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Vida em dobro, peso pela metade

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Imagine-se pesando apenas um pouco mais do que a metade de seu peso atual. Parece loucura, ou seria um desafio difícil de superar? Para a esteticista terapêutica Cideli Bonka, 41 anos, que reside em Campo Largo, ter esse peso era um sonho de vida.

Assim como cerca de 30% da população adulta brasileira, Cideli sofria com o mal da obesidade e todas as consequências que ela traz à saúde, à vida social, profissional e, principalmente, emocional. Mãe de duas meninas, em sua última gestação Cideli teve um sério problema de circulação nas pernas, que evoluiu para uma trombose. Foi preciso iniciar um tratamento com altas doses de medicamentos que lhe fizeram ganhar ainda mais peso.

Inconformada com sua condição, ela buscou ajuda: procurou seguir corretamente as dietas e tomar as medicações para emagrecer que lhe eram indicadas. Foram anos de tratamentos sem sucesso e uma carga ainda maior de angústia e medo do que o futuro lhe reservava. Em vez de emagrecer, gradativamente ela foi ganhando mais peso, até alcançar 122 quilos.

“No dia em que descobri que tinha chegado aos três dígitos na balança, saí do consultório chorando compulsivamente. Não conseguia enxergar ninguém na minha frente. Se não fosse meu marido estar ao meu lado e me apoiar, teria cometido uma loucura”, lembra Cideli.

“A maior preocupação dos profissionais da saúde é com o fato de que, qualquer que seja o grau de obesidade, haverá piora na qualidade de vida, pois o excesso de peso causa doenças como hipertensão arterial, diabetes tipo 2, apneia do sono, insuficiência cardíaca, artroses e obstruções das artérias, além de diversos problemas psicológicos”, comenta o Dr. Paulo Afonso Nunes Nassif, cirurgião do aparelho digestório e coordenador de uma equipe multidisciplinar de tratamento cirúrgico da obesidade.

Cideli percebeu tudo isso. Com o ganho de peso, os problemas circulatórios se agravaram e ela passou a sofrer com dores articulares, cansaço constante e o início de uma hipertensão arterial. Não bastassem os problemas com a saúde física, a obesidade também causou problemas de ordem emocional, falta de disposição no trabalho e isolamento social.

“Infelizmente, assim como Cideli, muitos obesos não obtêm sucesso nos tratamentos clínicos convencionais. Para esses casos, a indicação é a cirurgia bariátrica, pois ela promove uma acentuada e duradoura perda de peso, solucionando, ou ao menos diminuindo, os transtornos que a obesidade causa”, explica Paulo Nassif.

Para se submeter à cirurgia, o paciente deve realizar uma bateria de exames, além de ser avaliado e orientado por diversos profissionais, como endocrinologista, nutricionista, psicólogo, cardiologista, cirurgião do aparelho digestório, fisioterapeuta e pneumologista. Esses profissionais avaliarão a condição do paciente e darão orientações sobre a vida após a cirurgia, para que o candidato esteja consciente de que boa parte do sucesso do procedimento está em suas mãos.

“Para ter bons resultados, a cirurgia da obesidade precisa estar bem alicerçada na correta indicação, avaliação criteriosa de saúde e na orientação especializada. Também é essencial, é claro, um ambiente hospitalar capacitado e com todo o suporte. Mas o principal é a cooperação do paciente, que deve seguir todas as orientações”, enfatiza o cirurgião.

Saber que poderia ser operada na própria cidade e que poderia realizar quase toda a maratona de consultas e exames no Hospital e Maternidade Nossa Senhora do Rocio, em Campo Largo, animou Cideli a enfrentar o procedimento. “Estava determinada a ir onde quer que fosse para encontrar a minha cura, mas quanto mais perto, melhor”, brinca Cideli, que encarou todo o processo com bom humor. “Vi que ali estava a solução que tanto buscava para minha vida, saúde, ânimo e felicidade”, comenta.

“Sinto-me como se tivesse voltado aos meus 20 anos”

 

Quase 60 quilos a menos

Valeu a pena! Hoje, Cideli está pesando 63kg. Do manequim 56, voltou para o tão almejado 40 e está feliz por não sentir mais as dores, os medos, a canseira e a tristeza que a atormentavam.  Se a vida mudou muito? Em meio a boas risadas, ela responde: “mudou totalmente”.

Após oito anos de casamento, recentemente ela ouviu do marido que agora está ainda mais bonita do que quando ele a conheceu. E outra paixão voltou para sua vida: a vaidosa Cideli já consegue usar novamente seus lindos sapatos de salto alto, que tinham sido abandonados em função do peso.

Agora, ela trabalha a todo vapor, sem qualquer resquício de indisposição, e leva uma vida muito melhor, envaidecida pelos elogios de todos os lados e achando graça do ciúme que o marido passou a ter. A sensação é de ter se livrado não apenas de metade do peso, mas também de metade da idade. “Sinto-me como se tivesse voltado aos meus 20 anos.”

Feliz com a “vida em dobro” que ganhou, ela não descuida da saúde, alimentando-se equilibradamente e seguindo tudo que lhe foi orientado, para não correr o risco de voltar a engordar. Daquele corpo antigo, tudo que ela ainda guarda são as poucas fotos que deixou tirarem dela e algumas peças de roupa que servem como uma recordação dessa grande conquista.

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