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Obesidade: Um obstáculo no mercado de trabalho

Além de sofrerem com preconceito e discriminação, obesos podem ter a carreira seriamente prejudicada

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Ser visto como preguiçoso, afastar-se constantemente do trabalho devido a doenças relacionadas à obesidade, sentir-se discriminado. Essas são as queixas mais comuns de profissionais que sofrem com o excesso de peso. Além dos danos à saúde, à vida social e conjugal, os quilos a mais podem prejudicar, e muito, a vida profissional. Estudos realizados nos Estados Unidos apontam que quanto mais obeso o trabalhador, maior é o número de licenças médicas e dias de ausência no trabalho por ano e mais precoce é a sua aposentadoria.
No Brasil, esta tendência também já pode ser percebida. Em seu consultório, o médico Paulo Roberto Costa tem constatado uma maior procura por tratamentos contra a obesidade por profissionais de diversas áreas. O especialista explica que o indivíduo obeso, embora qualificado intelectualmente, pode ter dificuldade em exercer o trabalho escolhido em virtude da massa corporal elevada. “O espaço ocupado pelo obeso e a dificuldade de se movimentar faz crer que ele poderá ter dificuldade laborativa”, afirma o clínico geral, com especialização em obesidade, que há mais de 30 anos se dedica a saúde ocupacional.

Encarar o problema

As pesquisas também mostram que pessoas com sobrepeso têm mais dificuldade para conseguir emprego e geralmente ocupam cargos menos expressivos e  com pior remuneração. Um dos fatores que influenciam nessa condição é a falta de informação, principalmente da população de baixa renda, que assiste a um crescimento inesperado da obesidade em seu meio. Nessa esteira, muitas empresas deixam de contratar profissionais obesos, tornando-os excluídos do mercado de trabalho.
Diversas atividades que fazem parte da rotina de trabalho requerem certa agilidade, como subir escadas, passar por corredores estreitos ou ocupar espaços confinados, e tudo foi projetado para pessoas magras. Até mesmo as viagens se tornam um tormento para os obesos, pois o uso de poltronas de aviões se transforma em dificuldade. Segundo o especialista, os profissionais com índices de IMC muito acima do ideal são os que mais sofrem com as doenças e a dificuldade de mobilidade, mas também é comum pessoas com sobrepeso sofrerem discriminação com motivação estética, o que causa danos psicológicos sérios.
De acordo com Paulo Costa, a alternativa para se ver livre do problema e deslanchar na carreira profissional é atacar o problema de frente. O médico afirma que o primeiro passo é procurar um especialista que vai investigar os motivos do sobrepeso, avaliando o paciente como um todo. Depois disso, é feito o diagnóstico. Nessa avaliação são pesquisadas as causas da obesidade, como a tendência genética, hábitos de vida, problemas de saúde que causam ou contribuem para o excesso de peso e as causas de origem psicológica, como estresse, depressão, ansiedade e baixa autoestima.

Equipe multidisciplinar

O especialista observa que é com base nessa avaliação que deverá ser prescrito o tratamento, que pode incluir re-educação alimentar, exercícios físicos, medicamentos ou até mesmo a cirurgia bariátrica – conhecida por cirurgia de redução do estômago. Muitas vezes, existe a necessidade do apoio de outros profissionais de saúde, como por exemplo o psiquiatra, para tratar problemas como ansiedade e depressão, pois isso contribui para a obesidade, além de prejudicar a vida profissional. “Não dá para tratar apenas um fator isoladamente”, ressalta Paulo Costa.
A re-educação alimentar e a inclusão da atividade física na rotina do paciente, de acordo com o médico, já trazem melhoras na disposição, na saúde, no humor, aumentando a autoestima e a mobilidade. “É fundamental ter disciplina e força de vontade para mudar os hábitos de vida de modo que o sobrepeso não volte”, alerta Paulo Costa. Outra decisão importante é sempre buscar auxílio médico antes de tentar fórmulas e dietas mirabolantes para perder peso.
Só um médico especializado se preocupa em tratar o paciente como um todo, buscando a qualidade em todas as áreas da atividade humana. “Em paz com o seu corpo, profissionais de grande potencial conseguem alavancar suas carreiras sem serem discriminados”, completa.
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