Alivio completo dos pés à cabeça
A podoposturologia - técnica inovadora que utiliza o uso de palmilhas - vem conquistando cada vez mais adeptos no alívio e tratamento da postura e das dores
A podoposturologia me transformou de uma Torre de Pisa (torta) a uma Torre Eiffel”. Com esta analogia, o jornalista e urbenauta (espécie de viajante urbano) Eduardo Fenianos, de 40 anos, define os resultados do tratamento que eliminou suas dores nos pés e corrigiu sua postura. “Sentia dores insuportáveis; cheguei a fazer uma infiltração e tinha a indicação de cirurgia para corrigir o pé plano (chato), mas tratei o problema utilizando palmilhas que acabaram com as dores e corrigiram o meu eixo”, conta Eduardo, que faz ainda muitas caminhadas, escaladas e pratica corrida. ”Uso dois tipos de palmilhas, uma para andar e outra para correr. Hoje, corro todos os dias, sem dor, tanto que pretendo participar de uma meia maratona”, comemora.
Os pés são a base de toda a sustentação e alinhamento do corpo humano. São eles que nos proporcionam um centro gravitacional de equilíbrio e estabilidade. Entretanto, nossos pés sofrem alterações de natureza causativa, adaptativa, ou ambas, que visam o equilíbrio, a regulação da nossa postura estática e dinâmica e o alinhamento da estrutura esquelética por meio de tendões, articulações e músculos. Todo esse processo passa pelos tornozelos, pernas, joelhos, quadris, região lombar e cervicodorsal. Quando apresentamos desequilíbrio neste sistema postural, podemos sentir dores, tendinites, artrose, enrijecimentos, contraturas musculares, patologias de ordem postural e limitações nos movimentos.
A boa notícia é que, com base nos princípios da neurofisiologia da postura humana, um novo conceito terapêutico conhecido como podoposturologia ou reeducação postural através de palmilhas, tem sido utilizado para prevenir e tratar estas alterações. “Por meio de avaliação postural clínica com podoscópio, anamnese, teste de equilíbrio, análise de rotação, nivelamento de bacia e tensão da musculatura paravertebral, é possível prescrever e confeccionar uma palmilha específica para a necessidade do paciente”, explica Dr. Victor Marcassa Neto, fisioterapeuta com especialização em fisioterapia ortopédica, traumatológica e desportiva e com formação em podoposturologia. As palmilhas podem ser usadas por crianças, idosos e atletas, em qualquer tipo de calçado (inclusive tênis de corrida, sandálias, chinelos e sapatos de salto). O tratamento tem custo acessível e seu resultado é rápido, seguro e não tem contraindicações.
A nutricionista Natércia Ferreira, de 28 anos, sentia dores na panturrilha quando mexia a perna, além de problemas posturais. “Como sou baixinha, sempre usei sapatos de salto alto, e isso acabou descompensando minha coluna em 12 cm para um lado. Com o uso das palmilhas, compensei esta diferença, corrigi minha postura e me livrei das dores”, revela a nutricionista, que manteve o uso do mesmo tipo de calçado, porém com as palmilhas, sem, no entanto, apresentar qualquer problema. Já o corretor de seguros Luiz Antonio Cequinel, de 47 anos, resolveu um “mau jeito” na coluna, que o deixou torto e com dores depois de carregar peso, usando as palmilhas. “Só não uso elas para dormir, porque além de resolver este incômodo sem tomar qualquer remédio, consigo realizar várias atividades sem sentir dor e, de quebra, corrigi minha postura”, salienta.
Efeitos em 45 dias
Como o equilíbrio do corpo humano se inicia pelos pés, ao ficarmos em pé, podemos sentir o corpo estabilizando. A podoposturologia orienta o corpo para seu centro gravitacional correto, ajustando os estímulos neurológicos para esta nova posição. O paciente fica, em média, 45 dias com a nova palmilha, que deve ser usada de 10 a 12 horas por dia, depois retorna ao especialista para avaliar a evolução do tratamento. Nesse período, já houve modificações profundas na planta dos pés, melhorando os principais sintomas e queixas.
Para a professora aposentada Rosilda Baron Martins, de 63 anos, o resultado do tratamento apareceu em poucas semanas. “Sentia muitas dores na região lombar devido a uma escoliose acentuada, além de apresentar dores de ATM, com a recomendação, inclusive, de voltar a usar aparelho. Em janeiro deste ano, adotei as palmilhas e nunca mais senti qualquer tipo de dor e nem precisei do aparelho. Foi um grande ganho para a minha qualidade de vida”, acentua a paciente.
