Bem Estar

Preenchendo o vazio existencial

A logoterapia fornece as respostas que as pessoas buscam para descobrir o sentido da própria vida e o caminho da felicidade

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É natural do ser humano buscar sempre algo que faça a sua vida valer a pena, algo que dê um sentido para sua existência. O problema é que, muitas vezes, a vontade de encontrar esse sentido aparece na forma de uma frustração. Quando isso acontece, a pessoa experimenta um vazio interior, ou “vazio existencial”, como definiu o médico psiquiatra austríaco Dr. Viktor Frankl (1905-1997), criador da logoterapia e análise existencial – uma psicoterapia centrada na busca do sentido da vida. De acordo com Frankl e seus ensinamentos, não é possível conceber a existência sem o seu sentido, assim como não se pode imaginar a luz sem a claridade.

Este fenômeno da procura pelo sentido da vida – “um interesse primário do ser humano”, de acordo com a logoterapia – vem sendo muito difundido a partir da década de 1980 e atinge uma grande parcela da juventude em todo o mundo. “Trata-se de um estado psicológico que se manifesta com o tédio e a apatia, podendo levar à depressão, agressividade e vício, e que aparece também pela vontade exagerada de prazer, de poder e de dinheiro, tão comum nos dias de hoje”, afirma a psicóloga Dra. Maria Valdívia Pappen Cardoso, que tem experiência de 18 anos nessa linha de trabalho, atuando com a logoterapia no tratamento de pessoas que apresentam esses sintomas, mas que desejam uma nova vida.

De acordo com a psicóloga, quando falta o sentido da vida, que, ao ser realizado, poderia fazer feliz uma pessoa, se instala o vazio interior. “O perigo é que essa pessoa pode procurar o sentimento de felicidade mediante um desvio, como o abuso de substâncias químicas entorpecentes ou até a violência e agressão à própria vida e à dos outros, como cada vez mais vem acontecendo na atualidade”, acentua Dra. Maria Valdívia.

“O ‘vazio existencial’ não necessariamente se manifesta. Ele pode permanecer latente, mascarado pela correria do executivo, por exemplo, que, pela vontade de poder ou do dinheiro, reprime a vontade de sentido, pois não tem tempo de pensar em si mesmo; ou daquele que, pela ociosidade, reprime a vontade de sentido com a bebida, jogos, baladas, etc”, acrescenta a logoterapeuta.

 

Nova percepção da realidade

A logoterapia é uma psicoterapia que permite ao paciente descobrir as respostas que o farão renascer para uma nova vida, fazendo-o compreender e aceitar de forma positiva os seus problemas pessoais, doenças, traumas, as pequenas e grandes dificuldades da vida, frustrações, a falta de oportunidade, situações difíceis no trabalho e o estresse cada vez mais intenso da vida moderna.

A primeira consulta é a entrevista psicológica, em que a profissional busca levantar as queixas e os sofrimentos do paciente, dando as orientações necessárias. Então começam as etapas do tratamento: primeiro vem a fase do relaxamento, momento em que o paciente é conduzido a uma interiorização, proporcionando seu bem-estar, facilitando a eliminação do estresse, equilibrando sua respiração, ritmo cardíaco e cerebral, e iniciando o resgate de sua saúde física, emocional e espiritual.

A segunda etapa é a da positivação, em que a pessoa aprende a separar de si mesma os seus sofrimentos, a comandar o seu inconsciente e a buscar um “sentido” que mostrará “para quê” quer a cura. Na última etapa, é identificada a origem dos sintomas, promovendo a reconstrução emocional para um novo “vir a ser”. “Assim, a própria pessoa reformula seus condicionamentos e identifica registros positivos. O processo de mudança é rápido, porque a pessoa acaba tendo uma nova percepção de sua realidade e se conecta com um novo nível de consciência”, finaliza a psicóloga.

 

Depoimento: despertando para uma nova vida

“Quando iniciei o tratamento através da logoterapia, estava totalmente perdida a respeito de mim mesma e de minha vida, sem um lugar certo neste mundo. Não fazia mais parte de nada, não via mais sentido nas coisas e em ninguém. Minha infância e adolescência foram muito traumáticas, com brigas constantes entre meus pais, e isso se refletiu em mim e meus irmãos, causando desunião familiar.

Com a morte de minha mãe, me desestruturei ainda mais. Perdi totalmente o sentido da minha vida, abandonei meu emprego, me afastei das pessoas mais próximas e culpei meu pai pelo sofrimento de minha mãe. Procurei ajuda médica por sentir dores em meu corpo e iniciei um tratamento com antidepressivos que me causavam ainda mais mal-estar.

Quando li uma matéria sobre a logoterapia, com a qual me identifiquei bastante, resolvi procurar ajuda. Confesso que hoje sou outra pessoa. Reconciliei-me com meu pai, de quem estou mais próxima, aceitei a morte da minha mãe e as dores do meu corpo acabaram. Enfim, abriu-se uma porta para uma nova vida e meu coração hoje está cheio de amor, de esperança e coragem. Consigo sentir o perfume das flores e contemplar a vida.” – Maria de Lourdes*, 48 anos.

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