Bem Estar

Saúde e trabalho

Empresas com estratégias inteligentes transformam o ambiente de trabalho e a saúde emocional e física de todos os seus colaboradores em vantagem competitiva

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Quanto mais satisfeito o colaborador estiver, maior retorno ele trará para a empresa, seja uma indústria, um banco, escritório, loja ou um consultório médico. E não estamos discorrendo sobre salário, mas sim, incentivo.

As grandes organizações estão abertas e voltadas para programas de qualidade de vida e promoção da saúde. Elas incentivam, apoiam, encorajam e investem na criação de hábitos saudáveis, em estilos de vida que promovam o bem-estar entre todos os colaboradores e suas famílias.

“O melhor disso tudo é que, está mais do que comprovado, o resultado pode ser visto no aumento real da produtividade e na lucratividade destas empresas”, destaca o médico do trabalho Dr. Luiz Antonio Setti Barbosa, coordenador de Medicina e Qualidade de Vida do Grupo Boticário.

Os programas de incentivo estimulam os colaboradores a cuidar e gerenciar sua própria saúde. Para eles, o resultado é um ganho substancial de satisfação e vontade de crescer. Para a empresa, o benefício é o aumento de produção e a redução de custos.

Vale lembrar: empresas que não seguem os padrões de qualidade exigidos por lei correm o risco de serem condenadas a pagar altas quantias em forma de indenização para colaboradores que adquiriram algum problema de saúde proveniente do ambiente de trabalho.

Outro risco é o gasto exacerbado com pessoas afastadas, ausências e a alta rotatividade de funcionários, o que costuma sobrecarregar o restante das equipes.

Motivos das doenças

O trabalho é a atividade que mais pode colaborar para que uma pessoa fique doente. Certo ou errado?

Errado e certo! Depende. O trabalho, quando desempenhado de forma correta, com prazer e desenvoltura, é a melhor terapia e a maior barreira emocional contra as doenças. Ele só passa a ser um problema quando as pessoas deixam de ter prazer em desenvolver suas atividades, ficam desmotivadas ou sofrem algum trauma físico ou lesão. Muitos vivem sob estresse elevado, cheios de metas para cumprir. Outros sofrem pressões físicas – o corpo já não tem saúde, nem vitalidade, para desempenhar as tarefas. Isto ocorre principalmente devido ao sedentarismo e à ausência de programas de incentivo à atividade física dentro das empresas.

Até traumas emocionais, como agressões, brigas, assédios morais e sexuais, podem ser evitados, ou reduzidos, com medidas simples.

“A base inicial de toda prevenção é o treinamento do colaborador na execução de suas atividades de forma correta e segura. É essencial aliar postura, conforto e produtividade”, afirma Dr. Luiz.

 

Principais problemas

As doenças adquiridas devido a um ambiente de trabalho inapropriado ou pela falta de informação do colaborador sobre como desenvolver sua atividade estão entre os principais motivos de afastamentos, pagamento de indenizações e redução da produtividade. Entre essas, estão: perda auditiva, problemas de coluna, lesões por esforços repetitivos e distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (LER/DORT), fadiga, depressão, entre outros.

Para as grandes e médias empresas e outras que desenvolvem atividades com fatores de risco, de acordo com o médico, o exame periódico, mais do que uma formalidade legal, é o momento adequado para que o colaborador converse com o responsável pela Medicina do Trabalho sobre qualquer dificuldade ou desconforto em suas tarefas. Já para aquelas instituições que desenvolvem atividades nas quais a legislação não exige estes programas, ou empresas pequenas, comércio e prestadores de serviço, até na área de saúde, a conscientização é o primeiro passo para se implementar mudanças.

Saúde & Empresas

Nesse especial sobre a saúde nos ambientes de trabalho, vamos abordar algumas áreas bem específicas, como a audição, um dos nossos sentidos mais vitais para a comunicação e desenvolvimento pessoal; o sono, nosso principal restaurador de saúde; temas ligados a vícios (tais como fumar e beber); problemas de coluna e até questões relacionadas a realização pessoal e profissional.

