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Ninguém precisa ter receio ou vergonha pela perda auditiva. Existem várias soluções para resolver este problema

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Você sabe o que significa não ouvir bem desde pequena? Deixar de brincar porque os amiguinhos te excluem dos jogos, das atividades de grupo e até mesmo dos aniversários? Realmente é uma situação que ninguém gostaria de passar e, principalmente, a qual não desejaríamos que os nossos filhos sofressem.

A oficial de justiça Heve Estrela Ramos, que mora em Salvador e hoje está com 49 anos, sabe bem o que isso implica. Ela nasceu com perda severa de audição nos dois ouvidos. Naquela época, usava um aparelho auditivo que ficava visível e, mesmo assim, não escutava direito. Depois de sofrer bullying na escola, somente aos 13 anos ela fez a primeira cirurgia para colocar uma prótese que amplificava o som. “Quando completei 19 anos, encarei a segunda cirurgia e mais uma vez não obtive resultado. Só que estava tão traumatizada com o aparelho auditivo que não queria usá-lo de jeito nenhum, mesmo não ouvindo”, lembra Heve.

Ela foi encarando a vida com uma perda leve do lado direito e uma perda severa do lado esquerdo. “Nós, surdos, temos uma deficiência que não é visível, então levamos a fama de lerdos, mal educados e desatentos. Uma das coisas que me incomodava era em relação ao meu trabalho, pois como falo alto e lido com pessoas que geralmente estão com problemas na justiça, elas acham que estou brigando. Tento explicar que tenho problemas auditivos, mas ninguém acredita”, conta a oficial de justiça.

Quem sempre deu força para Heve procurar uma solução para o seu problema, foi o irmão que é médico. Depois de passar por vários profissionais, infelizmente sem boas respostas, ela estava quase se conformando. “Todos falaram que não tinha jeito e isso foi me desanimando. Até que uma amiga me falou de um novo aparelho implantável que já estava sendo realizado em Curitiba, não pensei duas vezes e fui pra lá”.

 

“Realmente temos muitas opções para recuperar a capacidade de ouvir. Claro que é necessária muita dedicação do paciente durante o processo de adaptação, mas hoje não existe perda de audição que não tenha correção”
orgulha-se o médico

 

Após passar por algumas consultas e exames, foi detectado que a reconstrução do lado esquerdo de Heve tinha saído do lugar. Visando solucionar este problema, a equipe médica que a atendeu fez então uma nova reconstrução da bigorna com pinos de titânio. O resultado foi muito bom, a perda severa passou para uma moderada.

O próximo passo de Heve foi a colocação de um moderno aparelho auditivo totalmente implantável. Dr. Maurício Buschle, otorrinolaringologista e chefe da equipe multidisciplinar do Hospital Iguaçu, explica que este aparelho fica invisível do lado de fora. Ele foi desenvolvido para reabilitar pacientes com perda auditiva condutiva, mista ou sensorioneural, de grau leve a severo, que tenham problemas com o uso do aparelho auditivo convencional.

 

A distância não é um empecilho

Mesmo morando em Salvador, em nenhum momento Heve achou que isso seria uma barreira para dar continuidade ao seu grande sonho. “Se tem solução temos que correr atrás. Quando fiquei sabendo desse aparelho, achei maravilhoso, não tive medo em enfrentar uma coisa nova. Encarei na esportiva, falava pra todo mundo que agora ia ficar ligada na tomada. O médico me passou uma segurança enorme no procedimento e não tem como não ficarmos confiantes. Estou escutando direito pela primeira vez na vida”, assegura Heve.

Faça todas as atividades sem tirar o aparelho

Um desses revolucionários aparelhos auditivos é o Carina. Com ele você pode jogar futebol, curtir uma piscina, surfar e até mergulhar. Afinal, ele é aprova d’água. Seu sistema é composto por um processador de som digital que recebe os sons do microfone, os amplifica e os transforma em energia mecânica. O processador é programado individualmente, conforme o problema do paciente. O microfone tem uma alta tecnologia que permite que os sons do meio ambiente sejam captados com qualidade, mesmo sob a pele, o que possibilita que os sons do corpo (como mastigação e circulação do sangue) sejam anulados e, portanto, se tornem imperceptíveis para o paciente. Os sons transformados em sinais elétricos são enviados ao processador de som e um transdutor envia a energia mecânica à orelha média, permitindo ao paciente ouvir com qualidade.

