Medicina

Cirurgia de implante coclear completa três anos em Curitiba

Cerca de 60 cirurgias foram realizadas no Hospital Iguaçú

O Hospital Iguaçu comemora três anos de criação de uma rotina de cirurgia de implante coclear em Curitiba. O procedimento traz esperança para quem perdeu a audição por algum problema ou para quem nasceu com a deficiência. Desde julho de 2006, o Hospital estabeleceu uma rotina médica para a realização das cirurgias. Durante esse período, cerca de 60 procedimentos foram realizados, a maioria por convênios. O Hospital Iguaçu soma-se a outros centros de referência na realização do implante coclear localizados em Porto Alegre (RS), Natal (RN), Bauru (SP), Campinas (SP), Ribeirão Preto (SP) e São Paulo (SP).

O implante coclear substitui a função da cóclea – órgão do ouvido que codifica os sons, transformando os sinais sonoros em impulsos elétricos – fazendo com que o paciente possa ouvir. A cirurgia consiste em inserir na parte interna do ouvido um dispositivo eletrônico, composto por um grupo de eletrodos e um aparelho receptor. Por fora, colocada atrás da orelha, fica a parte que processa a fala, com um microfone e a bateria. “A cirurgia de implante coclear pode ser indicada tanto para adultos quanto para crianças maiores de um ano de idade que apresentem surdez severa ou profunda, ou seja, ouvem pouco, e que não tenham benefício com aparelho auditivo. A reabilitação da criança é mais rápida, pois, geralmente, a cirurgia é indicada quando ela está aprendendo a se comunicar com o mundo ao seu redor”, afirma o Dr. Maurício Buschle, cirurgião otorrinola­ringo­logista e chefe da equipe multidisciplinar de implante coclear do Hospital Iguaçu.

Cerca de um mês após a cirurgia é ligado o aparelho. “Esse tempo é necessário para a cicatrização do ouvido e integração do aparelho”, explica o otor­rinolaringolo­gista. Esse procedimento consiste na colocação da parte de fora do aparelho e do ajuste e mapeamento, que é feito por meio de programa de computador, com a ajuda de uma fonoaudióloga.

Após a cirurgia, o paciente terá que ser submetido a sessões de fonoaudiologia por um período que pode variar de poucos meses a alguns anos, com consultas semanais. “O papel do fonoaudiólogo é fundamental neste processo, pois o paciente terá que adquirir oralidade ou reaprender a ouvir”, completa Buschle.

 

Esperança

Aos 48 anos, Gustavo Lacerda Suplicy teve um mal súbito e não mais voltou a ouvir. “Ele reclamou de um zumbido, no dia seguinte teve labirintite e depois simplesmente deixou de ouvir”, lembra Maria Carolina Suplicy, esposa de Gustavo. Ele teve o que os médicos chamam de surdez súbita, sem causa aparente. A partir daí, começou a luta para recuperação da audição. Ao saber que o implante coclear seria a esperança para o seu caso e que o procedimento era feito pelo Hospital Iguaçu, em Curitiba, Gustavo procurou os especialistas, fez os exames necessários e realizou a cirurgia no dia 20 de outubro de 2007. Após a ativação do aparelho, cerca de um mês depois da cirurgia, ele voltou a ouvir. Hoje, Gustavo leva uma vida normal.

Solange Santos descobriu que a pequena Giovanna Lopes da Silva, hoje com 5 anos, tinha surdez profunda quando ela completou seu primeiro aninho. Ao perceber a deficiência, a mãe começou a procurar soluções para o problema. Soube que a cirurgia estava sendo feita no Hospital Iguaçu e em 2007 fez o procedimento. “A cirurgia foi um sucesso, fizemos todos os acompanhamentos e hoje a Giovanna entende e fala de tudo”, diz a mãe. Giovanna está na primeira série e acompanha normalmente os outros alunos de sua turma. “Para outras famílias que passam pelo mesmo problema, eu oriento que não devem desistir, porque vale a pena fazer o implante coclear”, diz Solange.

 

SUS

O Hospital Pequeno Príncipe e a equipe do Hospital Iguaçu solicitaram credenciamento para que o implante coclear possa ser feito pelo SUS. “Já passamos pela vistoria da vigilância sanitária, e a equipe de profissionais, que é a mesma do Hospital Iguaçu, já está adequada e familiarizada, tanto que, por convênios, já realizamos algumas cirurgias no Hospital Pequeno Príncipe”, conta o otorrinolaringologista que faz parte da equipe dos Hospitais, Dr. Rodrigo Pereira. “Agora só aguardamos a definição do Ministério da Saúde”, explica.

 

Cirurgia Inédita usada em caso de zumbido

O Hospital Iguaçu adotou a cirurgia de implante coclear para uma nova causa: o zumbido. O diagnóstico e acompanhamento foram realizados pela Dra. Rita Mendes Guimarães. “Com o tempo conseguimos adequar o caso do paciente ao protocolo exigido para fazer a cirurgia de implante coclear, que a princípio é mais indicado para quem é surdo por completo, e não para tratar zumbido”, comentou a médica especialista em zumbido, durante o III Simpósio de Implante Coclear, realizado em Curitiba entre os dias 31 de julho e 2 de agosto.

O paciente é o catarinense Jorge Amorim. Após 12 anos tendo que conviver com zumbido no ouvido, ele já não sabia mais o que fazer. “Eu pedia a Deus para tirar totalmente minha audição. Seria melhor não ouvir nada do que ouvir aquele zumbido que me perseguia. As pessoas já pensavam que eu era maluco, pelo barulho que eu dizia que ouvia”, conta. Morador de Itajaí (SC), Jorge procurou auxílio em Curitiba com a Dra. Rita, que o ajudou a enfrentar o problema e procurar uma solução. Jorge fez o implante coclear no Hospital Iguaçu em 9 de maio último e hoje leva uma vida normal. “Lembro que no mesmo dia já comecei a escutar os pardais, os carros e motos, a chuva… fazia muito tempo que eu não conseguia ouvir o barulho da chuva”, lembra emocionado.

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