Bem Estar

Empresa saudável tem melhor desempenho

Distúrbios relacionados ao trabalho causam dor e podem evoluir, se não diagnosticados a tempo

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Posturas indevidas durante longos períodos, falta de cuidado nas acomodações profissionais e movimentos repetitivos são fatores que colaboram para o crescente número de vítimas de doenças laborais. Daí a necessidade de surgirem nas empresas os programas de promoção à saúde dos funcionários. A proposta é diminuir os casos de doenças ocupacionais, adotando exercícios físicos, alterações ergonômicas ou orientações para o bem-estar e a qualidade de vida dos trabalhadores.
Várias formas de atuação vêm sendo aplicadas nas empresas preocupadas com a saúde de seus funcionários. “No entanto, há muito por fazer para a prevenção e tratamento adequados de dores na coluna cervical, lombalgias, tendinites e outras doenças decorrentes do trabalho”, avalia o ortopedista Jefferson Roveda, do Hospital Pilar. Segundo o médico, o mais importante é a preocupação com o condicionamento físico de cada trabalhador, com o seu controle de peso e, principalmente, com a sintomatologia das doenças. Também é primordial a realização periódica de exames para investigação desses distúrbios e adoção das medidas preventivas estabelecidas na legislação.

Diagnóstico urgente

Atualmente, a ginástica laboral tem sido adotada nas empresas como meio de prevenção, especialmente de lesões no sistema músculo-esquelético. No entanto, é importante ressaltar seu caráter preventivo, visto que não é de competência da prática trabalhar com patologias já existentes, especialmente as doenças ocupacionais ca-racterizadas pelo comprometimento temporário ou permanente de estruturas ósseas, musculares, tendíneas, nervosas ou do tecido conjuntivo.
As conhecidas doenças ocupacionais, responsáveis por mais de 65% das ocorrências reconhecidas pela Previdência Social, incluem transtornos da coluna cervical, vasos, ossos, nervos, tendões e articulações, principalmente nos membros superiores. “São várias as causas que determinam uma lombalgia muscular, ligamentar, óssea, de disco ou até do tecido nervoso, portanto cabe ao médico uma investigação minuciosa para descobrir o tecido mais comprometido e tratá-lo”, argumenta o especialista, alertando que “quanto antes se fizer uma investigação, mais rápida será a recuperação do paciente, com menos riscos à saúde.”
Hoje, a prevenção de lesões, assim como um ambiente de trabalho adaptado ergonomicamente, é fator diferencial para o sucesso de muitas organizações, pois  reflete beneficamente no desempenho da empresa e na qualidade de vida dos colaboradores. As doenças no ambiente de trabalho, além de incapacitar trabalhadores, sobrecarregam a previdência social com o ônus dos tratamentos médicos especializados e até de aposentadorias por invalidez. “Por isso, é fundamental a adoção de medidas preventivas e o incentivo ao condicionamento físico”, salienta o ortopedista Glauco Pauka Mello. De acordo com o médico, muitas das cirurgias de coluna realizadas no Hospital Pilar, onde atende, poderiam ter sido evitadas se tivesse prevalecido uma profilaxia constante.

Incentivar hábitos saudáveis

Por causa de condições ruins no ambiente de trabalho, o trabalhador pode sofrer processos inflamatórios produzidos por diversos agentes físicos, químicos, biológicos, ergonômicos, elétricos e mecânicos. Esses microtraumas podem ter como fatores desencadeantes os movimentos repetitivos e até o estresse. Além disso, as atividades modernas são muito pobres em movimentos, tornando o trabalho mais dependente das máquinas. Cada profissão tem implicações características que podem influenciar em patologias específicas. Certas atividades exigem dos trabalhadores a ação dos mesmos grupos musculares por meses ou anos, podendo levar ao desenvolvimento de lesões.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) ressalta que o ambiente, as estruturas básicas e o desempenho no trabalho têm participação significativa na instalação das doenças laborais. Esses distúrbios causam inicialmente dor e podem evoluir, se não diagnosticados, para a incapacidade de realizar movimentos, de forma temporária ou mesmo permanente. “Um componente importante para reverter esse quadro é incentivar as pessoas a uma nova cultura de hábitos saudáveis, tornando-as capacitadas e condicionadas para a realização de suas atividades laborativas”, acentua Jefferson Roveda.

Tratamento diferenciado

No tocante às tendinites, os distúrbios mais comuns são a síndrome do impacto (ombro), epicondilite (parte externa do cotovelo) e epicondilite medial (parte interna do cotovelo).  Em geral, a tendinite causa dor nos tecidos que cercam a junta (articulação), especialmente depois que tenham sido muito usadas no trabalho. Em alguns casos, a junta pode também se tornar fraca, e a área pode ficar vermelha, inchada ou quente.
“Outra preocupação é com a tenossinovite, que surge do atrito excessivo do tendão que liga o músculo ao osso”, reconhece o ortopedista Paulo Sérgio Matschinske, ci-rurgião de membros superiores e mãos do Hospital Pilar. Este tendão é protegido por uma membrana que contém um líquido (sinovial). Os movimentos repetitivos realizados por digitadores, caixas, pianistas, entre outros profissionais, provocam a inflamação do tendão, causando a doença.
De acordo com o especialista, nesses casos o Hospital Pilar trabalha com um protocolo diferenciado, em consenso com os médicos do trabalho. “Primeiro fazemos o diagnóstico, explicamos a doença ao paciente e recomendamos que não pare de trabalhar, porque o condicionamento físico vai estimular o equilíbrio entre a produção do líquido sinovial e a retirada do líquido usado, corrigindo a falha do metabolismo que originou a lesão”, explica o ortopedista. Se o paciente procura o médico logo aos primeiros sinais da doença, o prognóstico melhora muito e há resolução do quadro. Se a duração dos sintomas é maior que quatro meses, a fibrose local torna-se muito grande e pode haver necessidade de intervenção cirúrgica.
Também para os casos de tenossinovites, Dr. Matschinske adverte que a única prevenção é o condicionamento físico, adquirido em pelo menos quatro horas de e-xercícios por semana, mesmo que a região afetada tenha que ficar protegida ou parcialmente imobilizada para evitar dor.
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