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Hipervaidade

Quando saber se estamos passando dos limites com a preocupação com a estética, com as cirurgias plásticas. Até que ponto a busca pela beleza é saudável e traz felicidade?

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Recentemente a psicanalista e blogueira do Jornal Folha de São Paulo, Luciana Saddi levantou, em um de seus posts, a polêmica sobre o excesso de vaidade. Segundo ela, na busca frenética pela beleza, juventude e magreza, muitas pessoas exageram nos recursos cosméticos e cirúrgicos. A psicanalista também considerou que a indústria da beleza não contempla a todos e, por isso, muitos sentem-se excluídos por não terem condições de se enquadrar nestes padrões estéticos, enquanto outros sentem-se superiores.

E você? É uma pessoa vaidosa ou hipervaidosa? Sabe até que ponto a vaidade é saudável? Para tirar essas e outras dúvidas fomos conversar com especialistas neste assunto.

Insegurança e autoestima

A psicóloga e psicoterapeuta, Daniele Mendes Ramos, considera que a vaidade é  prejudicial quando se torna o sentimento primordial do indivíduo, escravizando-o. Contudo, ela conta que durante seus 17 anos de experiência clínica, inclusive na área de estética e cirurgias plásticas, a vaidade, em determinados casos, é o que leva muitas pessoas a não se acomodarem.

“Pacientes inseguros, com baixa autoestima e até traumas de infância, podem através do estímulo da vaidade, de uma maneira sadia, buscar a superação de si mesmos perante a sociedade”, explica. “A preocupação com a imagem faz com que essas pessoas procurem ajuda, onde os tratamentos estéticos e cirúrgicos muitas vezes são o primeiro passo em busca de realização social e íntima.”

Ela também ressalta que pequenas correções no corpo têm refletido, em muitos casos, na evolução terapêutica dos pacientes. “Dessa forma, eles passam a ter uma postura muito mais ativa perante a vida.”

Busca pela felicidade

Exemplificando que há “pessoas vorazes por comida ou álcool”, o cirurgião plástico, Dr. Paulo Bettes, lembra que excessos podem ocorrer em todas as áreas. Segundo ele, na maioria dos casos, os pacientes que buscam o consultório do cirurgião plástico querem resgatar a autoestima e sentirem-se melhores, mas, não superiores.

Ele ressalta que a indústria cosmética atua em suas campanhas de marketing mostrando modelos masculinos e femininos com corpos sarados e rostos felizes. “Com certeza buscando aumentar as vendas de seus produtos. Mas, coloco aqui uma questão: nas campanhas de cerveja ou de carro, por acaso a propaganda é diferente?”

Segundo o especialista, o mundo é de fato consumista, mas, a busca das pessoas, homens e mulheres,  “é pela felicidade e não pelo ideal irreal de beleza”, afirma. Sobre as mulheres, o cirurgião conta que elas não buscam corpos perfeitos como de uma atriz famosa, mas, “querem poder colocar um vestido justo e decotado, ou mesmo irem à praia de biquíni e sentirem-se belas para si mesmas, namorados ou maridos e, é claro, para as outras mulheres.”

Para finalizar, Dr. Paulo Bettes ressalta que tem por hábito na consulta pré-operatória retirar o máximo de informações do paciente, para saber a razão pela qual ele busca a plástica, suas expectativas, desejos e frustrações. Quando necessário, o paciente é encaminhado para uma consulta psicológica. Em alguns casos a cirurgia pode ser, inclusive, contra-indicada ou postergada até que o tratamento psicoterápico tenha surtido efeito.

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