Medicina

O fim das dores crônicas e neuropatias

Com diagnóstico e tratamento adequado, aliados à estimulação cerebral, é possível vencer esses sofrimentos

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Sentir dor faz parte da história do ser humano. É impossível existir alguém que não tenha sentido dor pelo menos um dia na vida.  O problema é que em algumas pessoas a dor persiste de uma forma contínua, mesmo após a cura de uma lesão ou associada à algumas doenças. A dor crônica afeta cerca de um terço da população mundial em algum momento da vida. Ela não tem função biológica de alerta, ou seja, é causada por desordens tanto de sistemas de percepção, quanto da dor. Isso prejudica o desempenho no trabalho, a vida pessoal, emocional, cognitiva e social do indivíduo. Esses problemas cognitivo-comportamentais podem levar a uma série de distúrbios e síndromes emocionais, até ao suicídio.

“Quando um tecido é traumatizado ocorre liberação local de substâncias químicas, imediatamente detectadas pelas terminações nervosas. Estas disparam um impulso elétrico que corre até a parte posterior da medula espinhal. Nessa região, um grupo especial de neurônios se encarrega de transmiti-lo para o córtex cerebral. Aí o impulso será percebido, localizado e interpretado”, observa o neurologista Dr. Rauph Guimarães. A neurologia hoje é uma das especialidades que mais vem obtendo respostas no tratamento das causas da dor, pois atua no mecanismo de sensibilização central.

“Utilizamos desde analgésicos não-opioides e opioides, antidepressivos, anticonvulsivos, moduladores de dor e até alguns tratamentos não-farmacológicos, como a estimulação cerebral não invasiva (neuromodulação) ou mesmo tratamentos cirúrgicos”, explica Dr. Rauph. As neuropatias periféricas são problemas neurológicos comuns. Sua prevalência é de 2% a 4% na população, índice que aumenta para 8% em pessoas acima de 55 anos. Elas ocorrem, principalmente, devido ao diabetes, mas a causa pode vir também de alguma doença sistêmica ou ser de origem genética.

Pode ocorrer dor severa, formigamentos, anestesia, redução de movimentos, fraqueza, fadiga, cãibras, perda de massa muscular (atrofia), úlceras, deformidades ósseas, vista embaçada, nível de sudorese reduzido, tonturas, desmaios, redução da pressão arterial, prejuízo da capacidade de regular a temperatura corporal, distúrbios das funções do estômago e do intestino, incontinência urinária e disfunção sexual. “A análise conjunta do histórico do paciente, exames clínicos e a eletroneuromiografia, que é um exame de avaliação dos nervos e dos músculos, permite definir o tipo de neuropatia e avaliar a evolução e o prognóstico”, conta Dr. Rauph. Por isso, é vital o trabalho multidisciplinar, envolvendo outros médicos e especialistas. “Somamos os esforços para eliminar todas as dúvidas e incertezas”.

Por serem comuns, as neuropatias são confundidas com quadros de má circulação, reumatismo ou artrose. “Primeiro o paciente procura um ortopedista, clínico geral, médico vascular ou rematologista. Só depois é que vai até o neurologista. Isso gera atraso no diagnóstico e na resolução do problema”, avisa.

Superação

Foi o que aconteceu com a ex-cozinheira Janete Luiza Glodzinski Lanchenski, que sofria de dores de cabeça há mais de 30 anos. “Cheguei até a cair e quebrar minha perna por conta do enfraquecimento que sentia”. Só depois de muito sofrimento que Janete chegou ao tratamento neurológico. “Fiz o exame de eletroneuromiografia e descobri o motivo da dor. Hoje tomo a medicação e não sinto mais dores”, comemora.

Outro caso de recuperação aconteceu com a jovem Francieli da Silva Paula Rosa, de 19 anos. Ela sofria de fraqueza, dor e formigamento nos membros inferiores de forma progressiva, e não andava mais. Natural de Pimenta Bueno, em Rondônia, sua família buscou tratamento em Curitiba. “Ficamos desesperados com o fato dela nunca mais andar”, conta a mãe Sirlene da Silva Paula. Francieli possuía uma doença chamada CIDP (Polirradiculoneuropatia Desmielinizante Inflamatória Crônica), que promove uma lesão ou disfunção em vários nervos periféricos e raízes nervosas. “Fizemos a eletroneuromiografia nas pernas e um check-up laboratorial completo. Com o resultado em mãos, iniciamos o tratamento”, explica Dr. Rauph. Em seis meses Francieli já estava andando.

Maria Julia Carneiro, de 14 anos, é mais um exemplo de superação. Há um ano, sua mãe Suzana Aparecida Carneiro a encontrou caída no banheiro. “Ela sofreu uma parada cardiorrespiratória, ficou nove dias em coma profundo. Os médicos falavam que minha filha poderia ter uma série de sequelas. A partir do nono dia ela começou a reagir e saiu do coma”, lembra Suzana. Dr. Rauph constatou que a menina tinha uma doença chamada Nama (Neuropatia Axonal Motora Aguda), uma variante da Síndrome de Guillain-Barré. “Graças ao tratamento, Maria Julia está recuperando sua vida novamente”, conta a mãe.

Dr. Rauph alerta que é importante que o paciente busque sempre um profissional capacitado. “A automedicação não é indicada em nenhum caso de dor, podendo desencadear sérios riscos a saúde”, conclui.

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