Bem Estar

A saúde emocional da família

É mais difícil educar filhos hoje do que antigamente

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Este questionamento tem sido ouvido constantemente, pois, em função da necessidade de trabalho e crescimento profissional dos pais, das informações variadas nos meios de comunicação, as famílias sentem-se muitas vezes confusas, temerosas de estar ou não exercendo adequadamente seu papel na educação dos filhos.
A revista Corpore entrevistou as profissionais da Clínica SELF para discutir esse tema. Especialistas das áreas de Psicologia, Psicopedagogia, Musicoterapia e Fonoaudiologia relataram suas experiências e conversaram sobre a situação atual da família.
Por que a educação dos filhos ficou mais complexa?
Hoje, o dia-a-dia das famílias é mais intenso, pois a busca por realização pessoal, profissional e social exige de todos um maior comprometimento. Este fator, associado ao nível de informações que uma criança ou adolescente recebe através da TV, internet e outros meios de comunicação, acelera o ritmo de desenvolvimento, fazendo com que questionamentos e preocupações antigamente inexistentes para determinada faixa etária sejam foco de ansiedade e até de conflitos. A vida moderna gera também uma maior necessidade de atenção, equilíbrio e habilidades emocionais em todos os membros da família.
Atualmente, percebe-se que os pais apresentam dificuldades em colocar limites em seus filhos. Como proceder nesses casos?
Nós, profissionais da área de saúde e educação, somos procurados pelos pais para orientá-los em como proceder com seus filhos que apresentam dificuldade em aceitar as regras e limites estabelecidos pela família, escola e sociedade. Entendemos que o limite tem como objetivo orientar e educar as crianças, para assim, proporcionar uma melhora na relação familiar e social. Limite é necessário no sentido de formar um cidadão apto a conviver de maneira harmônica, familiar e socialmente. A criança com limite é mais segura, sabe conviver em sociedade, é mais assertiva, sabe impor e ceder às regras. Os limites devem ser colocados com amor e energia!
Como melhorar o relacionamento entre familiares e o entendimento entre pais e filhos?
 Acreditamos que, no primeiro momento, seja adequado que a família, antes de procurar um profissional, busque trabalhar seus conflitos pessoais no meio familiar, pois tal atitude leva à união e ao reforço dos vínculos. Porém, quando a família percebe que não foi possível encontrar a solução é chegado o momento de buscar a ajuda profissional. Cabe ao profissional escutar a família, buscando compreender a dinâmica da casa, mapeando as relações de forma global. O objetivo é perceber onde está desconfortável e fazer ajustes necessários para reconquistar o equilíbrio, trabalhando com as diferenças e buscando regras que atendam a necessidade de todos. Com o tempo, estas regras podem se reajustar à medida que novas situações ocorram, afinal, nos unimos por nossas semelhanças, mas crescemos através de nossas diferenças. Assim, ao final do trabalho a família deve estar madura o suficiente para administrar seus conflitos, pois é natural que eles ocorram.
E quando percebe-se que algo não está bem, o que fazer?
A percepção de que algo não está bem é, sem dúvida, o primeiro e grande passo. A comunicação interna da família, as trocas e os diálogos são, em algumas situações, suficientes para resolver conflitos. Quando não são eficazes, é necessária a busca de profissionais qualificados para auxiliar, seja através de avaliação, orientação ou encaminhamento terapêutico. O profissional de Psicologia poderá interferir nas questões sociais, emocionais, sexuais, enfim, buscar junto ao cliente o tratamento mais adequado. Quando as questões estão relacionadas à aprendizagem, o Psicopedagogo poderá auxiliar tanto na organização de hábitos de estudo como na busca dos melhores recursos para que a aprendizagem ocorra. As dificuldades relacionadas à comunicação, de forma ampla, estarão sob os cuidados do Fonoaudiólogo. E ainda temos o recurso da Musicoterapia, que é um método divertido de tratamento, contribuindo para o desenvolvimento neurológico, afetivo, motor e lingüístico. Estudos têm percebido um aumento do número de casos de depressão com uma redução cada vez maior na idade da população atingida.
Como saber se isto está acontecendo?
É importante que os pais observem alguns indicadores de que algo não vai bem e até mesmo de um episódio de depressão infantil. São eles: tristeza, queixas generalizadas, sentimento de rejeição (“ninguém quer brincar comigo”), falta de disposição para iniciar tarefas, cansaço, baixa energia para atividades físicas e de lazer, irritabilidade, dificuldade de atenção e concentração, medo inexplicado, isolamento social (“não quero mais brincar”), baixo autoconceito e auto-estima (“sou feia, sou burra”), transtornos alimentares (aumento ou redução de apetite), enurese noturna, distúrbios orgânicos (dor de cabeça, dor de barriga) e distúrbios de sono (aumento ou redução). Deve ser observada a freqüência, a intensidade e o tempo de ocorrência destes fatores.
Que sugestões vocês dão aos pais que estão enfrentando problemas?
Quem tem filhos sabe do prazer que é conviver com eles, mas também do trabalho que dá para educá-los. Relacionamento, diálogo, trabalho, rendimento escolar, limites, sexualidade, perdas, adolescência, orientação profissional, drogas, finanças e tantas outras questões importantes, estão presentes na convivência familiar. Nos dias de hoje, pais sentem-se pressionados a saber um pouco de tudo, a serem especialistas em diversas áreas, para poderem acolher as dúvidas de seus filhos e contribuir para a formação dos valores que irão nortear sua conduta. Ser pai inclui ser responsável pelo filho em tudo o que ele precisa, dos cuidados com alimentação à independência social, física, mental e afetiva. Apesar das transformações pelas quais a sociedade passou (e ainda passa), a família continua com seu importante papel de ser o alicerce da educação; é no convívio familiar que se aprende a relacionar com o outro, é onde nos sentimos protegidos e seguros. Em dias violentos, ambiciosos e individualistas, ter pessoas em quem confiar é realmente uma dádiva. E nos faz ter forças para superar as dificuldades.
De olho nas crianças
Fique atento a alguns sintomas, como agressividade, baixo desempenho escolar, falta de organização, dificuldade em se socializar e timidez elevada. Procure perceber quando a criança está apática, quieta, fechada e desmotivada ou muito ansiosa e agitada. Aos primeiros sinais, procure ajuda especializada.
Suporte às famílias
Fique atento à saúde emocional da sua família. O aspecto psicológico dos filhos é influenciado pelo relacionamento dos pais. As grandes cidades possuem profissionais especializados para solucionar esses conflitos. A Clínica Self é um grande exemplo disso, pois atende, ensina e orienta famílias em seus desafios, e tem sido um grande suporte para dezenas de famílias curitibanas. Os profissionais estão à disposição dos pais para sanar dúvidas ou passar orientações.
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