Medicina

Cirurgia da coluna minimamente invasiva é possível?

Pioneirismo e habilidade em cirurgia endoscópica podem promover a alta do paciente em tempo record

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Durante décadas, quando uma pessoa precisava operar a coluna, a primeira reação era de pânico. O medo de ficar preso a uma cama ou com limitações para o resto da vida era iminente. Porém, essa preocupação existia porque as cirurgias de coluna eram todas consideradas de grande porte e grande risco, uma vez que eram realizadas por meio  de enormes incisões. Muitas vezes, o difícil manuseio cirúrgico acabava comprometendo e até lesionando tecidos e estruturas adjacentes de forma definitiva.

Felizmente, com a evolução da medicina e das técnicas cirúrgicas, hoje a situação mudou para melhor e as pessoas já podem enfrentar uma cirurgia de coluna com mais tranquilidade e segurança. Isso se tornou possível porque surgiram as cirurgias minimamente invasivas, que apresentam menor agressão aos tecidos do corpo, menores incisões, menores cicatrizes, menor dano interno, pouco sangramento e tempo de recuperação reduzido.

“Não fosse essa cirurgia menos invasiva, acho que não teria operado, porque o método antigo assusta muito”, revela o analista de sistemas Gustavo Zevolinski Bomgiorno, de 20 anos, que, com um rompimento de hérnia de disco, sofreu dores terríveis e precisou ser internado. “Já vinha sentindo dores, inicialmente atribuídas a fatores genéticos, sobrepeso e trabalho pesado, mas foi uma corridinha para pegar o ônibus que desencadeou a última crise. Nem duas injeções de morfina foram suficientes para acabar com a dor”, relembra o paciente.

Gustavo foi operado há cinco meses e, embora ainda exija cuidados, já frequenta academia para a prática de musculação específica para seu caso. “No dia seguinte à cirurgia já levantei da cama, em poucos dias estava andando na esteira e já faz mais de um mês que voltei a dirigir. Com mais um pouco de fisioterapia, estarei 100% para praticar esportes, recuperando minha vida normal”, comemora.

“A cirurgia endoscópica por vídeo é uma tendência mundial nas diversas especialidades cirúrgicas da medicina moderna e os procedimentos minimamente invasivos da coluna são, hoje, o que existe de mais avançado em tratamento cirúrgico no mundo”, destaca o cirurgião ortopedista Dr. Pablo Sobreiro, primeiro médico a fazer a videoendoscopia de coluna no Paraná. De acordo com o especialista, esta técnica ganhou destaque na cirurgia de coluna nos últimos 20 anos, apresentando resultados comprovadamente superiores às cirurgias tradicionais e trazendo maiores benefícios aos pacientes. “Estas cirurgias minimamente invasivas são os procedimentos mais atuais e inovadores para tratar diversas doenças em todas as áreas da medicina”, acrescenta Dr. Pablo.

Vida normal em menos tempo

Existem diferentes opções de procedimentos minimamente invasivos para o tratamento das doenças da coluna: medidas paliativas, que visam retirar ou diminuir a dor aguda, como, por exemplo, injeções espinhais; e cirurgias endoscópicas, uma medida mais abrangente e definitiva, que busca tratar o problema. “A cirurgia endoscópica por vídeo, realizada com anestesia local, é comumente indicada para o tratamento de doenças degenerativas da coluna vertebral, hérnia de disco, estenose de canal (compressão dos nervos), protusão de disco e osteófitos (bico de papagaio), apresentando excelentes resultados”, ressalta o especialista.

Para o engenheiro Ricardo M R*, de 29 anos, a videoendoscopia de coluna foi a solução mais rápida e eficaz para tratar uma hérnia de disco  e uma protusão discal. “Sofri mais de um ano com dores nas duas pernas e formigamento na região lombar, até que as pernas travaram e não consegui mais andar. Fiz vários tratamentos via oral e injetável, fisioterapia, mas as crises foram constantes até a operação”, conta. Ricardo ficou apenas um dia no hospital e teve uma  recuperação surpreendente. “Quando conto, as pessoas não acreditam: tomei anestesia local com sedação, saí da cirurgia sem dor e pouco mais de um ano após a cirurgia já estava correndo no parque, fazendo caminhadas e levantando peso com cautela”, ressalta o paciente satisfeito.

Além de proporcionarem uma recuperação mais rápida e o retorno às atividades normais em menor tempo, estes procedimentos mais modernos diminuíram a necessidade do uso de anestesia geral, hoje utilizada apenas em pacientes muito ansiosos. Assim, o tempo de internação é mínimo, com pós-operatório sem sofrimento. “Entretanto, é imprescindível lembrar que essas cirurgias não são a melhor indicação para todos os pacientes. Em alguns casos, são apenas um meio de alcançar o conforto de forma temporária, diminuindo a dor e adiando a necessidade de uma operação de maior porte”, alerta o cirurgião.

Procedimento mais rápido e seguro

Mesmo a cirurgia tradicional não assusta mais os pacientes. Com as novas tecnologias e equipamentos de última geração, a cirurgia de coluna evoluiu muito e tornou-se um procedimento mais rápido e menos sofrido. “Entretanto, nada se compara à  cirurgia endoscópica  por vídeo, que oferece total segurança de visualização do cirurgião, não destrói massa muscular, apresenta menor morbidade e o paciente pode ter alta em menos de 24 horas”, acentua o especialista.

Foi o que aconteceu com a copeira Dorotéia Tkaczuk, de 41 anos, operada de uma hérnia de disco. “Durante quatro meses, fiz todos os tratamentos possíveis para acabar com uma dor nas pernas, mas nada resolvia. Chegava a suar de tanta dor, não comia mais, até que optei pela cirurgia, realizada em janeiro de 2012. Em 24 horas estava em casa, voltei logo ao trabalho e, hoje, estou perfeita, sem limitações para todas as atividades”, conta.

A cirurgia endoscópica de coluna é realizada através de pequenos orifícios, feitos um de cada lado da coluna vertebral. Primeiro, o cirurgião demarca essas microincisões; depois, injeta um corante para a introdução das cânulas do equipamento. Após a confirmação da posição precisa do aparelho, é então introduzida a fibra ótica, que confirma os parâmetros anatômicos (posição na região a ser tratada) e possibilita a ressecção da área doente, que é a cirurgia propriamente dita.

“O equipamento utilizado possibilita ao cirurgião a visão em aquário, uma vez que a amplitude da imagem é dimensionada com soro. Além disso, com o fluoroscópio podemos ver o paciente através de raios-X com alta resolução temporal (em tempo real), tornando o procedimento muito mais eficaz e seguro”, finaliza Dr. Pablo Sobreiro.

*O nome foi abreviado a pedido do depoente.

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