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Alimentos orgânicos, o que esperar deles no futuro?

Os alimentos orgânicos já foram a única forma da alimentação no passado e atualmente figuram como a solução para o futuro. Seriam os Organic Junk Food a única saída?

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Talvez a expressão fique mais familiar com a seguinte pergunta: Vai um lanche orgânico rápido aí? Pois é, na última década, com os avanços na produção e comercialização, os alimentos orgânicos deixaram de vez de ser exclusividade das feiras e ganharam as prateleiras dos supermercados. Mas, será que em forma de lanche rápido eles continuam sendo saudáveis?

A pesquisadora científica da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Sônia C. Stertz, doutora em Tecnologia de Alimentos, acredita que os chamados Organic Junk Food são uma contradição. “O alimento orgânico deve ser saudável, ter elevado valor nutricional e ser isento de contaminantes intencionais. Senão não poderá, ou pelo menos não deveria ser considerado orgânico pela legislação vigente”, explica.

Ela ainda acrescenta que seria um equívoco considerar esse tipo de produto como uma tendência. “A agroindústria tem condições de processar alimentos de forma saudável. Tecnologia para isto existe. Tem que haver coerência e ética por parte dos empresários, do governo e principalmente dos consumidores conscientes.”

O professor de pós-graduação em Meio Ambiente e Desenvolvimento da UFPR, Paulo Nierdele, diz que, até agora, a expressão do que se convencionou chamarOrganic Junk Food não é tão grande no Brasil se comparado a outros países. O termo lembra outro, cunhado também nos Estados Unidos, o fast-food. Um tipo de alimentação que tem como característica principal a produção de lanches com acompanhamento de batatas fritas e empanados, cardápio muito apreciado pelos brasileiros.

 

#batata frita orgânica, assim como salchichas, empanados e massas

Nierdele explica que a entrada da indústria no mercado de orgânicos ainda é um fenômeno em curso no Brasil, e que é “no mínimo prudente ter um certo cuidado para que não haja exageros e, como consequência, uma descaracterização do produto orgânico”. Até porque, segundo ele, o ritmo de expansão desse mercado, que é em media três vezes maior do que o setor de alimentos de modo geral, depende do apelo para a venda do orgânico, que é o da promoção da saúde e a preservação ambiental.Como exemplo de Organic Junk Food, no Brasil, podemos citar batatas fritas, salsichas, empanados e massas.

A rota dos alimentos orgânicos

Para discutir os rumos da produção orgânica a Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) realizou em setembro o Simpósio da Rota Agroalimentar: Industrialização de Alimentos Orgânicos. O evento reuniu empresários, profissionais, especialistas que atuam na área de alimentos orgânicos e estudantes de cursos técnicos da área de alimentos. A ideia, segundo Rommel Barion, vice-presidente da Fiep é  alavancar a cadeia produtiva e estimular a industrialização de produtos orgânicos, através da disseminação da informação.

Vale esclarecer que o evento é fruto de um projeto maior da Federação chamado de “Articulação das Rotas Estratégicas para o Futuro da Indústria Paranaense”. O projeto surgiu em 2009, após a organização constatar, por meio de pesquisa, que o baixo nível de interação entre representantes do setor produtivo e das universidades/centros de pesquisa paranaenses ainda é um grande empecilho no pleno desenvolvimento da indústria paranaense.

Durante o encontro, produtores e especialistas em alimentos orgânicos foram unânimes no entendimento de que o setor, apesar de todo o avanço conquistado nas últimas três décadas, ainda precisa de uma maior organização, de melhorias na regulamentação e também um contato maior entre produtores e consumidores. Isso fortaleceria o mercado, pois, aumentaria a produtividade da agroindústria, alavancaria ainda mais a venda dos orgânicos dentro e fora do Brasil, e também cooperaria para a redução dos preços desses alimentos.

Apesar dos orgânicos in natura, hoje, terem um custo bastante próximo ou até mesmo igual ao dos alimentos convencionais, os industrializados ainda estão muito distantes da mesa dos brasileiros com menor poder aquisitivo.

 

#Rommel Barion, vice-presidente da Fiep no Simpósio da Rota Agroalimentar: Industrialização de Alimentos Orgânicos

 

O que é um alimento orgânico?

De acordo com a legislação brasileira, para ser considerado orgânico, o alimento precisa ser produzido segundo os princípios agroecológicos, que contemplam o uso responsável do solo, da água, do ar e dos demais recursos naturais, respeitando as relações sociais e culturais. Ou seja, não é permitido o uso de substâncias que coloquem em risco a saúde humana e o meio ambiente. Por isso, nesse tipo de cultivo é proibida a utilização de fertilizantes sintéticos solúveis, agrotóxicos e transgênicos. O produto orgânico pode ser de origem vegetal e animal, neste último caso é proibido, por exemplo, o uso de hormônios de crescimento.

 

#plantação de alfaces orgânicas

Como saber se o alimento é orgânico ou não?

Principalmente na hora em que se busca um alimento orgânico no supermercado vem a dúvida: será que esse é orgânico mesmo? Ou é convencional? Ou, quem sabe, hidropônico?

Para facilitar a vida do consumidor na hora da compra, muitos supermercados procuram diferenciar as prateleiras de orgânicos. É o caso da Rede Angeloni. Segundo Luiz de Souza, analista de Negócios do Grupo, em Curitiba, na seção de Folhas, Verduras e Legumes, além dos produtos serem identificados na embalagem (o que é obrigatório), há uma informação visual de orgânicos no espaço, e uma divisória no balcão refrigerado. Ele acrescenta que, a pedido do próprio cliente, o mercado também oferece saladas lavadas e legumes descascados, prontos para consumo. “Eles facilitam o preparo e já vêm em porções certas.”

Atenção: Nunca compre um produto orgânico se ele não tiver o selo de certificação em sua embalagem. O selo de qualidade é a garantia de que o produto tem boa procedência.

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