Disfuncao-temporo-mandibular/ATM e Dor Orofacial

Dor que irradia

A dor é essencial para a vida: ela é o sinal de que algo não está bem. Se é dor de cabeça, então? Os cuidados devem ser redobrados

dor-que-irradia+claudia-judachesci

As cefaleias, também conhecidas como dores de cabeça, têm diversas origens, que podem incluir pressão alta, problemas vasculares celebrais, intolerância alimentar, distúrbios gástricos, problemas no fígado, febres, gripes, má postura e fatores emocionais. Mas o que a grande maioria da população nem imagina é que 50% das dores de cabeça estão relacionadas à mandíbula.

Zumbido, dor facial, desoclusão, estalos, dor no crânio, na coluna cervical e até a perda auditiva estão relacionados às articulações temporomandibulares. “E o pior é que inúmeros profissionais de saúde confundem as dores causadas por distúrbios na articulação com a enxaqueca, e encaminham os pacientes para médicos das mais diversas áreas. E somente  depois de inúmeras tentativas, idas e vindas é que este paciente chega a um dentista especialista ou a um fisioterapeuta da área”, afirma Dra. Cláudia Judachesci Ribas, fisioterapeuta, cirurgiã-dentista e mestre em Biotecnologia Industrial na área de Saúde e em Estudo Avançado em Clínica de Dor. Essa formação múltipla permite à doutora um olhar amplo e multidisciplinar no que se refere a dores, principalmente as de cabeça e as crônicas.

A especialista ressalta que hoje a saúde bucal está intimamente ligada ao bem-estar geral do indivíduo e sua qualidade de vida. Uma boca saudável, sem infecções, gengivites e outras doenças periodontais não gera riscos para outros órgãos, como o coração e o pulmão. Porém, uma boca saudável pode apresentar desordens imperceptíveis a curto ou médio prazo, como o bruxismo, alterações ósseas, próteses dentárias antigas ou mal adaptadas, dentes inclusos, que podem comprometer os tecidos, músculos, articulações e ossos, trazendo desequilíbrio e dores. São os distúrbios temporomandibulares (DTM).

Interdisciplinaridade

A articulação temporomandibular é responsável por mover a mandíbula para frente, para trás e para os lados, o que a torna fundamental na mastigação e na fala, e as desordens referem-se a problemas que afetam esta articulação e os músculos da face. O sono geralmente é o primeiro afetado pelos distúrbios, sendo também o desencadeador de todo um ciclo referindo-se às patologias das desordens temporomandibulares. Mais tarde, se instalam outros danos, que vão tirando o bem-estar do indivíduo.

De acordo com estatísticas médicas, a DTM acomete cerca de 40% da população mundial. A dor pode afetar os tecidos da cabeça, face, do pescoço e de estruturas da cavidade oral. Por atingir várias regiões, é objeto de estudos das mais diversas especialidades: traumatologia, otorrinolaringologia, neurologia, fisioterapia, odontologia, odontopediatria, cirurgia bucomaxilofacial, ortodontia, entre outros. “Somente através de um olhar multidisciplinar é possível diagnosticar e tratar a disfunção”, explica a Dra. Cláudia. “Não existe um único especialista, é preciso um trabalho de equipe, pois só com a multidisciplinaridade é possível conquistar a melhora e o resgate da qualidade de vida”.

A perda de dentes, um trauma, o apertamento dentário prolongado, o bruxismo, estresse e disfunções relacionadas à funcionalidade das estruturas podem ser fatores causadores dos disturbios temporo mandibulares. O diagnóstico é feito por meio de exames, radiografias da ATM, polissonografia, telerradiografia e ressonância magnética. O tratamento é amplo e difere caso a caso. Pode envolver uma dieta específica, a laserterapia, a fisioterapia, tratamento ortodôntico, uso de dispositivos intraoclusais e até mesmo cirurgia ou reabilitação oral com próteses e implantes. “Por isso, são necessários vários profissionais. O corpo é um organismo único, uma só unidade, e tudo funciona em conjunto. Um desequilíbrio aqui gera uma dor ali, e a interdisciplinaridade é a chave para descobrir e tratar os males”, destaca a Dra. Cláudia.

 

Dor Crônica

Estima-se que cerca de 50 milhões de pessoas possuem dor crônica. São pacientes que sofrem de causas e lesões não identificadas. Em seu consultório, a Dra. Cláudia procura tratar estes pacientes com total atenção a todos os aspectos da vida. “Atendemos com acompanhamento psicológico, avaliamos a fadiga metabólica, os níveis de hormônios e interpretamos suas lesões teciduais”, diz.

Segundo a especialista, com essa abordagem é possível acompanhar os níveis de adaptação do paciente. “Avaliamos a evolução de seu comportamento, sua tolerância física, orgânica e mental, e adequamos as terapias de acordo com sua resposta”.

É preciso capacitar o paciente para sua saúde perfeita, com esporte, alimentação e atividade profissional. “A dor, seja ela provinda da disfunção temporomandibular, crônica, ou como sequela de outros males, deve ser tratada com uma visão integral, de que estamos conectados a tudo. Até os valores morais e o que e como pensamos afetam a nossa cura”, declara.

+ Saiba mais