Medicina

Próstata: o que fazer para evitar o pior

Prevenção e cirurgia com novas tecnologias livram os homens da HPB e suas consequências, devolvendo-lhes a qualidade de vida

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Durante 12 anos, o empresário Marcílio Angelo, 66 anos, sofreu de problemas na próstata. Em um exame de imagem a próstata estava com um tamanho maior que o normal. Marcílio tratava o incômodo com medicação, de uso contínuo, e o desconforto recomeçou com maior intensidade. “Tudo começou com a diminuição do jato de urina e o aumento da próstata, até que progressivamente meu caso chegou ao extremo de trancar 100% a passagem da urina, começando a afetar os rins. Usava sonda, que punha e tirava sem resolver a situação; sem falar na dor que era pavorosa”, conta o paciente.
O aumento benigno da próstata, também denominado de hiperplasia prostática benigna (HPB), é condição intimamente relacionada ao envelhecimento do homem e pode acometer até 60% do público masculino por volta dos 70 anos e 70% em torno dos 80. O problema é que os sintomas do trato urinário relacionados à doença podem causar prejuízo significativo à vida dos pacientes, como ocorreu com Marcílio.
“Dificuldade para iniciar a micção (principalmente pela manhã), jato urinário fraco, sensação de esvaziamento incompleto da bexiga e necessidade de acordar à noite para urinar são os sintomas mais comuns da HPB, que se inicia em homens com mais de 40 anos, e sintomas urinários severos podem ocorrer em até 30% dos homens com mais de 65 anos”, adverte o urologista Dr. Mark Fernando Neumaier.
“Quando vi que a minha situação não estava sendo solucionada, apesar de todas as tentativas com medicação, consultei novo especialista, que solicitou exames e indicou tratamento mais adequado, cirurgia e vaporização, o que me libertou das dores, me devolvendo a saúde e meu bem-estar. Saí do hospital sem sonda e hoje estou me sentindo um jovem de 20 anos!”, comemora o paciente.

Entenda a HPB
A próstata é um órgão que está localizado abaixo da bexiga, na frente do reto. No homem adulto, a próstata tem o tamanho aproximado de um limão, pesando cerca de 20 gramas, e envolve a uretra, que conduz para fora a urina que se acumula na bexiga. A glândula produz (secreta) um líquido que se junta à secreção da vesícula seminal para formar o sêmen (esperma) e auxilia no transporte dos espermatozoides, produzidos nos testículos, até a sua ejaculação durante o ato sexual.
A HPB é uma condição benigna caracterizada pelo aumento do volume prostático, que pode obstruir a uretra. A proporção de homens com sintomas cresce significativamente com o avançar da idade. “O homem nem sempre procura o seu urologista, muitas vezes por preconceito. Os sintomas urinários inicialmente são pouco perceptíveis, mas podem evoluir para infecções urinárias recorrentes e até insuficiência renal. Daí a importância do exame preventivo e indicação do tratamento adequado em casos severos”, alerta Dr. Mark.

Causas e tratamento
A origem da HPB é multifatorial, ainda não há evidências fortes de que o tabagismo, a vasectomia, a obesidade e o consumo excessivo de álcool possam representar fatores de risco para o desenvolvimento da doença. “Os únicos fatores de risco bem estabelecidos para a HPB são a idade e alterações hormonais”, acrescenta o urologista.
Pacientes com sintomas leves, sem prejuízo à qualidade de vida, podem ser simplesmente observados. Pacientes com sintomas moderados podem se beneficiar do tratamento com medicamentos, enquanto que pacientes com sintomas severos têm indicação do tratamento cirúrgico (prostatectomia / ressecção transuretral da próstata). “O tratamento cirúrgico é indicado para casos severos ou que não melhoraram com o uso de medicação. Também é recomendado para homens com retenção urinária, infecções ou sangramentos recorrentes e para pacientes com cálculos (pedras) na bexiga”, explica o médico.
O procedimento pode ser feito através da uretra, com a técnica chamada RTU (ressecção transuretral) ou por via aberta (prostatectomia suprapúbica). Em geral, a RTU é indicada quando a próstata tem volume inferior a 80 gramas, enquanto que a prostatectomia suprapúbica é reservada para próstatas mais volumosas. “A cirurgia para HPB não visa remover toda a próstata, mas sim a sua porção interna que causa a obstrução ao fluxo urinário”, conclui o urologista.
Mais recentemente surgiram novas tecnologias para o tratamento cirúrgico da HPB: o laser e a vaporização prostática (Plasma Button). “Essas novas tecnologias são especialmente importantes para homens com problemas de coagulação ou que usam anticoagulantes, pois reduzem o risco de sangramento durante e após a cirurgia”, finaliza o especialista.

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