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Por que é tão difícil emagrecer?

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Não é nada incomum uma pessoa com sobrepeso ou obesidade já ter experimentado todo tipo de dieta para perder peso. Essa é, inclusive, uma situação frequente nos consultórios de nutrologia: quatro em cada cinco pacientes afirmam que já tentaram todas as dietas disponíveis, inúmeros medicamentos, muita atividade física e não conseguem emagrecer. Se conseguem, o fazem com muita restrição alimentar, às custas de dietas mirabolantes e muitas horas de fome. Qual o resultado de tudo isso? Infelizmente, a recuperação de todo o peso perdido e até mais. “A consequente modificação de peso, com perda de muita massa magra (por falta de orientação especializada), ganho de massa gorda e as constantes alterações no metabolismo, tornam o emagrecimento cada vez mais difícil com o passar dos anos. Somando a isso as modificações hormonais próprias da idade, a tarefa fica ainda mais árdua”, adverte a médica nutróloga Dra. Debora Oro Froehner, com formação em Transtornos Alimentares pela Escola Paulista de Medicina (UNIFESP).

Assim, voltamos à dúvida magistral: por que é tão difícil emagrecer? “Se somente cortar pão, macarrão, bolo, biscoitos, açúcar, gorduras, etc., fosse suficiente para levar o paciente ao peso desejado, os livros e revistas de dietas tratariam qualquer pessoa. Mas sabemos que a tarefa não é assim tão fácil”, afirma a especialista, que sugere alguns passos para se alcançar o objetivo de perder peso, com saúde e sucesso.

Três passos para emagrecer com saúde

Avaliar se há alguma distorção entre a imagem que fazemos de nós mesmos e a nossa verdadeira imagem. “Não podemos nos comparar com modelos famosas, celebridades, imagens trabalhadas com Photoshop, etc. Também não devemos buscar a vida inteira o rosto dos 15 anos de idade ou o corpo dos 20. É importante achar um equilíbrio entre o que somos e o que gostaríamos de ser, pois, caso contrário, passaremos a vida em uma constante tortura psíquica”, acentua Dra. Debora. Muitas vezes, esse processo de autoconhecimento é feito mediante a ajuda de um profissional especializado, e reconhecer esta necessidade e buscá-la não é sinal de fraqueza, e sim de coragem.

Sempre é necessário avaliar o comportamento alimentar. Muitas pessoas vivem emagrecendo e ganhando peso, pois dizem não conseguir se controlar. Na verdade, elas apresentam algum tipo de comportamento alimentar alterado, ou mesmo um transtorno alimentar, como a fome compulsiva, o que torna a oscilação de peso constante e os resultados de inúmeras tentativas de emagrecer um verdadeiro fracasso.  “É preciso avaliar se a falta de organização nos horários de alimentação e a busca constante por alimentos muitos calóricos, ou outros do gênero, não passa apenas de sinais de uma ansiedade ou depressão. Também nessas situações é preciso procurar ajuda”, salienta a nutróloga.

Depois de identificar o problema, é preciso estabelecer um plano de ação, com metas possíveis de serem alcançadas e acompanhamento constante. “Lembre-se: não busque milagres e assuma sua responsabilidade no processo de emagrecer. Infelizmente, para os que ganham peso constantemente e perdem peso com muita dificuldade, apenas passar fome não é a solução para emagrecer. A avaliação do funcionamento do metabolismo é a chave fundamental para o processo de emagrecimento duradouro”, acrescenta.

Resultados surpreendentes

A analista de sistemas Márcia Maria Haas Rambo, de 39 anos, desde a adolescência teve problemas com ganho de peso. Além de ter histórico familiar de obesidade, sempre foi uma pessoa muito ansiosa e descontava a ansiedade na comida. “Em fevereiro de 2013, tomei a decisão de fazer a cirurgia bariátrica. Consegui emagrecer 40 kg e me sinto uma pessoa completamente diferente, mais disposta e com autoestima elevada”, comemora a paciente, que possui um vasto histórico de tratamentos frustrados para emagrecer.

“Com a cirurgia e o acompanhamento da nutróloga, meus hábitos mudaram totalmente. O sucesso da cirurgia bariátrica depende muito da mudança dos nossos hábitos alimentares e estilo de vida. Hoje, tenho prazer em comer legumes, verduras, proteína e aprendi que a alimentação saudável e a prática de exercícios são muito importantes para o sucesso do tratamento”, salienta a analista de sistemas, que além de perder peso, não tem mais as doenças associadas à obesidade. “Não sofro mais com apneia do sono e deixei de usar o aparelho para dormir, não tomo mais remédios para colesterol e triglicerídeos, minhas taxas de insulina e glicemia estão normais. Meu grande desafio agora é a manutenção do peso, para a qual o acompanhamento com a nutróloga continua sendo essencial”, finaliza a paciente.

O tratamento através da nutrologia também foi eficaz para a arquiteta Ivana Martins Becker, de 24 anos, que apresentava sobrepeso. “Consultei endocrinologista, fiz tratamentos mirabolantes, passei fome e nada resolvia o meu problema. Somente depois de realizar uma sequência de exames e fazer uma reeducação alimentar com a nutróloga é que consegui perder 8 kg em apenas quatro meses”, relata a paciente, que está menos ansiosa e mais disposta. “Ganhei qualidade de vida”, ressalta.

Emagrecendo de forma saudável

De acordo com a Dra. Debora, são muitas as variáveis a serem analisadas para se perder peso de forma saudável: desde os tipos de alimentos utilizados até os horários em que serão consumidos. A avaliação de como funciona cada organismo quanto à digestão, absorção e utilização dos nutrientes é essencial, pois cada indivíduo é único e o que serve para um pode não servir para o outro. “Uma flora intestinal desequilibrada, a resistência à ação da insulina, o excesso de cortisol, deficiências de vitaminas específicas, entre outros fatores, podem ser os causadores da dificuldade de se perder peso. Até modificações genéticas em sistemas de gastos metabólicos musculares podem ser avaliadas atualmente mediante análise de DNA e, em alguns casos selecionados, precisam ser investigadas”, explica a especialista.

O foco da busca constante do peso ideal deve ser desviado da vaidade para a saúde. De que vale um corpo magro às custas de desnutrição? De que vale um corpo em forma exposto às mais variadas doenças? “Devemos comer para viver e não viver para comer e, pensando assim, apenas uma reeducação alimentar associada ao ajuste do metabolismo, com medicamentos ou suplementos específicos, é capaz de trazer resultados e a paz para este constante processo de luta interior”, finaliza Dra. Debora Froehner.

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