Medicina

Cirurgia torácica por vídeo

O caminho para procedimentos menos invasivos, que tratam de câncer a deformidades congênitas

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Operar por vídeo. Essa é uma ação cada vez mais constante na medicina. Feita com incisões menores, a cirurgia atrai pacientes que buscam soluções para os mais diversos problemas com menor risco de infecções, tamanho dos cortes e tempo de recuperação. Dentre as áreas que vêm abrindo espaço para esse tipo de procedimento estão as cirurgias torácicas.

Pouco conhecida pela população em geral, a especialidade trata diversas enfermidades, como tumores torácicos, deformidades congênitas nessa parte do corpo, traumas, problemas advindos de tuberculose, enfisema, cirurgia da traqueia e até o suor excessivo, a hiper-hidrose. “Atuamos em órgãos que sangram muito e por isso é preciso ter conhecimento anatômico, habilidade e estar um passo à frente para qualquer tipo de intercorrência que possa acontecer durante o procedimento feito por vídeo”, avalia o cirurgião torácico Otávio Goulart Fan, que trabalha com o também especialista na área Marcos José Tarasiewich.

Além do trabalho no consultório, os dois são docentes no curso de Medicina da Universidade Estadual de Londrina (UEL).  E foi apresentando resultados de cirurgias de grande porte feitas por vídeo a outros profissionais que eles perceberam que muitos especialistas ainda não adotaram a cirurgia por vídeo como rotina. “Uma grande parte das cirurgias que fazemos é por vídeo, porém alguns profissionais têm dificuldades. É uma técnica que demanda treinamento e controle emocional”, aponta Dr. Marcos José.

Os especialistas explicam que a redução da dor, do tempo de internação e do risco de infecção são as principais vantagens da cirurgia por vídeo.

 

Tuberculose

Quando diagnosticada no início, a tuberculose tem tratamento clínico. Mas, por vezes, a doença evolui e destrói o pulmão. Nesses casos, só uma intervenção cirúrgica pode reparar o dano. “O paciente pode ter sangramento no pulmão, crescimento de fungos ou pneumonias de repetição. É preciso fazer uma cirurgia. O preocupante é que não vemos muito investimento nessa área, muitos pacientes chegam para nós em estágio avançado”, lamenta Dr. Otávio.

Pacientes que tossem com sangue ou apresentam infecções seguidas precisam procurar auxílio médico. “Com a cirurgia, a qualidade de vida deles melhora muito”, diz Dr. Marcos José.

Os especialistas foram precursores ao realizar a primeira ressecção total de pulmão por vídeo no Brasil. “A recuperação é mais rápida, por conta dos cortes serem mínimos. Nós usamos um grampeador que costura e corta. É preciso ter equipamento adequado e equipe treinada para o sucesso do procedimento”, frisa Dr. Marcos José.

 

Tumores de pulmão e mediastino

Os cânceres que se manifestam na região torácica também são tratados pela cirurgia com vídeo. “Os tumores de pulmão são os mais frequentes, considerando o público feminino e masculino juntos, e são também os mais agressivos. O cirurgião torácico tem autonomia para tratar dessa doença, mas atuamos em parceria com o oncologista”, diz Dr. Otávio. Os dois especialistas apontam que o tratamento é cirúrgico. “Ele pode ser curativo ou paliativo, mas é cirúrgico. Antes, a cirurgia retirava o pulmão inteiro. Com o tempo, foram sendo observadas as divisões do pulmão e hoje se retira só um pedacinho, com uma margem de segurança. O resultado é melhor, com agressão menor”, explica Marcos José Tarasiewich.

O procedimento também pode ser feito por vídeo. “Essa técnica tem o mesmo efeito que a cirurgia convencional, é uma evolução da área”, comenta Dr. Otávio. Ele aponta outra mudança, desta vez na mentalidade dos cirurgiões. “Antes, via-se o paciente com essa enfermidade como alguém que ia morrer logo. Hoje temos outra mentalidade, lutamos contra a doença, buscamos quantidade e qualidade de vida.”

 

Deformidades congênitas

Crianças que nascem com deformidades da região torácica – como o pectus escavatum, conhecido popularmente como “peito de sapateiro”, e o cartinatum, “peito de pombo” – também podem recorrer à cirurgia com vídeo para correção. “A cirurgia é feita em crianças aos 12 anos, na maioria das vezes, quando as cartilagens estão mais amadurecidas. Pode ser feita por vídeo ou pelo método convencional. O que observamos é uma melhora estética e emocional das crianças”, cita Dr. Otávio.

 

Hiperhidrose

Esse distúrbio tão comum pode ser resolvido por meio de um procedimento simples que insufla os pulmões e cauteriza os nervos responsáveis pelo excesso de suor. A cirurgia, que também pode ser feita por vídeo, tem uma excelente resposta e em diversos casos, principalmente na adolescência. É um procedimento relativamente tranquilo e apresenta resultados efetivos para casos em mãos, face, axilas e pés.

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