Dez anos de saúde
Conheça a história do primeiro paciente a passar pelo procedimento de radiologia intervencionista de aneurisma de aorta no sul do país: uma verdadeira lição de vida e saúde
Se existem palavras da medicina que são verdadeiros tabus, uma delas certamente é aneurisma. Esse tipo de diagnóstico assusta, mas está longe de ser uma sentença de morte. Foi o que descobriu o aposentado Oswaldo João Caldart, hoje com 79 anos.
Em meados de 1993, Caldart sofreu um infarto agudo do miocárdio e teve que ser levado às pressas para o hospital. Felizmente, o atendimento rápido que recebeu de sua cardiologista o salvou. Foram duas angioplastias para recuperar as artérias entupidas. Mas a pior notícia ainda estava por vir.
“Já estava em casa, me recuperando, quando o médico me levou os resultados dos exames que tinham sido feitos após o infarto. Ele me mostrou que eu tinha um aneurisma de aorta, e que o vaso já estava com uma dilatação considerável”, relata Oswaldo. As palavras do médico foram certeiras: “ele disse que eu tinha uma ‘bomba-relógio’ dentro de mim, que podia explodir a qualquer minuto”, lembra o aposentado.
De fato, o aneurisma de aorta pode ser muito perigoso. Aneurisma é a dilatação vascular de uma parte de uma artéria – em outras palavras, em certo local as paredes do vaso sanguíneo ficam mais “largas”, o que pode fazer com que ele se rompa ou causar o aparecimento de um coágulo, mais conhecido como trombo, que pode entupir a artéria abaixo daquela dilatada. Tanto o rompimento quanto a trombose são perigosíssimos.
O aneurisma pode acontecer em qualquer artéria do corpo, mas se surge na aorta, que é a principal artéria de nosso corpo, responsável por distribuir boa parte do sangue oxigenado, ou arterial, a todos os órgãos, os riscos são redobrados. Por isso, quando recebeu o diagnóstico de aneurisma de aorta, Oswaldo Caldart sentiu-se prestes a perder a esperança. “Minha esposa chorava muito. Fomos a vários especialistas naquele mesmo dia”, relembra.
Oswaldo optou por não fazer a cirurgia imediatamente. Durante sete anos, ele fez exames periódicos para controlar o aneurisma. Mas, no ano 2000, o aneurisma ultrapassou 7cm de diâmetro, então o médico alertou que seria impossível continuar adiando: era hora de operar.
Inovação
A cirurgia convencional para tratar o aneurisma de aorta é considerada de grande porte: são cerca de quatro horas de cirurgia, na qual a aorta dilatada é trocada por um tubo de poliéster. Depois da cirurgia o paciente fica na UTI por até 48 horas, e ainda cerca de uma semana no hospital e, posteriormente, repouso absoluto em casa. No total, são quase trinta dias até que se possa retomar as atividades normais.
O risco de complicações no pós-operatório desse tipo de procedimento pode chegar a 10%, mas o que realmente assustou Oswaldo foi à necessidade de anestesia geral. “Na idade que eu tinha, 70 anos, os riscos do procedimento aumentavam muito”, conta ele.
Para a sorte de Oswaldo, naquele ano foi criado o Centro de Excelência Cardíaca do Hospital Santa Cruz, do qual fazia parte o radiologista intervencionista Dr. Alexander Corvello. Ele comentou com Oswaldo sobre um procedimento novo para tratar o aneurisma: a microcirurgia endovascular. “Ao invés de uma cirurgia de 4 ou 5 horas, à qual eu poderia não resistir por causa da minha idade, ele me propôs um procedimento em que faria um corte pequeno na virilha e estaria recuperando, andando, em dois dias. Quis tentar, é claro”, conta o aposentado.
Confiante na capacidade de seu médico, Oswaldo foi o primeiro paciente do sul do país a realizar o procedimento de implante de endoprótese bifurcada, um dos procedimentos possíveis da Radiologia Intervencionista. Hoje, dez anos depois da cirurgia, comemora a saúde em dia e a disposição para fazer tudo que gosta. “Foi exatamente como o Dr. Corvello falou que seria. Em dois dias eu já estava em casa, andando. E desde então, não tive mais problemas”, conta o aposentado.
