Avanços da Medicina

Coragem para mudar e ser feliz

Uma família unida na determinação de vencer a obesidade

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“Se você deseja mudar sua vida, precisa de coragem, determinação e atitude!” Nas palavras do chefe da família Buchner se reflete a decisão que eles tomaram. Juntos, pai, mãe e filha decidiram enfrentar o mal da obesidade e mudar completamente suas vidas, abandonando 96 quilos de frustrações, comodismo, isolamento social e, sobretudo, problemas de saúde.

Havia mais de uma década que o gerente de produção Odelair Buchner, 49 anos, lutava contra a balança. Tudo começou quando, ao entrar no exército e optar por seguir carreira militar, ele precisou aumentar seu porte corporal. Na época, o objetivo era ganhar massa muscular, por isso começou a praticar o halterofilismo, mas sem orientação profissional.

Alguns anos depois, Odelair resolveu deixar o exército para se dedicar à profissão de  dor de empresas. Na mesma época, parou de fumar. Como consequência, acabou diminuindo o tempo de treino e gradativamente começou a engordar, até chegar a 126 kg distribuídos em seus 1,72 m de altura.

Ele tentou de tudo, não ficou de braços cruzados: foram dietas, medicamentos e muita orientação física. Alguns tratamentos até deram resultado, mas não eram duradouros. “A história tinha sempre o mesmo final. Eu engordava tudo de novo e, de bônus, ainda vinham dois ou três quilos a mais”, lembra.

Com o excesso de peso, as consequências à saúde eram inevitáveis. A primeira vítima foi o joelho, que precisou ser operado. A qualidade de sono também já estava longe de ser ideal – acordava cansado, como se não tivesse dormido nada, e ainda ouvindo as reclamações da família devido aos altos roncos. Mas o pior de todos os males era a pressão arterial, que gradativamente começou a ficar fora de controle.

“Passei anos comendo cardápios especiais que as empresas onde trabalhei me ofereciam, tomando medicamentos com efeitos colaterais horríveis, praticando atividades físicas por horas e me privando de muitas coisas, sem conseguir o que eu realmente desejava: emagrecer e ter uma qualidade de vida melhor. Isso só me trazia frustração e uma imensa sensação de fracasso, que fez com que eu me isolasse cada vez mais, deixasse de ser o cara alegre que sempre fui e, enfim, desanimasse de lutar”, desabafa Odelair.

Tratamento mágico

Os problemas não paravam por aí. Além de Odelair, sua esposa e sua filha mais velha também padeciam do excesso de peso. Mesmo as outras duas filhas, que não eram obesas, sofriam as consequências, convivendo com as alterações de humor geradas pelos medicamentos e dietas restritivas, com o medo de também ganhar peso e tantos outros problemas que a família inteira vivia em função da obesidade.

Clenir Buchner, de 48 anos, começou a ganhar peso a partir dos 18 anos. Aos poucos, foi vendo a situação piorar: aos 24, tomava pela primeira vez medicamentos para emagrecer, com orientação médica, e, assim como o marido, já havia feito todos os programas alimentares, dietas e tratamentos que lhe foram receitados, também sem obter sucesso.

Mesmo psicologicamente muito debilitada pela obesidade, beirando a depressão, não querendo mais sair de casa e afastando-se socialmente de tudo, Clenir não desistia de realizar seu sonho: “Meu maior desejo era um dia me olhar no espelho e me sentir feliz.”

Como Clenir sempre estava pesquisando sobre tratamentos e buscando soluções, veio dela a decisão em buscar orientação sobre a cirurgia bariátrica, ideia que prontamente foi rejeitada por toda a família. Principalmente por Odelair, que esperava que um dia fosse descoberto um “tratamento mágico” que o livrasse daquele mal.

A determinação de Clenir não foi barrada pela falta de apoio: ela continuou sua busca e envolveu a todos em suas pesquisas. Foi então que Odelair também resolveu aprofundar seus conhecimentos, indo atrás de todo tipo de informação referente à cirurgia, passando a entender melhor sobre o procedimento e, assim, mudando seus conceitos. “Fui atrás de casos de pessoas que tiveram insucesso na cirurgia. Procurei entender o porquê e nos três casos que tive contato, esses pacientes assumiram que não fizeram a sua parte no tratamento da maneira como lhes foi orientada. Isso foi ótimo para eu também levar a sério a cirurgia e conversar com minha família sobre isso”, explica ele.

Caminho certo

“A cirurgia bariátrica é um tratamento sério, que exige colaboração de todos os lados. Ela só tem resultados positivos quando o paciente muda seus hábitos de vida, alimentando-se equilibradamente, realizando exercícios físicos e buscando o acompanhamento constante da equipe multidisciplinar, composta por profissionais de várias áreas da saúde preparados para auxiliar nessa nova fase, evitando depressão, desnutrição ou ganho de peso”, explica o Dr. Paulo Afonso Nunes Nassif, cirurgião do aparelho digestório, que coordena uma equipe multidisciplinar de cirurgia bariátrica e metabólica.

Assim que entendeu melhor, a filha mais velha do casal também começou a mudar seus conceitos. Sem comentar nada com a família, a jovem iniciou o processo para fazer a cirurgia, consultando profissionais da saúde e fazendo os exames necessários. Logo chegou com a notícia de que iria operar. Dessa vez, a reação foi bem diferente: ela recebeu todo o apoio da família, que já passara a ter outra visão do tratamento cirúrgico contra a obesidade.

Com os resultados visíveis na filha, Clenir se animou ainda mais e resolveu consultar uma equipe multidisciplinar de cirurgia bariátrica, levando com ela o marido. Os dois iniciaram imediatamente o protocolo de consultas, exames e orientações necessários para a cirurgia.

Em uma dessas peças do destino, a liberação para a cirurgia de Odelair veio antes.  Clenir, a primeira a desejar o tratamento, foi a última a ser operada. “Foi terrível lidar com essa mistura de sentimentos. Eu estava feliz em vê-los bem, mas frustrada e triste por não conseguir estar vivendo isso também.”

Futuro com saúde

Em meados de 2012, Clenir finalmente fez a cirurgia. Assim como sua filha e seu marido, ela está muito bem. Juntos, eles deixaram para trás 96 quilos: ela, 28; ele, 32 e a filha, 36. E o casal ainda irá perder mais.

“O maior resultado da cirurgia bariátrica e metabólica é a melhoria de todos aspectos da vida do paciente que eram afetados pela obesidade. Tanto a saúde como sua vida social, familiar, profissional, psicológica e emocional. Com a perda de peso e o acompanhamento da equipe multidisciplinar, geralmente o operado tem uma grande melhora em todos essas áreas”, explica Dr. Paulo Nassif.

De fato, a saúde é a maior beneficiada, pois já não há mais em risco dos três desenvolverem doenças associadas à obesidade. Além disso, eles agora dormem muito melhor, alimentam-se com muito mais qualidade e têm mais disposição. Clenir conseguiu vencer a depressão e Odelair superou a hipertensão arterial e as dores no joelho.

Enfim, a vida está melhor para toda a família Buchner. E as mudanças não ficaram só na saúde. A família decidiu comprar uma casa na praia, passou a sair mais e voltou a frequentar os círculos de amizade dos quais havia se isolado. Odelair trocou de emprego para ter mais tempo e qualidade de vida, e agora estão de casa nova à vista. Tudo porque tiveram coragem de enfrentar seus problemas, tomar atitudes, vencer os desafios e buscar ser feliz.

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