Podoposturologia

Podoposturologia: o que é isso?

Todo ser humano tem um centro gravitacional de equilíbrio e estabilidade, sendo os pés a base de toda sustentação e alinhamento. Desde que começamos a andar, nossos pés sofrem alterações, visando o melhor equilíbrio, regulando e coordenando a postura estática e dinâmica e alinhando nossa estrutura esquelética por meio de tendões, articulações e músculos, passando pelo tornozelo, perna, joelhos, quadris, região lombar e cervicodorsal. Quando apresentamos desequilíbrio neste sistema postural, surgem dores, enrijecimentos, contraturas musculares, patologias de ordem postural e limitações nos movimentos.

Com base nos princípios da neurofisiologia da postura humana surgiu um novo conceito terapêutico: a podoposturologia, área da fisioterapia que reeduca e realinha a estrutura do corpo através de palmilhas. “Por meio de avaliação postural clínica com podoscópio, anamnese, teste de equilíbrio, análise de rotação, nivelamento de bacia e tensão da musculatura paravertebral, é possível prescrever e confeccionar uma palmilha específica para a necessidade do paciente”, explica Victor Marcassa Neto, fisioterapeuta com especialização em fisioterapia ortopédica, traumatológica e desportiva e com formação em podoposturologia.

O senador Flávio Arns, 58 anos, sofreu durante três anos com dores nos pés, pernas e quadris que prejudicavam suas atividades diárias e tiravam-lhe o sono. “Eu tinha dificuldades nos movimentos de locomoção, problemas de má postura, não encontrava posição confortável na hora de dormir e sentia muitas dores, até que minha fisioterapeuta indicou o tratamento postural através de palmilhas”, conta. Embora já tivesse tentado outro tratamento para amenizar o problema, somente quando passou a usar as palmilhas o senador começou a perceber resultados. “Desde outubro do ano passado estou em tratamento. Tive um reposicionamento do corpo inteiro através do uso diário das palmilhas; a transformação foi extraordinária, pois todas as dores desapareceram e passei a dormir bem”, comemora.

O equilíbrio do corpo humano inicia pelos pés: ao ficarmos em pé, podemos sentir o corpo estabilizando. A podoposturologia orienta o corpo para seu centro gravitacional correto, mudando o equilíbrio e ajustando os estímulos neurológicos para esta nova posição. O paciente fica em média 45 dias com a nova palmilha, que deve ser usada de 10 a 12 horas por dia, e então retorna ao especialista para avaliar a evolução do tratamento. Nesse momento já houve modificações profundas na planta dos pés e melhora em diversas reclamações e sintomas. Em boa parte dos casos clínicos, depois desses 45 dias já se elimina o uso da palmilha, pois o corpo já reprogramou a nova postura, “Mesmo assim, precisamos de 10 a 12 meses para fixar esta nova postura para o resto da vida, por isso o paciente tem que voltar depois de um ano para verificação” ressalta Dr. Victor. Existem casos, porém, em que o paciente precisa continuar um pouco mais, ou ainda, fazer ajustes nas palmilhas, e persistir de 45 até 90 dias com elas.

Traumatismos nos pés, entorses de tornozelo, uso de sapatos inapropriados ou perturbações vindas dos olhos ou dentes são fatores que levam os pés a sofrerem modificações de posição e com isto, a partir deles, desequilibrar o sistema postural. “A planta do pé é rica em receptores sensoriais que detectam as pressões na pele e as tensões que ocorrem nas articulações dos pés e tornozelos. A visão e a oclusão dentária também se refletem no equilíbrio do sistema postural”, explica o especialista.

 

Qualidade

As palmilhas posturais e mecânicas são confeccionadas com elementos de EVA (etilvenilacetato) que funcionam como pontos de redistribuição, com estruturas de borracha diferenciadas em seu formato e densidade em determinadas áreas da superfície plantar – tudo planejado e definido pela avaliação baropodométrica e postural. Estes elementos fornecem informações inconscientes ao sistema nervoso e, como resposta, o corpo produz um reequilíbrio postural através das reações reflexas tônicas musculares, corrigindo as assimetrias. “As correções posturais utilizando receptores plantares são baseadas na localização da superfície plantar e na densidade dos elementos. A avaliação cuidadosa permite constatar a eficácia imediata da correção das assimetrias posturais, principalmente da coluna vertebral”, reforça Victor Marcassa.

