Endocrinologia

Evolução em cirurgias da tireoide

Nova técnica para retirada de nódulos reduz o corte e torna o procedimento mais seguro e menos dolorido

evolucao-em-cirurgias-da-tereoide+dr-lincoln-miyahira

Os nódulos na tireoide não precisam mais ser retirados com cortes extensos que marcam, horizontalmente, o pescoço dos pacientes. Em Londrina, o cirurgião de cabeça e pescoço Dr. Lincoln Miyahira adotou uma técnica cirúrgica mais sofisticada, que reduz a cicatriz em mais de 50%. Resultado: menos dor e sangramento, além do benefício estético.

Essa combinação é possível porque o especialista faz a tireoidectomia, que é a retirada total ou parcial da tireoide com o uso de um bisturi, que funciona por vibração mecânica. Esse equipamento já é largamente utilizado em cirurgias laparoscópicas e possibilitou que as cirurgias de tireoide pudessem ser minimamente invasivas. “A vibração desse bisturi desnatura a proteína, ou seja, coagula sem destruir o tecido, o que melhora a recuperação e diminui o sangramento no local”, detalha Dr. Miyahira.

Segundo o especialista, o corte reduzido traz enormes benefícios para os pacientes. “Não é só na parte estética, mesmo esta sendo muito importante, principalmente, para as mulheres. Mas há também uma melhora na evolução pós-cirúrgica, o paciente tem menos dor, reduz as chances de infecção, sangra menos e, com isso, a recuperação é mais rápida e o procedimento é mais seguro.” A cirurgia é feita com anestesia geral e o tempo médio de internação é de um ou dois dias.

Os nódulos da tireoide precisam ser sempre investigados, pois podem ser malignos. Dr. Lincoln diz que as mulheres são as mais afetadas, inclusive as jovens, o que faz da parte estética um ponto importante dessa nova técnica. “O corte da cirurgia convencional fica com 10 a 15 centímetros de extensão, já com o uso do novo bisturi o tamanho dele é reduzido para cerca de duas polegadas, o que equivale a cinco centímetros”, especifica.

O encaminhamento para a cirurgia pode ser feito pelo especialista de cabeça e pescoço, endocrinologista ou mesmo ginecologista. Segundo Dr. Lincoln Miyahira, pelo fato da incidência da doença ser maior em mulheres, muitos ginecologistas têm incluído exames de tireoide no controle de rotina, como dosagem hormonal (T3 – tri-iodotironina e T4 – tiroxina) e ultrassom na região.

A principal razão para se realizar a tireoidectomia é suspeita de câncer da tireoide. Mas mesmo em nódulos benignos há outras indicações como: tireoide muito aumentada ou com nódulos que levam a sintomas de compressão de estruturas cervicais, causando dificuldades para engolir e respirar; tireoides que cresceram em direção ao tórax, ou bócios mergulhantes; hipertireoidismo que não tem resposta ao tratamento clínico; e estético, quando o nódulo gera desconforto ao paciente.

O nódulo não causa dor, por isso a atenção precisa ser redobrada. “O câncer não altera a função da tireoide, mas a pessoa sente o caroço ou ele aparece nos exames de rotina. É recomendado que pacientes com história na família da doença ou que foram submetidos à radiação façam um ultrassom na tireoide”, orienta o profissional.

Tireoide: a glândula do metabolismo

A tireoide fica na parte central e inferior do pescoço, logo abaixo do “Pomo de Adão”, e tem a forma de uma borboleta. Ela é a glândula responsável pelo funcionamento do nosso metabolismo. “Ela tem a função de produzir o hormônio que atua sobre o nosso metabolismo, acelerando ou retardando sua ação”, descreve Dr. Lincoln Miyahira.

Esses hormônios são fundamentais e determinam com qual velocidade nosso corpo vai funcionar. Por isso, quem passa pela tireoidectomia precisa fazer controle frequente da dosagem desse hormônio e tomar remédios que contenham o hormônio tireoidiano. “A dosagem vai depender dos exames e sintomas que o paciente apresenta”, explica o especialista.

 

Fatores de risco

Dr. Lincoln Miyahira afirma que a incidência de câncer de tireoide tem crescido. Em parte, esse aumento é causado pela atuação preventiva, que agora permite um diagnóstico precoce da doença. O carcinoma papilífero é a forma mais comum de câncer da tireóide. Apesar disso, ele apresenta melhores chances de cura, chegando ao índice de 90%. A ocorrência mais frequente é na população entre 20 e 40 anos, sendo que, nas mulheres, o indice de ocorrência é duas vezes e meia maior do que em homens. Dados da Revista Brasileira de Cancerologia 2009 apontam que a incidência da tireoide vem aumentando em todo o mundo. No Brasil, não é diferente. Por aqui ocorrem 66 novos casos em cada 100.000 habitantes por ano.

+ Saiba mais