Avanços da Medicina

O suor só é bom na medida certa

Cirurgia coberta total ou parcialmente pelos planos de saúde elimina definitivamente o suor em excesso

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Transpirar é uma função biológica essencial para regular a temperatura do corpo. Entretanto, para cerca de 1% da população mundial, a transpiração é um problema, pois se torna excessiva. Chamada de hiperidrose, essa disfunção é causada pela hiperatividade das glândulas sudoríparas e faz com que as pessoas se sintam constrangidas, prejudicando sua vida profissional e afetando os relacionamentos pessoais e sociais. A hiperidrose pode se tornar em um círculo vicioso, uma vez que a pessoa fica nervosa e acaba suando ainda mais. Acredita-se que fatores genéticos estejam relacionados ao surgimento do problema, que se manifesta mais frequentemente nas mãos, pés, axilas e região crânio-facial.
O tratamento clínico, feito com uso de cremes e ansiolíticos, é apenas uma solução paliativa e de resultado pouco satisfatório;  a cirurgia é o método mais indicado. “O procedimento, conhecido por simpatectomia, é rápido e seguro, feito através de vídeo e com mínimos efeitos colaterais”, garante o cirurgião torácico Paulo Boscardim.
A cirurgia indicada para quem sofre com a hiperidrose nas mãos, axilas e região crânio-facial é a simpatectomia torácica. Com a técnica é possível tratar também o odor das axilas e o rubor facial, que é a vermelhidão no rosto. Outra técnica, a simpatectomia lombar, é indicada para quem sofre com o excesso de transpiração nos pés.
Fim do incômodo
O procedimento consiste na secção ou clipagem do nervo que estimula o suor por meio de duas incisões de aproximadamente 5mm. Uma câmera que transmite a um monitor de vídeo imagens ampliadas é introduzida na região axilar, facilitando o corte preciso desse nervo. A cirurgia a rápida, levando cerca de 15 minutos para cada lado. A cicatriz deixada pelo corte é quase imperceptível. O resultado é imediato, a pessoa já sai do centro cirúrgico transpirando menos no local desejado.
A melhora na vida social pode ser percebida já nos primeiros dias, e é possível voltar às atividades do dia-a-dia em pouco tempo. Após aproximadamente um mês, a prática de exercícios físicos está liberada. A estudante Eliane Calamar dos Santos, de 32 anos, fez a cirurgia em julho de 2007 e pode observar o resultado imediatamente. Ela, que suava muito nas axilas, desde criança se sentia constrangida e evitava alguns tipos de roupa. “Agora transpiro normalmente e posso até usar blusas de manga”, comenta.
Indicação precisa
Outra causa de preocupação é a hiperidrose secundária, que ocorre por consequência de outras doenças, como obesidade, menopausa e distúrbios da tireoide. Nesses casos, é preciso tratar primeiramente a doença primária para depois, caso o problema persista, tratar a hiperidrose. O especialista explica que, para a indicação da cirurgia, é preciso analisar o grau de incômodo e constrangimento que a hiperidrose causa ao paciente. É comum que algumas pessoas tenham sua vida social e profissional abalada pelo problema, fazendo com que evitem situações corriqueiras de trabalho, como reuniões e viagens. Muitas também evitam o uso de certos tipos de roupas como regatas e sandálias.
O efeito colateral mais comum da cirurgia, ainda que o raro, é a hiperidrose reflexa, também chamada de compensatória. Quando ocorre, faz com que a pessoa passe a suar em outros locais do corpo. Alguns fatores indicam uma maior probabilidade da pessoa desenvolver uma compensação grave: ser do sexo masculino, ter índice de massa corpórea (IMC) superior a 26, hiperidrose crânio-facial e em pessoas que suam em outros lugares do corpo. “Esses fatores, em especial se combinados, indicam uma maior chance. Por isso se faz uma seleção rigorosa de pacientes, para diminuir a incidência da hiperidrose reflexa grave”, ressalta Paulo Boscardim, garantindo que a cura da hiperidrose por meio da cirurgia se aproxima de 100%.
A maioria dos planos de saúde cobre os custos do procedimento cirúrgico. Pessoas que não dispõem dessa condição podem procurar o Ambulatório de Cirurgia  Torácica e Cardiovascular no Hospital das Clínicas, onde a doença será tratada sem custo algum.
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