Medicina

Prevenção é tudo

Exames periódicos podem evitar a evolução do câncer de próstata, que conta hoje com moderna técnica cirúrgica realizada por robô para tratar a doença

Câncer de próstata é um tema comum entre o público masculino. Afinal, a maioria dos homens conhece algum amigo ou parente que foi diagnosticado com a doença. Entretanto, mesmo assim, postergam ou evitam ao máximo a consulta com o urologista por medo, falta de tempo e até vergonha. Acham que enquanto não presenciarem sintomas estarão a salvo. O que é um equívoco.

O câncer de próstata é a neoplasia de órgão sólido mais comum do homem e a segunda que mais mata, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA). O principal fator de risco é a história familiar em parentes de primeiro e segundo graus, o que aumenta em quatro vezes o risco de desenvolver a doença. “Ao contrário do que muitos pensam, a maioria dos casos é assintomática, ou seja, sem sintomas. Mesmo em estágios iniciais, ainda pequenos, podem enviar metástases antes mesmo de crescerem e se manifestarem localmente”, adverte o urologista Dr. Mark Fernando Neumaier.

A técnica cirúrgica mais moderna

Os exames rotineiramente empregados para o diagnóstico são o PSA (antígeno prostático específico) e o toque retal. Quando um desses exames estiver alterado, pode ser recomendado a biópsia da próstata, realizada sob sedação e então pode ou não ser confirmada a presença de neoplasia.
Foi o que aconteceu com o técnico de cabeamento Ademir da Silva, 63 anos, que em decorrência de um problema no braço aproveitou para fazer outros exames e acabou chegando ao inesperado diagnóstico de câncer de próstata. “Não sentia nada na região, mas os resultados dos exames me levaram direto à biópsia e ao diagnóstico do câncer. Felizmente, fiz a cirurgia a tempo, em novembro do ano passado, e há dois meses tive a confirmação de que estou curado!”, comemora o paciente que preservou sua função urinária e a potência sexual.

Existem diversas modalidades de tratamento. As mais empregadas são a cirurgia e a radioterapia. Dentre os tratamentos cirúrgicos, a técnica aberta é a mais antiga, com resultados consolidados. A videolaparoscopia, muito utilizada no Brasil, foi a primeira técnica minimamente invasiva. Suas vantagens são principalmente o retorno mais precoce às atividades laborais e menores incisões.

“Recentemente, o robô tem ganhado cada vez mais espaço no cenário mundial. É a técnica cirúrgica mais moderna, em que o cirurgião opera fora do campo cirúrgico, com visão em três dimensões, filtro de tremor, magnificação do campo de visão em até dez vezes e braços articulados, facilitando a cirurgia”, assegura o especialista. Ainda não há estudos que demonstrem superioridade de uma técnica sobre outra. “Há, contudo, estudos mostrando recuperação mais precoce da potência sexual e da continência urinária com o robô”, complementa Dr. Neumaier.

O metalúrgico aposentado Jaci Rodrigues de Andrade, 66 anos, fez a primeira vez o exame de toque aos 49 anos, e não apresentou nada. Como sua mãe havia tratado de câncer por dez anos, ele sabia que era um possível candidato. “Fazia todos os anos o controle e aos 53 meu urologista diagnosticou alterações. Fiz uso de remédios, mas continuava aumentando e após uma biópsia a recomendação já era cirúrgica. Quis evitar inclusive a radioterapia, e passei a fazer uso de injeções que por cinco anos amenizaram meu problema. Mas, pelo risco de metástase, fui encaminhado para um cirurgião especialista”, declara Jaci, que em 2014 fez a cirurgia e hoje tem uma vida normal. “Sigo à risca todas as recomendações médicas, isso é vital para manter a boa saúde do meu sistema urinário e a função sexual”.

O melhor remédio é a prevenção

As complicações mais temidas do tratamento são a impotência sexual e a incontinência urinária, pela proximidade da próstata com o esfíncter urinário e dos nervos responsáveis pela ereção. A incidência da incontinência varia de 3% a 15%, enquanto que a impotência varia consideravelmente e tem relação com a idade e a função sexual previamente à cirurgia.

Cada caso é um caso, e tudo vai depender do estágio da doença e das condições de saúde do paciente. Daí a importância de consultar regularmente um urologista após 35 anos de idade. Os dois filhos do Jaci já sabem disso e vão evitar ser surpreendidos com a doença, que é silenciosa. “Para a prevenção, independentemente de haver fator de risco, a adoção de um estilo de vida saudável, com a prática de atividades físicas regulares, dieta equilibrada e não fumar reduzem a incidência”, conclui Dr. Mark.

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