Alimentação Saudável

Choque Metabólico

Uma dieta bem-sucedida requer planejamento, disciplina e autocontrole, certo?

Certo, mas dietas existem aos montes – produtos para emagrecer, suplementos, medicamentos, mil fórmulas –, mas a grande aliada dos nutricionistas é simplesmente a mudança nos hábitos, e a mais poderosa delas é a reeducação alimentar (RA).

Mas o que é reeducação alimentar? “É um processo contínuo de aprendizagem, no qual o objetivo é que, através das orientações nutricionais, o indivíduo compreenda e assimile como funciona o metabolismo do seu corpo e passe a implementar mudanças alimentares que irão conduzi-los na redução de gordura, maior disposição física e rendimento do seu treino”, explica o nutricionista Dr. Augusto Pontes.

De acordo com o Dr. Augusto, tudo deve ser feito e realizado dentro de um plano de acompanhamento. Ele costuma, após anamnese e solicitação de exames, realizar um módulo de acompanhamento nutricional que pode durar de dois a três meses. “Verifico as necessidades, as principais queixas e como está o quadro de saúde dos pacientes. Assim, sempre inicio com a RA, ela é o primeiro recurso que deve ser implementado, pois tende a fazer com que o metabolismo receba um choque e retorne ao seu estado inicial de funcionamento. Da mesma forma como ressetamos (reiniciamos) um computador”, explica o nutricionista.

O organismo passa a equilibrar a produção hormonal e, como na reeducação o paciente se alimenta com maior frequência, todo metabolismo é estimulado. Se o paciente pratica alguma atividade física, outro recurso pode ser a mudança no seu treino, mediante acompanhamento com seu educador físico ou personal. Agora se o paciente é sedentário, a inclusão de uma atividade regular irá beneficiar e muito o resultado.
A reeducação alimentar na prática

O estudante de Direito Hiago Camarini A. Campos, 22 anos, praticava artes marciais e treinava em academia durante a sua adolescência, mas na fase do vestibular parou com as atividades e engordou: “Parei de lutar, de malhar e com toda aquela ansiedade ganhei peso”, revela Hiago, que resolveu buscar ajuda profissional. “Com a reeducação alimentar eu aprendi o que poderia comer, de que forma, melhor horário e quantidade. Aplicando dia a dia esse conhecimento, de forma prática, eliminei seis quilos, dois números de calça; baixou a minha ansiedade, melhorou o meu humor, o meu sono, a minha autoestima, e tudo isso sem cortar nada do que eu gosto de comer!”, comemora o estudante.

A performance física foi o que fez a secretária Viviane Gonçalves Cordeiro, 39 anos, procurar por ajuda: “Bem, sou corredora de rua, amo maratonas, mas estava insatisfeita com meu rendimento. Me sentia estagnada. Com a RA, reaprendi a comer, mudei os horários, as quantidades e troquei diversos alimentos por outros mais saudáveis e no primeiro mês já senti a diferença”, evidencia Viviane.

Dr. Augusto revela que tanto a Viviane como o Hiago e todos os demais pacientes, quase que em regra geral, conseguem ter bons resultados nos primeiros dois, três meses.

Jejum intermitente (JI) como recurso nutricional

Os desafios se tornam mais difíceis a cada novo módulo de tratamento, pois é muito comum alguém que reduziu doze quilos em quatro, cinco meses, quando chega ao quinto mês, estagnar e ter dificuldade de eliminar mais. “Esse organismo já se ajustou ao novo ritmo, e é preciso dar para esse corpo um novo choque metabólico; então, iniciamos o jejum intermitente, que, através de uma nova mudança brusca, gera um novo ressetar do organismo”, destaca. Mas por que o jejum intermitente faz emagrecer? “Primeiro, quando uma pessoa jejua, naturalmente, ela já está reduzindo o consumo de calorias. Além disso, essa prática altera os níveis hormonais de forma a facilitar a perda de peso”, explica Dr. Augusto.

De acordo com o nutricionista, as mudanças hormonais associadas à prática de atividade física e aos jejuns de curto prazo (de seis até dezesseis horas) melhoram o metabolismo, auxiliando a pessoa a trocar gordura por massa magra e também a emagrecer. “Lógico que, para que isso ocorra de forma saudável, é necessário o acompanhamento de um profissional em Nutrição, que avaliará qual o programa adequado ao seu caso e, se aliado à reeducação alimentar, você tem a indicação para fazer o jejum e atingir os seus objetivos”, enfatiza.

Benefícios do jejum intermitente

A técnica do JI diminui a oxidação das células, reduz inflamações e também estabiliza o funcionamento dos hormônios. Auxilia ainda na melhora desse desequilíbrio, diminuindo a ansiedade, controlando a compulsão alimentar e potencializando a perda de peso e o ganho de massa muscular.

O casal Ana Carolina Kinal, 31 anos, e Rafael Gomes, 32, já tinha experimentado todo o tipo de dietas, das mais tradicionais às radicais dos fisiculturistas, para obter um corpo definido e qualidade de vida. “No entanto, só quando encontramos um profissional que apresentou uma proposta diferenciada, com maior flexibilidade na alimentação, é que observamos a melhora”, comentam. “Começamos então a fazer o jejum intermitente de oito horas (durante o dia) e em pouco tempo já sentimos o corpo mais definido, a perda de medidas e uma troca significativa de gordura por massa magra!”, comemora o casal.

No caso do jejum intermitente, o corpo diminui a produção dos hormônios do trato gastrointestinal (responsáveis pela fome) e aumentam o hormônio do crescimento (GH) e os catabólicos, que fazem parte do processo de queima de energia como o cortisol, também o glucagon e as catecolaminas. Quando isso acontece, todos os hormônios começam a ser regulados, e aí o corpo é estimulado a utilizar mais gordura corporal para quem tem uma alimentação adequada e para quem treina. “Somente em casos de carências nutricionais e desequilíbrio da flora intestinal, é necessária a utilização de suplementação”, conclui Dr. Augusto Pontes. Por isso, é sempre indispensável a orientação de um profissional.

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