Bem Estar

Quando os resultados superam as expectativas

A prática correta do pilates proporciona muito mais que a restauração física do corpo: traz disposição, vitalidade e saúde plen

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Muita gente associa o pilates somente ao fortalecimento muscular. Entretanto, é preciso ressaltar também o importante papel do método como cura para várias patologias. “O pilates preza pela consciência da biomecânica corporal, associando respiração com contração abdominal. Os praticantes acabam recompondo estruturas fisiológicas e mecânicas que tinham se perdido pela falta de manutenção postural”, explica a fisioterapeuta Dra. Ana Rita Bondaruk, da Clínica Bondaruk, de Curitiba.

Foi com a prática correta do pilates que Carmen Sueli Japiassu, de 53 anos, encontrou a solução para as dores crônicas na coluna e joelhos que sentia há mais de 30 anos. “Já tinha experimentado várias outras técnicas e tratamentos, inclusive com indicação cirúrgica; a dor era tanta que cheguei a ficar internada para tratá-la”, lembra ela.

Felizmente, a cura acabou surgindo – e trazendo consigo uma série de outros benefícios. “Quando comecei a praticar pilates de forma especializada, as dores diminuíram. Hoje me sinto mais tranquila e equilibrada física, mental e emocionalmente, voltei a fazer coisas que há muito tempo não fazia”, diz.

Sob medida

A coluna vertebral é uma complexa cadeia óssea que aloja uma rede ampla e delicada de ramificações nervosas. Fatores posturais e o estresse da rotina diária geram compensações musculares e esqueléticas que podem acarretar no pinçamento dessas ramificações e gerar disfunções que acarretam sintomas – inclusive, a dor.

Segundo a Dra. Ana Rita, as disfunções sintomáticas pré-estabelecidas por cada indivíduo facilmente podem ser tratadas com a fisioterapia tradicional. “Porém, o pilates vai além, atuando não apenas no sintoma aparente da disfunção, mas sim na sua causa principal, no seu foco, melhorando todo o contexto corporal e as habilidades esquecidas pela memória de funcionalidade do organismo”, salienta.

A forma adequada de aplicação do método é estabelecida por meio de uma avaliação biodinâmica de cada praticante, incluindo informações detalhadas sobre suas atividades rotineiras, e a observação criteriosa de um profissional capacitado. “Nesta avaliação, identificamos os pontos que causam as disfunções e os sintomas do praticante, que não podem ser atenuados com exercícios de pilates mal orientados”, salienta a especialista. “Em alguns casos, a respiração chega a ser a ‘cura’ para a queixa principal”, enfatiza.

Outra praticante que obteve resultados surpreendentes foi a costureira Amir Cassemiro, de 62 anos. “Há cinco anos sentia dores no quadril, coluna cervical e lombar, braços e pernas, enfim, em todo o corpo. Consultei vários médicos, fiz fisioterapia, hidroterapia, mas só melhorei com o pilates”, relata. “As dores diminuíram muito, melhorou minha disposição e meu ânimo pela vida”, acrescenta.

Após uma angioplastia, a empresária Simone Tacla Zaramella, de 45 anos, passou a sentir dores intensas na coluna, no braço e na mão esquerda. “Passei por vários médicos e exames até descobrir que tinha um pinçamento e compressão na coluna cervical que me causavam as dores”, lembra. Na avaliação para praticar o pilates, a paciente descobriu também que tinha uma compressão na coluna lombar, o que lhe causava formigamento nos pés. “Hoje não sinto dor, não tomo mais remédio; voltei a viver”, festeja.

Efeitos da respiração

O diafragma é o principal músculo da respiração. Abaixo dele se encontram todos os órgãos abdominais: estômago, pâncreas, baço, fígado e intestino. O movimento inspiratório do diafragma, além de aumentar a capacidade pulmonar, tem como função mobilizar esses órgãos, auxiliando o metabolismo. Na expiração, ocorre o retorno destes órgãos para o posicionamento inicial.

De acordo com o fisioterapeuta Dr. James R. Nifa dos Santos, quando a respiração se torna curta e rápida, os movimentos peristálticos dos órgãos ficam diminuídos, ocasionando uma lentidão de toda a resposta metabólica visceral, o que influencia também na capacidade pulmonar, que se torna inadequada. Além disso, se não há respiração adequada, não há oxigenação eficiente percorrendo as estruturas corporais, o que pode gerar estresse, cansaço, dores e padrões emocionais alterados, interferindo no processo da consciência e memorização corporal.

 

Dor na coluna ou dor da coluna?

A popular dor nas costas é muito mais comum do que imaginamos e gostaríamos. Estima-se que 80% das pessoas já sofreram – ou ainda vão sofrer – de dores lombares em algum momento da vida, e que 55% têm ou vão ter dor na coluna.

Para especialistas, nem sempre a responsável pela dor nas costas é a coluna: uma coisa é ter dor “da” coluna, outra é ter dor “na” coluna. A dor “da” coluna é causada pelas estruturas dessa região, como corpo vertebral, discos, ligamentos, tendões. A dor “na” coluna tem origem nas estruturas adjacentes, como quadril, pernas, joelhos e pés, que causam impactos e alterações mecânicas na coluna.

Hérnias de disco são responsáveis por grande parte das dores na coluna.  A boa notícia é que o pilates vem sendo utilizado e recomendado por médicos e ortopedistas como um tratamento de muita eficiência para o problema. O pilates foca a origem do problema, fazendo as correções mecânicas que ocasionaram a hérnia discal,  além de promover a boa postura, o que se reflete no estado de espírito, desenvoltura e disposição.

Cuidados O que o pilates pode desencadear se não for praticado corretamente?

Dra. Ana Rita adverte, porém, para os riscos da prática incorreta do pilates. Quando mal realizado, ele pode potencializar o surgimento de patologias como a incontinência urinária, o prolapso urinário (queda de bexiga), alterações vasculares anais (hemorroidas) e enfraquecimento do períneo.

O pilates foi desenvolvido priorizando a cadeia biomecânica global em todos os movimentos executados. “Quando não é praticado adequadamente, os exercícios têm efeito contrário, podendo transformar o alívio dos sintomas em lesões.”, esclarece o Dr. James.

Uma pessoa com condições normais de saúde e sem nenhuma alteração pode adquirir um distúrbio urinário pelo excesso de esforço provocado pela musculatura do abdome. “Uma respiração inadequada gera o aumento da pressão abdominal, empurrando e pressionando órgãos para baixo e comprometendo a musculatura do assoalho pélvico (responsável pelo suporte e controle dos órgãos genitais). A falta do controle respiratório pode levar a compensações da cadeia muscular posterior, aumentando a curvatura lombar e causando lombalgias que antes não existiam”, adverte o fisioterapeuta.

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