boa parte dos portadores da doença apresenta  fatores genéticos. “De acordo com pesquisas recentes, fatores hereditários estão relacionados com 40% dos casos de apnéia obstrutiva do sono”, esclarece a especialista. Ela cita as dimensões craniofaciais, a disposição do tecido adiposo e anormalidades do controle da via respiratória como distúrbios associados ao problema. “Entretanto, ainda não foram identificadas todas as bases genéticas relacionadas”, reconhece.

Síndrome metabólica

Outro fator relacionado à apnéia é a síndrome metabólica, um conjunto de fatores que pode levar ao surgimento de diversas outras enfermidades. A neurofisiologista explica que existe uma forte associação entre apnéia, obesidade, pós-menopausa, hipertensão e diabetes. “Tanto na síndrome metabólica quanto na apnéia do sono, existe um círculo vicioso de aumento de peso, ronco, interrupção da respiração, sonolência diurna, aumento de peso e agravamento dos transtornos da respiração”, detalha. Olga Fustes explica que, dessa maneira, percebe-se que os problemas anatômicos não são a causa principal da apnéia do sono em adultos.
De acordo com a especialista, sonolência diurna, cansaço excessivo, estresse, ansiedade, dor de cabeça e irritabilidade são alguns dos sintomas que podem indicar a presença do distúrbio. Quando existe a suspeita são realizados diversos exames, indicados para os casos específicos. “O mais comum é a polissonografia, que irá detalhar a qualidade do sono”, indica.

Identificação e tratamento

Depois de investigado o problema, caso seja identificado como apnéia leve ou moderada, o tratamento pode ser pelo uso do aparelho intra-oral, que melhora o ganho na ventilação e facilita a respiração, ou por meio de uma cirurgia, indicada em casos mais graves. Outra opção é o CPAP (Continuous Positive Airway Pressure), uma turbina que, girando a uma rotação pré-determinada, leva o ar até a laringe, utilizando uma máscara de silicone colocada sobre o nariz. De acordo com a médica, na maioria dos casos, pressões baixas já são suficientes. “A adaptação ao CPAP costuma ser fácil e não existe nenhum tipo de contra-indicação”, ressalta. O aparelho, se usado durante o tempo total de sono, costuma resolver com eficácia o problema da apnéia severa, possibilitando ao paciente uma respiração normal.
A psicóloga Cristiane Ávila, portadora do distúrbio, apresentava sintomas como cansaço, falta de atenção e problemas de memória, mas não sabia que estavam relacionados com o sono. Como estava acima do peso, com pressão alta e taquicardia, procurou um cardiologista que lhe encaminhou para o tratamento especializado. Uma polissonografia detectou um grau severo de apnéia do sono. Para o seu caso, o tratamento indicado foi o aparelho intra-oral. A psicóloga está em tratamento desde junho e garante que sua qualidade de vida melhorou muito. Satisfeita, conta que irá passar por um tratamento para emagrecer, a fim de melhorar ainda mais a qualidade do seu sono.
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