Perda auditiva

A engenheira civil Silvana Stumm, especialista em perda auditiva no ambiente de trabalho, explica que problemas de audição dentro das empresas são uma das doenças ocupacionais mais comuns, que acomete 25% da população brasileira produtiva, principalmente na construção civil. “Isso ocorre porque o ruído, principal causador desse distúrbio, é muito intenso na maioria dos equipamentos e funções neste tipo de trabalho. Outros setores também são acometidos, como a indústria, o transporte, a saúde e a agricultura”, declara, mas é preciso verificar sempre o ambiente em que os colaboradores estão expostos.  “O cenário atual permite que medidas de controle possam ser aplicadas, tanto na fonte do ruído, na trajetória do som, como o uso de EPI (equipamento de proteção individual)”, acrescenta. Porém, problemas nesses setores ainda existem e a informalidade, principalmente na construção civil, contribui para essa situação.

“Essas empresas não regularizadas tendem a não obedecer as normas de controle e proteção regulamentadoras, especialmente a NR 18, do Ministério do Trabalho, que trata das condições e meio ambiente na indústria da construção”, enfatiza a engenheira. Em empresas legalizadas, tanto na construção, como indústria e outros ramos, são realizados treinamentos e os funcionários recebem orientações sobre o uso correto de ferramentas, máquinas e EPIs.

Devemos estar atentos aos decibéis: a norma regulamentadora para atividades laborais que envolvem o ruído é a NR 15. Para um nível de ruído de 85 dB(A), a exposição máxima diária permissível é de 8 horas. Quanto mais alto o ruído, menor deverá ser o tempo de exposição. Esses níveis variam de acordo com a tarefa a ser executada.  “Por exemplo, uma serra circular de bancada emite ruído entre 91 e 95 dB(A). Para 95 dB(A), segundo a norma, a exposição máxima diária não deve ultrapassar 2 horas”.

De acordo com Dr. Maurício Buschle, otorrinolaringologista e chefe da equipe multidisciplinar do Hospital Iguaçu, o assunto da perda auditiva laboral é tão sério, que existem pesquisas a respeito desde o século XVIII. “As pessoas podem sofrer fortes dores de cabeça, tontura, tremores, zumbido, insônia, elevação da pressão arterial, irritabilidade, depressão, alterações cardiovasculares e gástricas, além da dificuldade de comunicação e da perda auditiva, que é irreversível”, destaca o médico.

Silvana faz questão de ressaltar que a perda auditiva é imperceptível no princípio e que não acontece só nas altas frequências.

Um alerta para a juventude

Foi exatamente nesta área que a fonoaudióloga Karyn Lia Hamad Anjelo, especialista em Audiologia Clínica e com mestrado em Enfermagem, participou de um estudo sobre ruído na saúde ocupacional, focado no ambiente de academias de ginástica. “Constatamos que 65% dos professores consideram seu local de trabalho muito barulhento e apresentam queixas como zumbido, tontura, dor de ouvido, irritabilidade, desconforto, insônia e muitas dores de cabeça”, ressalta a fonoaudióloga. Segundo ela, os níveis de pressão sonora de algumas academias chegaram a 100,1 dB(A).

Karyn faz um alerta: segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), a poluição sonora é considerada o terceiro tipo de poluição que mais atinge a população do planeta. “Nossos jovens estão cada vez mais expostos aos ruídos, quer trabalhem ou não com eles. Usam mp3/mp4, ficam pendurados no celular, vão a shows musicais, casas noturnas e sofrerão, sim, perdas auditivas”, declara a fonoaudióloga, citando que na Europa e nos Estados Unidos já existem casas noturnas e de espetáculos que distribuem protetores auditivos para o público. “O que estamos descobrindo na prática é que o Brasil terá uma geração de jovens surdos, pois se submetem a elevados níveis de ruídos sem qualquer tipo de proteção ou prevenção”, finaliza.

Dr. Maurício Buschle, que é responsável pela área de implante coclear do Hospital Iguaçu e é  professor da Universidade Federal do Paraná, reforça a tese e declara que no ambiente profissional o recomendado é sempre, empresa e colaborador, adotarem juntos medidas preventivas. “Agora, se e o distúrbio já existir, independentemente da causa, seja por ruído ou não, ocorrida no ambiente de trabalho ou por frequentar outros lugares com essas características, o médico deve ser procurado”, recomenda. Hoje, de acordo com Buschle, é possível encontrar, dentro da área de audiologia, diversas opções dentre as tecnologias dos aparelhos auditivos, procedimentos e até implantes, que permitem a essas pessoas voltarem a escutar.

Confira os temas que vamos abordar para a sua saúde, da sua empresa e seu ambiente de trabalho, equipe, colegas e colaboradores, e aumente a sua produtividade.

Boa leitura!

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