Em boa parte dos casos clínicos, depois de 45 dias já se elimina o uso das palmilhas, pois o corpo já reprogramou a nova postura. “Mesmo assim, precisamos de 10 a 12 meses para fixar esta nova postura para o resto da vida, por isso o paciente tem que voltar depois de um ano para verificação”, ressalta Dr. Victor. Entretanto, existem casos em que o paciente precisa usá-las por mais tempo, ou ainda, precisa fazer ajustes nas palmilhas, persistindo o uso por 45 ou até 90 dias.
Traumatismos nos pés, entorses de tornozelo, uso de sapatos inapropriados ou perturbações vindas dos olhos ou dentes são alguns dos fatores que levam os pés a sofrerem modificações de posição e, com isso, desequilibrar o sistema postural. “A planta do pé é rica em receptores sensoriais que detectam as pressões na pele e as tensões que ocorrem nas articulações dos pés e tornozelos. A visão e a oclusão dentária também se refletem no equilíbrio do sistema postural”, explica o especialista.
Reequilíbrio da postura e principais indicações
As palmilhas posturais e mecânicas são confeccionadas com elementos de EVA (etilvenilacetato) que funcionam como pontos de redistribuição, com estruturas de borracha diferenciadas no seu formato e densidade em determinadas áreas da superfície plantar – tudo planejado e definido pela avaliação baropodométrica e postural. Estes elementos fornecem informações inconscientes ao sistema nervoso e, como resposta, o corpo produz um reequilíbrio postural através das reações reflexas tônicas musculares, corrigindo as assimetrias. “As correções posturais utilizando receptores plantares são baseadas na localização da superfície plantar e na densidade dos elementos. A avaliação cuidadosa permite constatar a eficácia imediata da correção das assimetrias posturais, principalmente na coluna”, reforça Dr. Victor Marcassa.
A advogada Miriam Natália S. Crestani, de 61 anos, sentia fortes dores no pé esquerdo havia dois anos. Diagnosticada com neuroma de Morton, a paciente foi submetida a uma cirurgia no peito e planta do pé, pois já não conseguia mais caminhar, não podia dirigir e só usava tênis o dia inteiro para suportar a dor. “No terceiro dia usando as palmilhas voltei a caminhar normalmente e hoje não sinto mais nada, além de poder usar qualquer tipo de calçado”, afirma Miriam. “Resgatei minha qualidade de vida e até meu humor melhorou muito”, acrescenta.
Fabricadas com tecnologia europeia, as palmilhas posturais e mecânicas absorvem o suor, os impactos sob os calcanhares, nas articulações dos membros inferiores e na coluna vertebral durante o caminhar. Por isso, são recomendadas para indivíduos com dores nos pés, tornozelos, pernas, joelhos, quadris e na coluna vertebral, sobrepeso e disfunções circulatórias nos membros inferiores (pé diabético, por exemplo).
As indicações para o uso das palmilhas são muitas: podem ser prescritas de acordo com a marcha (rotação interna ou externa da perna), perna curta, pé cavo, pé plano (chato), esporão de calcâneo, neuroma de morton, calosidade, bolhas e rachaduras nos pés, unha encravada, calcâneo valgo (para dentro), calcâneo varo (para fora), joelho valgo, joelho varo, joanete e tendinites nos membros inferiores. São indicadas também para o tratamento dos desníveis da bacia (obliquidade), dores na região cervical, lombar e dorsal, dores irradiadas, pubalgias, hérnia de disco, síndromes musculares e fasciais, síndromes fêmuro-patelares, artrose, artrite, alterações morfológicas da coluna vertebral, dores de cabeça, disfunções e dores na ATM (articulação têmporo-mandibular), entre outras. “As palmilhas corrigem o tipo de pisada (pronada ou supinada), os desvios posturais do corpo no espaço, nivelam a bacia, diminuem a torção do tronco, contribuem para a melhor congruência das articulações e amenizam a sobrecarga, principalmente, na coluna vertebral, prevenindo e tratando eventuais afecções que possam aparecer”, resume o fisioterapeuta Dr. Victor Marcassa.
Entendendo a técnica
As palmilhas ficam posicionadas entre o pé e o calçado e tem como objetivo reduzir o pico de pressão e diminuir a força de reação do solo por toda a região plantar, aumentando a eficiência do controle postural durante a posição ereta, na caminhada, na corrida e na realização de uma atividade física ou ocupacional. De acordo com o fisioterapeuta, esse novo método visa prevenir e tratar os transtornos da postura e do equilíbrio em pé por intermédio de neuroreceptores podais. “É uma técnica que aborda o indivíduo como um todo e permite tratar a causa da afecção, obtendo resultados mais satisfatórios e mais rápidos, evitando as recidivas e até uma cirurgia”, ressalta o especialista.
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