Avanços da Medicina

Dormir não é bom. É essencial!

Se você acha que dormir é perda de tempo, então leia esta matéria e depois nos conte se mudou de opinião

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Ter oito horas de sono por noite é considerado, hoje em dia, um luxo para poucos, principalmente nas grandes cidades. O filme na TV, a checada nas mídias sociais, a academia depois do trabalho, as crianças acordadas até tarde, os programas noturnos, o trabalho que levamos para terminar em casa e os compromissos logo cedo, colaboram para que o tempo reservado ao sono seja cada vez mais curto.

Porém, o nosso organismo precisa e gosta de estabilidade, a qual é adquirida, por exemplo, através de um sono regular e regrado. Dormir é indispensável para que o cérebro processe informações, armazene memórias e elabore estratégias essenciais à sobrevivência humana.

Provavelmente você já deve ter sentido alguma vez falta de energia para as tarefas, irritação, dificuldade de concentração e perda de memória. Estas são apenas algumas das consequências da privação do sono, sem contar os prejuízos para o sistema imunológico, os riscos de acidentes automobilísticos e ainda as chances de envelhecer precocemente.

Segundo a médica neurofisiologista, que trata dos males do sono, Dra. Olga Judith Hernandéz Fustes (CRM 16148 PR/ RQE 7780), as horas perdidas de sono levam a um sofrimento psicológico e também resultam na diminuição da qualidade de vida, a pessoa fica sempre cansada e sem disposição. “Doenças como depressão, ansiedade, hipertensão arterial, diabetes, Mal de Alzheimer e obesidade são queixas muito comuns dos insones. Dormir se caracteriza pela suspensão temporária da atividade perceptivo-sensorial e motora voluntária. Dormimos para recuperarmos o organismo depois de um dia inteiro de vigília. Quando isso não acontece, nosso corpo emite sinais de que algo está errado e, se não tomarmos uma atitude para mudar este quadro, doenças mais graves aparecerão. Dormir bem é tão importante para conservar a saúde quanto ter uma alimentação saudável e praticar exercícios físicos regularmente.     É o que faz você ter disposição para encarar o dia seguinte”, alerta a médica.

 

Existem mais de 100 distúrbios do sono

A pergunta mais importante é: você está satisfeito com o seu sono? Se a resposta for não, isso já é um grande motivo para procurar um especialista do sono e fazer uma investigação. E você não está sozinho nessa. Segundo dados da Associação Brasileira do Sono, quase metade dos brasileiros possui algum problema ou dificuldade para dormir. Em números mundiais, cerca de um terço da população tem um distúrbio relacionado ao sono.

Dra. Olga afirma que existem catalogados pela literatura médica mais de 100 distúrbios, de diferentes origens, como a apneia, insônia, síndrome das pernas inquietas, bruxismo, entre outros. Para detectar muitos deles é preciso realizar um exame de polissonografia, um dos principais e mais completos nessa área. “O exame consiste em um escaneamento total da atividade cerebral enquanto o paciente dorme fixado em alguns eletrodos. Todo o exame é filmado e também é feito o registro da respiração e do ritmo cardíaco da pessoa”, explica a especialista em neurofisiologia.

Não há contraindicações para fazer a polissonografia. “Nem limite de idade, qualquer um que sofra de algum distúrbio do sono pode fazer o exame tranquilamente. Com base no resultado é que será definido o tratamento ideal para cada paciente. Os idosos, por exemplo, apresentam alguns distúrbios do sono que não podem ser tratados com medicamento, e quem for diagnosticado com apneia não deve se tratar com ansiolítico”, ressalta a médica.

Combinar o exercício físico regular com uma dieta leve e equilibrada a uma boa noite de sono (pelo menos 8 horas) contribuirão para um estilo de vida mais saudável.

Estudos recentes feitos pelo Instituto do Sono em São Paulo revelam dados preocupantes sobre o assunto (fonte: www.sono.org.br):

13,4% da população, entre 20 e 40 anos, tem insônia (dos 40 aos 60 anos sobe para 15%);
17,8% são mulheres e 8,7% são homens;
45% da população pesquisada se queixa de um sono ruim;
Indivíduos com menos tempo de sono têm maior índice de massa corporal, estão com sobrepeso e obesos.

 

Consequências da privação do sono. Este quadro é vivenciado por mais de 25 milhões de brasileiros

Em crianças: as crianças com déficits de sono estão mais suscetíveis a doenças, são mais propensas a problemas de irritabilidade e até de violência e, além disso, são menos criativas e têm menos capacidade de raciocínio, apresentando maior dificuldade na aprendizagem da matemática, comprometendo o rendimento escolar.

Em jovens: os jovens esquecem que ficar acordados até tarde prejudica, diretamente, o seu crescimento físico e psíquico. Fumar e beber também compromete o sono, levando a mudanças de comportamento que causam alterações de humor frequentes e cansaço extremo.

Em adultos: a privação é como “uma droga”, quando as consequências surgem pode ser tarde demais. Os adultos que adiam as horas de sono podem sofrer problemas hormonais, complicações cardiovasculares, impotência sexual, transtornos sociais, baixo rendimento no trabalho e envelhecer precocemente.

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