É preciso saber viver
Morte é tabu com que todos terão que lidar
Julia Maria Nasser, de 58 anos, já decidiu que, quando morrer, será cremada. Ela conta que assistiu à cerimônia de cremação de um tio. “Fiquei muito impressionada e pensei com Deus: “quando eu morrer, não quero ser enterrada de jeito nenhum, quero mesmo é ser cremada”, revela a dona de casa. Não teve dúvidas, adquiriu um plano, o que fizeram também sua mãe, fale-cida há três anos, e o pai e a tia de Julia. “É muito triste ver uma pessoa querida ser enterrada e, além disso, cremar é mais higiênico e ecologicamente mais correto ”, diz.
Infelizmente, uma grande parcela das pessoas não age como Julia, evitando pensar na morte por medo de lidar com perdas e traumas. No entanto, isso é inevitável. Mylena Cooper, diretora da Funerária e Crematório Vaticano, orienta: “Minha família está há quase um século no ramo funerário, nesses anos atendemos famílias que haviam se preparado e famílias que nunca quiseram pensar no assunto. Pensar sobre a morte nos torna mais realistas e consequentemente preparados. Ao contrário de que muitos pensam, falar sobre isso não atrai coisas ruins. Prevenir-se para o momento é sábio e garante tranquilidade dos familiares. Adquirir plano funerário, cemitério ou cremação previamente é como adquirir plano de saúde ou seguro para o carro: não queremos usar, mas se ocorrer o fato estaremos prevenidos, teremos assistência ao invés de despesas e maiores desgastes. A diferença é que os planos de luto, com certeza serão usados um dia. Por isso, fazê-los é uma estratégia inteligente.”
O mercado oferece planos de assistência funeral, aquisição de cemitério e cremação que auxi-liam as famílias exatamente no momento mais difícil, que é a perda de um ente querido: “É menos desgastante, pois tudo já foi planejado e pago, não há despesas inesperadas e a família não precisa se preocupar com nada, muito menos escolher como será o velório, o que é muito dolorido. A melhor dica é adquirir um Plano de Assistência Funeral Familiar. Se a família for adepta ao Cemitério, pode incluir essa opção no plano. Se for adepta a cremação, também pode adquirir previamente.”
A morte é um tabu em muitas culturas e pode parecer mais fácil não pensar nisso. Porém, quando ela chega, a falta de preparo torna a ocasião ainda mais difícil e, em muitos casos, traumatizante.
Finais Felizes
Mas como se preparar? A primeira dica: é celebrar a vida e saber eternizar os momentos felizes. A morte inspira poetas, músicos e artistas, ela sensibiliza a alma, nos prepara, nos conforta e, muitas vezes, nos alegra pelas memórias felizes que construímos e pelas pessoas que foram nossos exemplos de vida.
Nesses exemplos devemos buscar inspiração para aprendermos a lidar com o desafio da vida e da morte, o que fez dona Leroy para seu esposo, Jorge Gaspar Silva, falecido há 16 anos. “Uma homenagem à vida” esta foi a intenção de realizar a cerimônia de cremação relembrando a feliz vida a dois que tiveram. A homenagem mostrou um DVD com fotos do coronel do exército com a família, desde o tempo de namoro e do casamento com Leroy até com os filhos e netos, ao som das músicas que ele gostava, com homenagem feita pelo orador da capela, e encerrando com chuva de pétalas.
Dona Leroy, hoje com 73 anos, decidiu solicitar a cremação dos despojos do marido, para dar um encerramento especial, celebrando com a filha e um sobrinho. “Uma parte das cinzas foi espalhada no lugar que ele mais amava: no Tarumã”, lembra. “Vai correr com os cavalos que tanto gostava”. A outra parte das cinzas foi transformada em uma joia que tanto Dona Leroy quanto a filha dela usam em mais uma lembrança daquele que foi – e continua sendo na memória, tão importante para elas.
Mylena Cooper explica que existem planos familiares de assistência funeral em que se permite a inclusão de idosos e dependentes que não tenham relação familiar. “Cada família tem características e necessidades diferentes e o mercado está pronto para ajuda-las.”
Quanto ao Plano Preventivo de Cremação, ela ressalta que a cremação é mais econômica que cemitério tradicional. “A cremação adquirida previamente custa RS 2.930,00 e pode ser parcelada em até 36 vezes. Nesse valor já está incluso a urna de cinzas, o processo de cremação, documentação e a cerimônia com vídeo, chuva de pétalas e orador. Além disso, não há custos vitalícios de manutenção como o cemitério.”
A cremação é tendência mundial. Há países em que sepultar em cemitério é exceção. A cremação é mais prática, mais higiênica, simples, aceita pela maioria das religiões, econômica e a melhor escolha para os fami-liares e o meio ambiente.
É preciso saber viver. Aproveitar todos os dias como se fosse o último porque um dia a gente acerta. E como cantamos: “É preciso amar as pessoas como se não houvesse o amanhã.”
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