Disfuncao-temporo-mandibular/ATM e Dor Orofacial

Dor, seus sintomas afetam a qualidade de vida

Frequentemente nos deparamos com uma dor em determinada região mas não a valorizamos por considerá-la passageira. Todavia, devemos ficar alertas, pois ela pode levar à dor crônica

À medida que vivemos mais, cresce o número de pessoas com dores na coluna, articulações, degenerações ou inflamações e outros problemas e patologias, que podem provocar dores crônicas. Nesse sentido, quando temos um olhar diferenciado ao paciente com dor, sabemos que ela é provocada por múltiplos fatores e que seus sintomas afetam a qualidade de vida, prejudicando as atividades diárias e impedindo-o de executar as tarefas mais simples da vida pessoal e profissional.

Com experiência clínica, sabemos também que cada pessoa expressa sua dor de uma forma muito particular, dependendo de suas crenças, cultura e até mesmo de experiências anteriores. Por essa razão, a dor nunca deve ser encarada como normal ou “frescura”, ou algo como “se deve acostumar com ela”. Muitas vezes a causa não é encontrada, mas mesmo assim a dor deve ser tratada, explica Dra. Cláudia Judachesci, fisioterapeuta, cirurgiã-dentista, mestre em Biotecnologia Industrial na área de saúde e com formação avançada em Clínica de dor, sono e disfunção temporomandibular.

Diante desses fatores, dá-se importância à uma equipe multi e interdisciplinar, pois, após uma avaliação, essa equipe forma estratégias para analisar cada tipo de dor; inclusive, para indicar o que se pode lançar mão para o tratamento visando à melhora na qualidade de vida da pessoa. É dessa maneira que se pode desenvolver um método efetivo e individualizado para cada paciente. Com essa visão diferenciada de dor é que, na maioria das vezes, os pacientes são encaminhados ao cirurgião-dentista especializado em Clínica de Dor e Distúrbios relacionados à ATM (articulação temporomandibular).

Disfunções que acometem a ATM

Denominam-se DTM as disfunções que o cometem a articulação temporomandibular, gerando quadro álgico relacionado às dores orofaciais. Esse quadro envolve queixas de dor sobre a região da articulação, muitas vezes com relato de cansaço (fadiga) nos músculos da face e do pescoço (craniocervicofaciais); além de dor na coluna cervical. Conforme a definição de DTM e os relatos dos pacientes, além de estudos comparativos aos tratamentos propostos ao longo do tempo, não basta apenas confeccionar uma “plaquinha” para os dentes, deve-se ter uma visão ampla, multi e interdisciplinar, com avaliação, diagnóstico e plano de tratamento.

“Por causa de todas as estruturas envolvidas, na justaposição das arcadas dentárias entre maxila e mandíbula ocorre o contato e o encaixe dos dentes superiores e inferiores, onde qualquer alteração nessa biomecânica pode trazer alterações aos dentes, gengivas, ossos, músculos, ligamentos e articulações. Diria mais, alterações no nível da dor, difundindo-se ao emocional e psicológico de cada pessoa, sobretudo, diante de situações em que cada um pode estar passando, estresse, por algum período curto ou longo, na sua vida particular ou profissional. Esses sintomas são sinalizados pelo paciente ou na própria avaliação, na qual se observa a presença de hábitos parafuncionais, como o apertamento dental (habito de apertar), bruxismo (ranger os dentes), não esquecendo as alterações posturais, que envolvem desde a planta do pé, região plantar, cintura pélvica, quadril e escapular dos ombros”, declara Dra. Cláudia.

As articulações temporomandibulares realizam movimentos complexos e são relacionadas às funções de mastigação, deglutição, fonação e postura. Nesse caso, estamos falando de um tratamento que não pode limitar-se apenas aos dentes e aos desgastes e problemas periodontais, mas deve ir além.
Por isso, os cuidados com a saúde bucal devem ser fundamentais para garantir a qualidade de vida em todas as idades. Nesse sentido, trabalhar de forma preventiva e com visão diferenciada, com prevenção à dor e respeitando as amplitudes oclusais relacionadas às suas funções e à biomecânica funcional articular. Ainda, realizar orientações e acompanhamento direcionado a qualidade do sono, à prática de atividade física, à alimentação, o relaxamento e ao aporte medicamentoso adequado em caso de dor.

A odontologia atual e do futuro deve estar preocupar-se com a estética, mas além da estética, também com a função de todo sistema estomatognático e a qualidade de vida do ser humano, abrangendo seu físico emocional e psicológico.

Principais queixas dos pacientes:

• Dor na articulação temporomandibular;
• Dor de cabeça (temporal, frontal, occipital);
• Dor na região da maxila e/ou mandíbula;
• Dor na região dos olhos;
• Presença de estalido articular;
• Presença de zumbido;
• Apertamento dental;
• Bruxismo;
• Sensação de tamponamento e/ou perda auditiva;
• Cefaleias (inúmeras causas / deve ser acompanhado);
• Dores tensionais, entre outros relatos.

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