Cardiologia

Cuidar do coração prolonga a vida

Cardiologistas afirmam que é possível reduzir as chances de sofrer um infarto e até mesmo de diminuir os riscos de desenvolver hipertensão

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Viver se traduz em experiências somadas, sonhos e metas alcançadas e a obstáculos vencidos. A cada dia, uma nova história de maior ou menor importância. Essa mesma fórmula é aplicada ao nosso organismo. O mesmo esforço e dedicação que usamos para atingir nossos objetivos devem ser utilizados para manter o corpo e, principalmente, o nosso coração saudável.

O cardiologista do Centro do Coração, Ricardo José Rodrigues alerta para os perigos daquela desculpa tão comum entre as pessoas de que o trabalho ocupa tempo demais do seu dia para que consiga praticar algum exercício físico. “Uma vida sedentária, com alimentação desregrada e estresse excessivo são algumas das principais causas das doenças do coração. Nossas artérias também “acumulam” esses abusos cometidos durante os anos. Desde a infância começamos a depositar colesterol nelas, que associado à inflamação forma o que chamamos de aterosclerose, que é o entupimento destas artérias por placas de gorduras”, descreve Dr. Rodrigues.

Teoricamente, todos nós temos esse acúmulo, mas quando os vasos estão saudáveis eles dilatam em resposta a esse colesterol depositado, ou seja, acaba “sobrando espaço“ para a circulação sanguínea nessas artérias. Porém, isso ainda não diminui os riscos. Dr. Rodrigues explica que a artéria entupida, associada à formação de um coágulo sanguíneo, leva a uma das doenças cardiovasculares com maior taxa de mortalidade: o infarto. “As chances de mortalidade em um paciente infartado são de 30% até ele chegar ao hospital, outros 10% durante a internação e mais 10% no decorrer do primeiro ano“, informa.

E aqui vai um alerta para as mulheres: as doenças cardiovasculares são as que mais matam as brasileiras, o equivalente a seis vezes mais que o câncer. Porém, a boa notícia é que os exames de rotina podem diagnosticar o risco de infarto. “Teste de esforço, ecocardiograma e cateterismo podem detectar a doença ainda em uma fase assintomática“, completa o cardiologista. Por isso, é muito importante realizar exames de sangue para medir o colesterol ainda na infância e repetir na adolescência. Já exames mais complexos costumam ser indicados em pessoas acima dos 40 anos.

O médico adota um quadro que detecta as chances do paciente desenvolver doenças cardíacas. Idade, pressão arterial, colesterol total, HDL (bom colesterol) e tabagismo são critérios usados para chegar ao risco de ter um infarto nos próximos 10 anos. “Se nesse quadro a pessoa estiver na zona de risco baixo, a orientação é que o LDL (colesterol ruim) fique abaixo de 160; se for médio, abaixo de 130 e se for alto, menor que 100. Mantendo esses níveis, é possível reduzir em até 40% os riscos de infarto e angina, que é aquela dor ou desconforto no peito quando os músculos cardíacos não recebem sangue suficiente“, destaca Rodrigues, que frisa que essa ferramenta é extremamente importante e eficaz na prevenção do infarto. “O escore de risco é fundamental na prevenção e pode evitar o infarto com orientações dadas ao paciente para mudança de hábitos“, afirma.

Manter a saúde em dia, seguir os bons e velhos conselhos de parar de fumar, ter uma alimentação balanceada, beber moderadamente, praticar atividades físicas e reduzir o estresse são alguns cuidados essenciais para evitar não só o infarto, mas também o outro mal da atualidade: a hipertensão arterial. O cardiologista Laercio Uemura, também do Centro do Coração, atesta que a doença vem aumentando em virtude do estilo de vida moderno. “Sedentarismo, alimentação cada vez mais rica em sal, nível elevado de estresse e obesidade são fatores que levam à hipertensão“, completa.

O cuidado com a saúde já na infância pode prevenir a doença no futuro. Dr. Laercio contabiliza que 90% dos casos de hipertensão são causados pelo conjunto de fatores descritos acima. “Os indígenas da Amazônia, por exemplo, não têm hipertensão, pois adotam uma alimentação pobre em sal“, compara o cardiologista.

Outra grande vilã é a apneia obstrutiva do sono. “Cerca de 70% dos hipertensos mal controlados podem ter como causa a apneia, que é uma parada da respiração por um período curto, durante o sono“, descreve. O especialista ainda alerta para os perigos da pressão alta. “Pode causar acidente vascular cerebral (derrame), infarto do miocárdio (coração) e insuficiência renal. O grande problema é que a maioria das pessoas não tem sintomas, e a única maneira de saber se ela tem pressão alta é medindo“, frisa.

A boa notícia disso tudo é que as doenças cardiovasculares são preveníveis e dependem da decisão de cada um de evitar esses males ao escolher um estilo de vida saudável e com qualidade de vida.

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