 

“Hoje não existe perda auditiva que não possa ser tratada. A tecnologia vem auxiliando e surpreendendo nos resultados”

 

Para carregar o Carina é preciso conectá-lo a uma bobina e esta a um carregador, que pode ser acoplado ao corpo. O processo leva meia hora e deve ser feito diariamente. “Esta prótese também é recomendada para pacientes nos quais o fator estético e as limitações de um aparelho auditivo convencional e das próteses semi-implantáveis sejam impedimentos para a reabilitação auditiva. Mas a primeira tentativa deve ser feita sempre com o aparelho auditivo convencional, as próteses implantáveis só são recomendadas se o paciente não se adaptar com o aparelho ou não obter o resultado esperado”, aponta Dr. Maurício.

Inúmeras possibilidades de tratamentos para você recuperar a audição

A alta tecnologia vem possibilitando grandes inovações em tratamentos e aparelhos auditivos para recuperar a capacidade de ouvir, seja uma perda leve, moderada, profunda ou severa. Até em casos em que a criança nasceu surda ou sem o conduto auditivo é possível dar a oportunidade dela ouvir. Dr. Maurício Buschle esclarece um pouco mais sobre os tratamentos:

 

Qual o tratamento ideal para casos em que a função do ouvido médio está bloqueada, danificada ou obstruída?

Dr. Maurício: o implante de BAHA (dispositivo auditivo ancorado no osso) pode ser a opção ideal para esses casos de perdas leves, moderadas e severas, pois ele ultrapassa completamente o ouvido médio.

Ao contrário dos aparelhos comuns, o som é enviado ao redor da área problemática ou danificada, estimulando naturalmente a cóclea através da condução óssea. Uma vez que a cóclea recebe essas vibrações sonoras, o órgão “ouve” da mesma maneira como ouviria através da condução aérea. O som é convertido em sinais neurais e é transferido ao cérebro, permitindo que o implantado perceba o som.

Como é feito o implante?

A técnica consiste no implante de um pino de titânio de 3 a 4 mm dentro do osso do crânio. Por fora, é encaixado o processador de som BAHA, que realiza uma vibração imperceptível e conduz o som, através do osso, até a cóclea. A colocação do aparelho é realizada depois de um período médio de três meses, tempo necessário para a integração do pino dentro do osso.

O resultado deste tratamento é imediato?

O BAHA é um tratamento com resultado 100% positivo e imediato. Porém, não serve para perdas sensorioneural, apenas para perdas de condução do som.

E no caso de perda profunda da audição, como é possível voltar a ouvir?

Nos casos em que a pessoa nasce surda ou perde completamente a audição devido a um acidente ou por problemas de saúde, o melhor tratamento é o implante coclear. O aparelho é um dispositivo que estimula eletricamente as fibras nervosas remanescentes, permitindo a transmissão do sinal para o nervo auditivo, a fim de ser decodificado pelo córtex cerebral. Ele é implantado na cabeça do paciente, capta o som ambiente, codifica em sinais elétricos e passa para os nervos auditivos, possibilitando a uma pessoa surda a capacidade de ouvir.

Qual é o momento certo para se submeter ao implante?

Quanto mais cedo se faz o implante, mais cedo a área do cérebro responsável pela memória auditiva é estimulada e melhores são os resultados. O aparelho é ligado um mês após o implante, tempo necessário para a cicatrização do ouvido e a integração do equipamento.

É possível recuperar a audição dos dois ouvidos?

Sim, já realizamos o implante coclear nos dois ouvidos e contamos com uma equipe extremamente preparada para realizar implantes cocleares. Investimos sempre no aprimoramento, trabalhamos, somente, com marcas renomadas e com tecnologia de ponta.

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