Avanços da Medicina

Entre a cama e a balança

Engordar prejudica o sono; a falta de sono impede o emagrecimento. Como sair desse círculo vicioso e conquistar mais saúde?

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Está errado quem pensa que atividade física serve apenas para acabar com as gorduras indesejadas e deixar o corpo torneado. “A atividade física é parte do tratamento de inúmeras doenças, inclusive os distúrbios do sono”, garante a médica neurofisiologista especialista em distúrbios do sono, Dra. Olga Judith Hernandez Fustes. “Os exercícios são como um protetor cerebral, que troca os estímulos compulsivos por pensamentos saudáveis. Isso interfere no corpo como um todo”, diz a especialista.

Madelon Cristiane Zolet Hurki, de 38 anos, empresária do ramo de estética, é prova da importância de se exercitar. Depois de engordar 45 kg, ela passou a ter dores de cabeça 24 horas por dia e já não conseguia mais dormir. “Foram sete anos de sofrimento. Fui a médicos, psicólogos, nutricionistas, neurologistas. E assim os anos foram passando, os sinais de cansaço acumulando, as dores de cabeça não passavam e eu engordava cada vez mais, mesmo comendo muito pouco”, relembra Madelon.

 

A solução chegou em 2014. “Quando vi uma reportagem sobre distúrbios do sono, acabei não só marcando consulta para mim, mas também para meu esposo, Rodrigo”, lembra. E a decisão foi mais que acertada: todas as taxas sanguíneas dele estavam alteradas por conta das apneias, as paradas respiratórias no meio da noite, que chegavam a deixá-lo sem ar por mais de 20 segundos. Para ter resultados mais precisos, o casal fez polissonografia, exame em que o paciente passa uma noite em observação. “Com o diagnóstico correto, passamos a usar aparelhos especiais para melhorar nossa respiração”.

Depois de uma semana, as noites voltaram a ser como antes e Madelon hoje é outra mulher. “Em uma semana usando o aparelho, as terríveis dores de cabeça desapareceram. Melhorei minha disposição para trabalhar, para viver meu relacionamento e para ser feliz! Já emagreci 25 quilos e estou renovada. Descobrimos, meu marido e eu, que dormir melhor era a solução para voltarmos a viver”, finaliza.

 

Dormindo melhor

Grande parte das pessoas, inclusive diversos profissionais médicos, confunde os sintomas dos distúrbios do sono com outras doenças. “A maioria da população não sabe que tem o problema, mas os sintomas são cada vez mais frequentes nos lares brasileiros, como síndrome das pernas irrequietas, ronco, apneia e insônia. Isso leva a pessoa a desenvolver sonolência, irritabilidade, complicações cardiovasculares, diabetes, AVC e outros males. Consultar um profissional especialista em sono para diagnosticar a doença o mais rápido possível é essencial”, alerta Dra. Olga.

Somente depois de buscar ajuda para o carpinteiro Pedro Euzébio, de 61 anos, conseguiu parar de roncar e realmente aproveitar a tão esperada aposentadoria. “Há oito meses eu achava que dormia, mas o meu cérebro não estava descansando. Fui até uma clínica de minha cidade e logo fui encaminhado para conversar com uma especialista em Curitiba. A distância não me impediu de buscar ajuda, porque eu queria muito dormir melhor”, afirma o morador da cidade de Fazenda Rio Grande.

Depois de seguir os conselhos da profissional, a vida do aposentado é outra. “Fiz a polissonografia e hoje uso um aparelho chamado CPAP para dormir. Agora, consigo deitar e dormir tranquilo. Estou muito feliz e minha família já sente os benefícios. Quando escuto uma reclamação ou queixa para dormir de amigos ou alguém da família, conto a minha história e recomendo 100% que investiguem, para ver se não é distúrbio do sono.”

 

Outros males

As crianças também necessitam de atenção e cuidado especial com o sono. “É comum os pais receberem a notícia de que um filho está com problemas na escola como se isso fosse um comportamento somado à fase de crescimento da criança. No entanto, casos de apneia do sono já são identificados também nos pequenos. É preciso prestar atenção em sintomas como irritabilidade e déficit de atenção em casa e na escola, e controlar as oito horas diárias de sono, já que dormir em excesso também é prejudicial à saúde”, alerta Dra. Olga.

Outra situação que está ligada diretamente ao sono são os acidentes de trânsito. “Se o paciente dorme mal, imagine como será seu comportamento no trânsito? Precisamos tratar a causa para melhorar a qualidade de vida dos pacientes e de todos os cidadãos diretamente relacionados a ele, seja em casa, na rua, no trabalho ou na sociedade”, alerta a profissional.

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