Segurança
Um dos motivos que torna os procedimentos minimamente invasivos da Radiologia Intervencionistas mais seguros e com menos riscos para o paciente é que, enquanto na cirurgia convencional o corte é bastante grande, neste é necessário apenas uma pequena incisão na virilha e anestesia peridural. Uma prótese específica é inserida pela artéria femoral (localizada na virilha) e conduzida até o local onde se encontra o aneurisma; então, ela substitui a parte dilatada da artéria. O risco de complicações, então, cai para menos de 2,5%, e, como contou Oswaldo Caldart, em dois dias o paciente está recuperado.
“A endoprótese pode ser utilizada em todo paciente que tenha condições anatômicas para a realização deste procedimento, independente da idade. O material está em constante evolução e tem vantagens sobre a técnica convencional”, defende o médico. A endoprótese também é conhecida como stent, que é uma espécie de rede metálica em formato especialmente desenvolvido para adaptar-se à anatomia do paciente, recoberta por um material não poroso que vai servir para recanalizar o fluxo sanguíneo na aorta doente. Esse tipo de stent é especial, diferente do stent coronário normal.
Causas
A incidência de aneurisma de aorta é mais comum em pacientes com mais de 60 anos. Como a doença pode não apresentar a princípio nenhum sintoma, muitas vezes é descoberta durante exames de rotina – daí a importância de visitar periodicamente o médico especialista neste tipo de procedimento. Se descoberta, pode ser controlada; caso contrário, pode levar a morte súbita do paciente.
A hereditariedade é um dos fatores de risco para desenvolver a doença, mas a hipertensão arterial, o tabagismo e a arteriosclerose também contribuem para a dilação do calibre da aorta. Ficar longe do cigarro, controlar a alimentação e fazer exercícios físicos regularmente ajuda reduzir a chance de formação de aneurisma, mas não existe uma forma de prevenção. Daí a importância das visitas periódicas ao médico. “É ruim receber um diagnóstico desses, mas se hoje estou vivo é porque tive a chance de tratar o problema”, considera Oswaldo Caldart. Palavra de quem passou por isso.
Radiologia Intervencionista
Além do procedimento de implante de endoprótese, a radiologia intervencionista – um ramo da medicina moderna que se aperfeiçoa a cada dia – pode ajudar no tratamento de diversos tipos de problemas, de forma segura e com menor risco que os procedimentos tradicionais. Confira alguns exemplos:
Embolização de mioma uterino: a radiologia intervencionista permite tratar os miomas sem a necessidade de retirar o útero, através da injeção de minúsculas partículas que bloqueiam o fluxo sanguíneo que alimenta o mioma, fazendo-o regredir. O grau de sucesso é de 85% a 95%.
Biópsia e quimioembolização de tumores: a técnica pode ser utilizada quando o câncer não tem indicação cirúrgica, principalmente nos casos de câncer fígado. Quer seja a lesão proveniente do próprio orgão ou advindo de outros lugares (mestastases) tais como intestino, ovário melanoma, entre outros.
Radioablação no tumor de fígado: realizada através da inserção de uma agulha pela parede do fígado pulmão ou rim, que é ligada a uma fonte geradora de radiofrequência e faz com que o tumor seja integralmente destruído através de microondas.
Aneurisma cerebral: dos orgãos viscerais (figado, rim baço). Neste caso a embolização com micromolas pode ser realizado, através de um pequeno tubo (microcateter) 10 vezes mais calibrose que um fio de cabelo, a dilatação é preenchida com microfilamentos que impedem que o sangue circule no interior destas dilatações, impedindo seu rompimento que muitas vezes pode ser fatal ou deixar sequelas graves.
Angioplastia de carótida: as artérias que levam sangue ao cérebro podem comumente se acometidas de crescimento de placas de gordura em seu interior podendo desencadear o derrame cerebral por falta de fluxo de sangue, deixando sequelas neurológicas irreparáveis. Já através de uma pequena incisão na virilha e anestesia local a radiologia intervencionista trata tais problemas com mínimas chances de complicações.
Endoprótese Powerlink
É a única no mercado com Corpo Unimodular (como na figura) com design bifurcado, o que elimina a possibilidade de destacamento dos ramos e migração da prótese.
Cobertura de e-PTFE – baixa porosidade, o que diminui o risco de vazamento e tem ótima conformação na anatomia da aorta abdominal.
Possui certificação do FDA, órgão americano que comprova a qualidade de dispositivos, exigindo muitos estudos científicos.
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