“A tecnologia utilizada na fabricação das palmilhas é europeia. Elas absorvem o suor, os impactos sob os calcanhares, nas articulações dos membros superiores e na coluna vertebral durante o caminhar. A sensação é de conforto e bem-estar. Elas também ajudam a prevenir e amenizar os sintomas de eventuais lesões decorrentes de atividades esportivas”, acrescenta o fisioterapeuta. Por todas estas características, as palmilhas posturais e mecânicas são recomendadas para indivíduos com muita dor nos pés, tornozelos, pernas, joelhos, quadris e na coluna vertebral, sobrepeso e disfunções circulatórias nos membros inferiores (pé diabético, por exemplo).

O médico ortopedista Edilson Thille, de 49 anos, sentia muitas dores na região plantar devido à prática do tênis. “Chegava a ficar uma semana com dor nos pés. O uso das palmilhas foi a solução deste desconforto causado pelo esporte”, revela o médico. No caso da personal trainer Luciana Medeiros, de 34 anos, o tratamento foi favorável para um problema congênito. “Desde criança tenho pé chato, o que prejudicava minha postura; usando as palmilhas, realinhei minha coluna e estou satisfeita com o resultado”, afirma a personal trainer, que é especialista em lesões e que indicou o tratamento para cerca de 40 pessoas com problemas na coluna e dores em diversas regiões do corpo. “O uso contínuo das palmilhas modifica o corpo de dentro para fora. Por isso, é sem dúvida parte importante no tratamento de uma lesão muscular/articular, porque trata a carga que interfere na mecânica do nosso organismo”, destaca a profissional, cujo marido também resolveu problemas de coluna e pé cavo utilizando este novo conceito terapêutico.

As indicações para o uso das palmilhas são muitas: podem ser prescritas de acordo com a marcha (rotação interna ou externa da perna), perna curta, pé cavo, pé plano (chato), esporão de calcâneo, calcâneo valgo (para dentro), calcâneo varo (para fora), joelho valgo, joelho varo, joanete e tendinites nos membros inferiores. São indicadas também para o tratamento dos desníveis da bacia (obliquidade), diversas patologias nos pés, dores na região cervical, lombar e dorsal, dores irradiadas, pubalgias, hérnia de disco, síndromes musculares e fasciais, síndromes fêmuro-patelares, artrose, artrite, alterações morfológicas da coluna vertebral, entre outras. “As palmilhas corrigem o tipo de pisada (pronada ou supinada), os desvios posturais do corpo no espaço, nivelam a bacia, diminuem a torção do tronco, contribuem para a melhor congruência das articulações e amenizam a sobrecarga principalmente na coluna vertebral, prevenindo e tratando eventuais afecções que possam aparecer”, resume Marcassa, enfatizando que as palmilhas podem ser usadas em qualquer tipo de calçado (inclusive sandálias e sapatos de salto), por crianças, idosos e atletas. O tratamento tem custo acessível e apresenta resultados surpreendentes, de forma rápida e segura.

 

Funcionamento

Posicionadas entre o pé e o calçado, as palmilhas têm como objetivo reduzir o pico de pressão e distribuir a força de reação do solo por toda a região plantar, aumentando a eficiência do controle postural durante a posição ereta, na caminhada, na corrida, durante a realização de uma atividade física ou ocupacional. Conforme o fisioterapeuta, este novo método visa prevenir e tratar os transtornos da postura e do equilíbrio em pé por intermédio de neuroreceptores podais. “É uma técnica que aborda o indivíduo como um todo e permite tratar a causa da afecção, obtendo resultados mais satisfatórios e em menor tempo, evitando as recidivas e até uma cirurgia”, enfatiza.

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