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Será que a vida está mais difícil para os obesos?

No mundo em que 20% da população é obesa, está mais fácil, ou mais difícil, conviver com o excesso de peso?

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Há muito tempo tornou-se comum encontrar pessoas obesas pelas ruas. Afinal, grande parte da população mundial está acima do peso. Por outro lado, a sociedade valoriza cada vez mais o corpo escultural, e a estética talvez nunca tenha sido uma exigência tão grande quanto é hoje para homens e para mulheres. Será que, com o crescimento da obesidade, a discriminação e o preconceito diminuíram, ou justamente por essa supervalorização do corpo aumentaram? No mundo em que 20% da população é obesa, está mais fácil, ou mais difícil, conviver com o excesso de peso?

Uma pesquisa para saber como a população enxerga os obesos foi realizada no Hospital do Coração de São Paulo. Ela revelou que 8 em cada 10 entrevistados consideram que o excesso de peso pode prejudicar a carreira profissional, 78% acreditam que a obesidade dificulta os relacionamentos amorosos e metade dos entrevistados disse que nunca se casaria com uma pessoa gorda. Isto é, por mais que tenhamos um aumento significativo de obesos na sociedade, de forma geral, ainda há uma forte segregação ao obeso, seja no trabalho, no salário, no transporte público, enfim, em todo o cotidiano da sociedade.

No caminho de uma pessoa obesa, são muitos os obstáculos, e o isolamento é mais um deles. Quilos a mais afetam a saúde, mas também interferem na vida social e profissional. Cada vez mais associa-se obesidade a problemas emocionais e, de acordo com dados expostos na pesquisa do HCor, ela também é o terceiro fator de maior objeção do empregador na hora de uma contratação.

Dificilmente você conhecerá um obeso que não relate alguma situação constrangedora que viveu. Histórias que até podem parecer muito engraçadas, mas não para quem as vivencia. Estão nessa lista as cadeiras quebradas, o entalar nas catracas, os apelidos maldosos, a dificuldade em viajar de avião, entre muitas outras.

O casal de empresários, Jean Carlos Melo (34) e Márcia Túlio de Melo (36), sabe muito bem o que isso significa. Ambos sofreram durante anos com a obesidade e as consequências que ela traz.

Márcia conta que uma vez estava junto a seu marido, olhando a vitrine de uma loja de roupas, quando foi interrompida pela vendedora que já foi se adiantando em avisar: “Olha, aqui nós só temos roupas até o tamanho G, viu?”  Tal comentário a magoou tanto, que no mesmo momento ela pediu a Jean que voltassem para casa. Lugar de onde raramente saía devido os quilos a mais que carregava.

“O importante é esclarecer que a obesidade está longe de ser motivo de graça. Ela é uma doença que, como todas as outras, necessita de tratamento. Além de todas essas questões psicológicas e sociais que ferem o obeso, ele ainda está muito mais exposto a graves problemas de saúde, como hipertensão, diabetes e outras tantas complicações comuns à obesidade, o que diminui muito sua qualidade e expectativa de vida, ” explica Dr. Paulo Nassif cirurgião do Aparelho Digestório.

A questão é que Jean pesava 138 kg e mesmo sendo jovem já apresentava problemas de saúde, já Márcia que pesava 118 Kg, com apenas 35 anos, não conseguia andar nem por 10 minutos sem colocar a língua para fora. Mas ambos tinham um longo histórico de tratamentos sem sucesso, foram tantas as dietas, programas alimentares e remédios, que estavam frustrados. As reclamações eram muitas: canseira, falta de ar, dores articulares e, sobretudo, o medo de um futuro cheio de incertezas que a obesidade quase sempre gera.

Em meio a tamanha desesperança, foi na indicação da cirurgia bariátrica que eles encontraram uma perspectiva de mudança de vida. “Nós sempre fomos companheiros em tudo! Quando decidíamos comer, comíamos juntos. Quando estávamos em dieta, seguíamos juntos. E quando resolvemos operar, também fomos juntos. O bom é que assim um apoia o outro e dá força para chegarmos ao objetivo”, conta Márcia.

E como sempre fizeram, os dois cumpriram todo o protocolo de consultas, avaliações, exames e orientações juntos. Porém, para que um pudesse auxiliar o outro na recuperação, ele operou antes e ela dois meses depois.Hoje, Jean está com 68 kg, disposição nota 10, voltou a usar as roupas estilo surfista de que gostava, as dores nos joelhos – que no passado lhe atormentavam para trabalhar – sumiram e, além disso, está mais alegre e de bem com a nova vida que conquistou.

Ela, então, mudou completamente! Aquela mulher apagada que parecia meio desleixada, fugia de fotos e se isolava do mundo, desapareceu e deu lugar a uma nova Márcia. Uma bela mulher que cuida detalhadamente de sua aparência, com direito a escova progressiva, novo corte de cabelo, unhas bem feitas e clareamento dentário. Disposição também não falta mais. Tanto é que todas as noites, após suas inúmeras atividades diárias, ela faz uma hora de esteira, sem perder o fôlego. Das fotos ela não tem mais porque fugir. Aliás, orgulha-se em mostrar como era e como ficou após a cirurgia.

“Hoje me sinto muito bem comigo mesma. Saio na rua sem medo de que alguém me olhe diferente. Antes eu vivia de casa para o trabalho e do trabalho para casa. Agora eu quero mais é sair e aproveitar minha vida e ser muito feliz!”, comemora a empresária.

Jean, que sempre achou sua esposa linda, agora diz que ela está ainda mais radiante. Sua maior satisfação é ver como estão bem mais unidos, felizes e de como suas vidas melhoraram em todos os aspectos.

“O maior objetivo do tratamento cirúrgico da obesidade é a melhoria da saúde geral do paciente, tanto em condições físicas, emocionais, como sociais, permitindo que ele tenha uma vida normal, sem as limitações que a obesidade, muitas vezes, lhe traz. Com a perda de peso e o acompanhamento da equipe multidisciplinar, geralmente o operado tem uma grande melhora em todos esses aspectos”, comenta Dr. Paulo Nassif.

O casal que celebra 10 anos de união, realmente tem muito a comemorar. Companheirismo, cumplicidade, superação e muita disciplina, fator que eles procuram sempre lembrar um ao outro para não mais voltar aos tempos difíceis que viveram. Obesidade, nunca mais!

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