Avanços da Medicina

Caducando, eu?

Falta de memória, dificuldade de raciocínio e de percepção, demência e esclerose também estão associadas aos distúrbios do sono

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Uma pesquisa recente feita pela Universidade da Califórnia, nos EUA, trouxe um novo alerta em relação aos distúrbios do sono, principalmente a apneia – interrupção da respiração que gera redução no aporte de oxigênio. Segundo o estudo, mulheres mais velhas que sofrem da doença estão mais propensas a desenvolver demência dentro de até cinco anos.

A descoberta foi publicada na revista American Medical Association e revelou pela primeira vez o que os especialistas do sono já sabiam há muito tempo: além de privar o cérebro e outros órgãos do oxigênio, a apneia pode provocar, com o decorrer do tempo, uma queda brusca da capacidade cognitiva, lesões cerebrais e risco de AVC.

A médica neurofisiologista especialista em sono, Dra. Olga Judith Hernandez Fustes, explica que os distúrbios respiratórios do sono atingem cerca de 60% dos idosos, principalmente mulheres. “É preciso ficar bastante atento. Pessoas com problemas cognitivos, como de memória, raciocínio, foco, atenção, entre outros, podem estar sofrendo de apneia, ou outro tipo de distúrbio, sem ter consciência disso”, ressalta.

“Se você percebe que uma pessoa está roncando, avise-a. Muitas pessoas não procuram ajuda por não saber em o quanto roncam ou ainda por não imaginarem o quanto isso pode estar afetando sua vida”, observa. Segundo a especialista, um diagnóstico precoce, assertivo, e tratamento eficaz podem evitar e/ou ajudar a retardar o desenvolvimento destes sintomas, que muitas vezes são tratados como outras doenças, principalmente com os idosos.

Mas, atenção: não é preciso estar na terceira idade para sentir esses sintomas. Eles podem aparecer em qualquer idade, tanto para o sexo masculino como o feminino, se a pessoa tiver algum distúrbio do sono.

Tratamento e bom humor

O casal Paulina Christan, 63 anos, e Valdemar, 69 anos, voltou a dormir bem depois que ambos passaram a usar um aparelho que ajuda a insuflar o ar para os pulmões, o CPAP. Ela usa há um ano, ele há cinco. O aparelho é uma espécie de máscara nasal usada na hora de dormir para fazer uma pressão constante do ar e levá-lo a atravessar as vias respiratórias, impedindo que a apneia ocorra.

Para detectar o problema, eles fizeram um exame de polissonografia. “Meu marido descobriu que parava de respirar de 70 a 80 vezes por hora durante a noite. Ele não percebia isso, porém, durante o dia dormia muito. Onde ele sentava, dormia”, lembra Paulina.

O problema também fez com que Valdemar emagrecesse bastante e deixasse de aproveitar momentos de lazer. “Depois que começou o tratamento ele engordou, parou de dormir durante o dia e o humor dele melhorou muito”, observa a esposa, lembrando que foi devido a um comentário do marido com a médica que ela descobriu sofrer do mesmo problema.

“Ele, casualmente, comentou que eu roncava bastante”, diz Paulina, que se livrou das palpitações e do mal-estar que sentia antes de dormir. Para isso, aliou o uso do aparelho a exercícios de fonoaudiologia para reduzir a flacidez muscular na garganta, um grande vilão para o surgimento ou aumento dos problemas de ronco.

Em diversos casos, o tratamento pode ser feito também com o uso da placa intraoral, que parece um pequeno aparelho dentário e é utilizada na hora de dormir.

 

Problemas causados por distúrbios do sono:

  • Desânimo
  • Fadiga
  • Baixa libido
  • Depressão
  • Obesidade
  • Diabetes
  • Doenças cardíacas
  • Problemas pulmonares
  • Falta de memória
  • Demência
  • Derrame cerebral
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