Câncer colorretal tem cura
Com diagnóstico precoce, pacientes acometidos pelo câncer de cólon e reto podem voltar a ter uma vida normal
Dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA) estimam que até o fim deste ano mais de 14 mil pessoas sejam afetadas pelo câncer colorretal no Brasil. Esse é o segundo tipo de câncer mais comum entre as mulheres, atrás apenas do câncer de mama, e o terceiro mais comum entre os homens. Em segundo lugar está o câncer de próstata e em primeiro o de pele não-melanoma.
Este tipo de câncer abrange tumores que acometem um segmento do intestino grosso (o cólon) e o reto. Grande parte desses tumores se inicia a partir de pólipos, lesões benignas que podem crescer na parede interna do intestino grosso. Dessa forma, uma maneira de prevenir a doença seria a remoção dos pólipos antes de eles se tornarem malignos.
De acordo com o médico especialista em Hematologia e Cancerologia, Dr. Valdir de Paula Furtado, do Instituto de Hematologia e Oncologia de Curitiba (IHOC), é possível sim que uma pessoa acometida por um câncer colorretal volte a ter uma vida normal. “Algumas pessoas ficam totalmente curadas, e mesmo naqueles casos em que o paciente se obriga a usar uma bolsa externa (para coletar as fezes), permanentemente, é possível a adaptação”, diz ele.
O aparecimento da doença
Quando o primeiro sintoma do câncer apareceu na médica pediatra, Maria Elizabeth Pasternak Glitz (60), ela pensou que fosse uma espécie de vírus. “De repente eu tive diarréia e comecei a perder uma grande quantidade de sangue. Como trabalho com crianças, pensei que era rotavírus.”
Percebendo que o sangramento não parava, ela procurou um médico. Ao realizar os exames, entre eles, o de biopsia, recebeu o diagnóstico de que estava com câncer colorretal.
A médica, que fez o tratamento no IHOC é um exemplo bastante positivo de cura. Apesar de descobrir a doença, em 2004, já num estágio avançado, ela leva hoje uma vida normal.
A família e o pensamento positivo
Maria Elizabeth considera que o apoio familiar e o estado de espírito são muito importantes para o sucesso do tratamento e para a cura da doença. “Eu tive muito apoio da minha família”, diz ela, que é casada, mãe de dois filhos, e hoje pode curtir normalmente os dois netos.
“Você também tem que acreditar no médico, no tratamento que você está fazendo, confiar que vai ficar bem”. Ela lembra que no início a doença não estava respondendo ao tratamento, “mas, depois deu tudo certo”, diz aliviada. “É muito importante o teu estado de espírito. Você não pode se entregar. Hoje, eu to aqui, trabalhando, fazendo tudo normalmente.”
A pediatra ressalta que após o tratamento mudou bastante seus hábitos alimentares. Ela procura ter uma alimentação balanceada e evita a ingestão de alimentos muito gordurosos. “Até porque, você acaba ficando com uma sequela ou outra, a gente tem que se cuidar mais mesmo.”
Prevenção
Histórico familiar
As chances de contrair o câncer colorretal aumentam consideravelmente quando há outros casos da doença na família. Em situações como essa, exames de detecção (pesquisa de sangue oculto nas fezes e colonoscopia) devem ser realizados antes dos 50 anos. Mas, é imprescindível informar ao médico o histórico familiar, independentemente da idade;
Casos de outros tipos de câncer na família ou desenvolvido pelo paciente também devem ser informados ao médico, pois, eles aumentam o risco de desenvolvimento da doença;
Polipose
Pessoas que têm lesões benignas no intestino grosso possuem tendência maior a desenvolver o câncer colorretal;
Dieta alimentar
Uma dieta rica de vegetais e laticínios e pobre em gordura (principalmente a saturada), além de atividade física regular, previnem o câncer colorretal, segundo o INCA. Deve-se evitar o consumo exagerado de carne vermelha.
O baixo consumo de cálcio também predispõe ao câncer de colorretal.
Outros fatores de risco
- Obesidade;
- Sedentarismo;
- Doenças inflamatórias do intestino.
Dr. Valdir Furtado lembra que alguns estudos relacionam a diminuição na incidência de câncer colorretal em pessoas que fazem uso da aspirina, embora não para essa finalidade, mas, para o tratamento de outras doenças, como as do coração, por exemplo.
Sintomas
Nem sempre a doença é sintomática logo no início. Todavia, é importante estar atento aos seguintes fatores:
- Perda crônica de sangue;
- Mudança no hábito intestinal (diarréia ou prisão de ventre);
- Desconforto abdominal com gases ou cólicas, sangramento nas fezes, sangramento anal e sensação de que o intestino não se esvaziou após a evacuação;
- Perda de peso sem razão aparente, cansaço, fezes pastosas de cor escura, náuseas, vômitos e sensação dolorida na região anal, com esforço ineficaz para evacuar.
Tratamento
Tanto no câncer de cólon quanto de reto é feita a cirurgia para retirada dos tumores.
Ocorre que no câncer de cólon, somente em casos muito específicos o paciente é submetido à radioterapia. Em geral, é feita somente a quimioterapia adjuvante. Um tratamento com medicações que combatem as células tumorais, e que pode ser feito antes e após a cirurgia.
No caso do câncer de reto, além da quimioterapia, é sempre utilizada a radioterapia. Um tratamento com grandes doses de raios de alta-energia ou partículas para destruir células cancerígenas em uma área específica. Busca erradicar todas as células tumorais, reduzir a possibilidade de volta do tumor ou que ele se espalhe.
O sucesso do tratamento depende principalmente do tamanho, localização e extensão do tumor. Quando a doença está espalhada, com metástases para o fígado, pulmão ou outros órgãos, as chances de cura ficam reduzidas.
Por isso fique atento e esteja em dia com seus check-ups.
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