Terapias alternativas

O reconhecimento de técnicas milenares

A Medicina Tradicional Chinesa é cada vez mais valorizada no Brasil, a acupuntura se tornou uma especialidade médica e a Organização Mundial da Saúde reconhece mais de 140 doenças que são tratadas com efetividade pelas técnicas milenares

Refluxo, problemas gastrointestinais, constipação, enxaqueca, TPM, distúrbios do sono, hipertensão, fibromialgia, bruxismo, tensão e dores são algumas das doenças ligadas diretamente ao emocional, à ansiedade e ao nível de estresse. A Medicina Tradicional Chinesa atua diretamente nessa linha terapêutica, que, através de estímulos e ativações de pontos-chave do organismo, promove reações, desde o relaxamento profundo, a analgesia, o alívio das dores, das tensões físicas e emocionais. “Associamos diversas técnicas como acupuntura, eletroacupuntura, laser-acupuntura, auriculoterapia, estímulos de pressão, o uso de ventosas, moxa, fitoterapia chinesa, dietas restritivas ou suplementares, massagens, como o Tuina e a prática de atividades físicas que elevem o bem-estar, a melhora respiratória e até a meditação”, declara Dra. Raphaela Stephanie Pontes Macchi, fisioterapeuta e acupunturista, especializada em Terapia Intensiva e Medicina Tradicional Chinesa, Reabilitação Cardiopulmonar pelo Incor e Aromaterapia. De acordo com a especialista, que permaneceu três meses fazendo aperfeiçoamento em hospitais da província de Mianyang (China) em 2011, os médicos chineses tratam os pacientes tanto com a Medicina Tradicional como a Ocidental. Eles costumam resolver muitas patologias com a Medicina Chinesa e, caso não obtenham resultados, tratam com a Ocidental.

“A primeira atitude é avaliar os aspectos da vida do paciente, aferir a pulsação e respiração, ver o aspecto da pele e língua. Após a avaliação e o início das sessões, partimos para a suplementação, pois a acupuntura precisa de substratos. O organismo necessita ter precursores para que substâncias e hormônios, como a serotonina e a endorfina possam ser estimuladas e liberadas. Nós estudamos a dietoterapia chinesa, usamos alimentos, bebidas, plantas, fitoterápicos e suplementos naturais que irão colaborar para esta melhora tanto física como mental”, explica Dra. Raphaela. No Brasil, segundo a fisioterapeuta, essa é uma prática ainda pouco realizada pelos acupunturistas. “Os pacientes necessitam passar por um especialista em Nutrição para realizar uma correta avaliação e tratar suas carências”, enfatiza.

Sobre as patologias na prática

De acordo com a profissional, os distúrbios gástricos apresentam ampla melhora com as terapias. “O refluxo e a azia são excelentes exemplos; nestes casos, o tratamento tem muita procura, pois os resultados tendem a ser rápidos. Mas o bom resultado está ligado diretamente à participação e comprometimento do paciente ao tratamento”, explica Dr. Raphaela, que atua em conjunto com outros profissionais, médicos, como gastroenterologista e cirurgião do aparelho digestório; ela também é membra coesa da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica.
A paciente Ledi Lamb Winter, 64 anos sofreu por um longo período com refluxo e descobriu na acupuntura o alívio e o fim das suas crises. “No começo cheguei a fazer duas sessões por semana, passei para uma, virou quinzenal e hoje faço manutenção uma vez por mês. Para quem não acredita, me curei do refluxo e de todos os efeitos colaterais que trazia comigo”. De acordo com a terapeuta, a maioria das patologias está ligada ao lado emocional, tensão, traumas e o estresse. Segundo a Medicina Tradicional Chinesa, a restauração harmoniza até nossos pensamentos e emoções, por isso tem grande resposta na baixa da pressão arterial, em eliminar dores, restaurar a imunidade, vitalidade e disposição.

Julio Valentini Junior, 65 anos é adepto da Medicina Oriental há três anos. “Busquei por indicação médica, o doutor disse que ajudaria na dor neuropática e na ansiedade. Mas, ao longo das sessões, fui percebendo outros benefícios, como melhoras em relação ao meu humor, motivação, aumento da imunidade e pressão arterial mais baixa. Já havia feito anteriormente acupuntura, mas não com este resultado”, declara Julio, que não abre mão de suas sessões semanais. “Encontrei um tratamento que atende as minhas reais necessidades”, finaliza.

A bailarina Clarissa Loizel Muniz, 36 anos, conviveu por muito tempo com dor no nervo ciático e com o estresse, até que uma amiga recomendou a terapia. “Como sou bailarina, sempre estava com alguma lesão ou dor, e obtive melhora de praticamente 100%. Quanto ao estresse, a acupuntura foi excelente e em todas as sessões saí muito mais relaxada e tranquila”, relata. “Faço a cada 15 dias, mas se eu pudesse faria com mais frequência. Hoje tenho a Medicina Chinesa como algo essencial para o meu equilíbrio físico e mental”, afirma a bailarina, alegando ter percebido outros benefícios para seu organismo.

Visão científica

Antigamente a Medicina Chinesa e a acupuntura eram vistas como algo muito energético, ligados aos meridianos do corpo e buscavam restaurar esse equilíbrio. Hoje ela tem um grande impacto científico, comprovado. A Medicina Ocidental explica que a técnica estimula a liberação de inúmeras substâncias químicas que alteram o sistema nervoso e, dessa forma, age em todo o organismo, trazendo o equilíbrio e promovendo a restauração dos distúrbios orgânicos, causados principalmente pelas tensões emocionais.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), existe mais de 140 doenças tratadas pela Medicina Chinesa, que já são reconhecidas. “Diversos exames comprovam a acupuntura, eles descrevem sua ação efetiva, tanto na coloração em Ressonância Magnética, quanto em alterações químicas na análise do sangue. Há ainda algumas patologias que são tratadas, porém não compreendemos todo o mecanismo que conduz a cura. Hoje, 80% da resposta orgânica é entendida cientificamente. Tanto que recentemente ela também se tornou uma especialidade médica”, ressalta Dra. Raphaela Macchi.

“Um bom exemplo são as doenças nevrálgicas, como dores neuropáticas, nervo trigêmeo, paralisia facial, herpes zoster e sequelas de AVC. É preciso deixar claro que as técnicas orientais consistem em estimular o próprio organismo a promover o equilíbrio de suas funções. O estímulo pode ser realizado com agulhas, equipamentos elétricos, laser e pontos de pressão, associados a outras terapias que ativam as reações nos órgãos e outras regiões do corpo humano”, declara a acupunturista. Porém, no caso de sequelas de paralisia facial e AVC, a resposta dependerá da agilidade em se procurar o tratamento, pois, quanto mais cedo, maiores são as chances de resposta. Outra importante função da acupuntura é a de auxiliar e complementar inúmeros tratamentos médicos e terapêuticos.

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